Vassouras, baldes cheios com água e perfume, pétalas de crisântemos. Como acontece há 25 anos, a entrada da Igreja do Bonfim, situada no bairro do Carmo, em Olinda, foi lavada por centenas de fiéis das religiões de matriz africana. “O ritual reflete o sentido de purificação para a abertura de um novo ano, com o objetivo de pedir paz e saúde para todos”, explicou o pai-de-santo Raminho de Oxossi. Para a baiana Noenildes dos Santos, esse é o momento de pedir benção a Oxalá. “Desejo crescimento em todos os sentidos, com uma sociedade menos violenta”, pediu a fiel, que já participou de manifestações semelhantes nas ladeira do Bonfim, em Salvador, na Bahia.
O cheiro agradável, os batuques e a música foram atrativos a mais para diversas pessoas se juntarem ao grupo. Da janela de sua casa, Maria da Conceição, de 79 anos, acompanhava todos os detalhes com atenção. Viu o vôo das pombas, simbolizando a paz, sentiu o perfume espalhado no ar, escutou orações e músicas. Sorriu. “Que festa bonita! Essa é a melhor de todas as épocas. Brinquei vários carnavais na minha juventude. Hoje, fico só olhando”, afirmou a idosa, escorada na janela da residência, localizada na Rua do Bonfim, divindade acolhedora dos deuses orixás, por quem se apegam as pessoas carentes de um líder capaz de atender aos pedidos do povo.
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