
Chico Farias
Comunidade de São Benedito, em Olinda, sofre há dois anos com problema
MORADORES estão pegando água com vizinhos
Laiziane Soares
Dona Angela Paraíso, de 51 anos, é moradora do bairro de São Benedito, em Olinda. Há dois anos não chega água às torneiras da comunidade, que passa por um rigoroso racionamento. Cansada de ter que passar a madrugada acordada esperando a água chegar para encher os baldes e lavar roupa, dona Angela, entrou em contato com a Folha para denunciar o descaso por qual passa a comunidade onde mora.
De acordo com a Compesa, o calendário de São Benedito é de um dia com água e dois sem. Segundo, Dona Angela não é bem isso que acontece. “No dia que era pra ser de água, só temos algumas horas para encher os baldes. A água chega à tarde, às vezes às 22h e acaba antes das 6h do dia seguinte. Passo a noite fazendo os serviços dentro de casa e lavando roupa. A conta d’água chegou para eu pagar R$ 49,68. Não vou pagar por algo que não tenho. Já disse a Compesa que pode cortar e levar os canos se quiser”.
Angela não é a única a passar a noite em claro. Maria do Carmo, de 52 anos, mais conhecida como Dona Cacau, também troca a noite pelo dia à espera a água que teima em não chegar. “Não agüento mais ter que acumular a roupa de dois dias para lavar numa noite. A nossa sorte é a casa de Seu Ivo, ele deixa a gente usar a água do poço dele”. Dona Cacau se refere ao babalorixá Ivo de Xambá, do Terreiro de Santa Bárbara, que fica na rua Severina Paraíso da Silva. É lá que os moradores da comunidade vão buscar um pouco do líquido todos os dias.
Nos fundos da residência de Ivo existem dois banheiros que ficam à disposição daqueles que não têm como tomar banho. No quintal várias mulheres disputam a água do poço que abastece boa parte dos moradores do quarteirão. “Durante o dia é um vai e vem de gente com baldes. Às 5h já tem gente lá para tomar banho pra trabalhar”, conta Dona Cacau . Maria Rosilene, de 27 anos, tem dois filhos, um de 8 anos e outro de 3. “O meu caçula nunca tomou banho de chuveiro, ele sabe o que é mas nunca viu a água sair de lá”.
Semana passada, a bomba da caixa de Ivo queimou. Os moradores ficaram sem água da Compesa e sem água do poço do terreiro. “Foi um sufoco. A roupa de domingo foi lavada na sexta passada. Foram dois dias sem água. O pessoal da rua fez uma cotinha para comprar uma bomba nova e pagar a mão-de-obra”, lembrou Rosilene. Ela ainda deixou claro que tem que escolher em usar a água para lavar a roupa ou tomar banho. “Não dá para fazer os dois. Quando a gente não tem dinheiro para comprar água mineral, a gente ferve a água do poço e bebe”.
Por causa do uso elevado da eletricidade consumida pela bomba que puxa água do poço, a conta de luz de Ivo tem ficado entre R$ 250 e R$ 300. “Infelizmente eu não tenho mais condições de ajudar. Todo mês a família faz uma cotinha para pagar a conta. É muito triste ver o povo sem água, correndo para aproveitar o pouco que pinga das torneiras. Isso é um caso de saúde pública”.
COMPESA
Segundo o chefe do escritório da Compesa em Peixinhos, Isaías Fernandes, a companhia já foi comunicada sobre o caso do bairro de São Benedito e está empenhada em resolver o problema. “Diante da complexidade do sistema, fica difícil identificar o que está provocando a queda no abastecimento e dar soluções imediatas. Ainda de acordo com Fernandes, equipes técnicas da Compesa fizeram pesquisas na rede da área para identificar vazamentos não parentes, mas não teve sucesso.
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