segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Ritual: A Lavagem do Bonfim


Na terra da estudante Stacy Zeevat, de 28 anos, não tem carnaval. Tampouco existe umbanda ou candomblé. Mas a alemã vai levar de volta à cidade de Colônia muitas fotos da experiência que viveu ontem, ao final da tarde, no Sítio Histórico de Olinda.

Centenas de pessoas participaram ontem à tarde da cerimônia realizada em frente à Igreja do Bonfim, em Olinda. Foto: Jaqueline Maia/DP/D. A Press
Em todo segundo domingo de janeiro, acontece a Lavagem do Bonfim. Para Stacy, foi um ritual exótico do Brasil. Ela sequer sabia explicar para que serviam as pombas brancas, as flores e a água perfumada. Para muitos brasileiros, uma cerimônia que pede um ano de felicidades, reverenciando o Nosso Senhor do Bonfim ou Oxalá, segundo o sincretismo afrorreligioso.

A lavagem do bonfim ou águas de oxalá é realizada em Pernambuco desde 1973. Em Olinda, ontem à tarde, a cerimônia seguiu a tradição: iniciou-se na procissão do andor com a imagem de Jesus Cristo, pela Rua do Bonfim. Vestidos de branco e entoando canções do sincretismo afrorreligioso, católicos e adeptos da umbanda e do candomblé acompanharam o passeio. Em seguida, em frente à Igreja do Bonfim, pararam para a lavagem, o ponto alto do ritual. Baianas banharam a escadaria do lugar e as pessoas, com água de alfazema, pétalas e arruda. A procissão seguiu em direção à Roça Gêge Oxum-Apará Oxossi Ibualama, onde a tradição teve início em Olinda, no bairro de Jardim Brasil I.

Nosso Senhor do Bonfim é venerado na cidade portuguesa de Setúbal. O culto foi trazido para Salvador, na Bahia, em 1740, pelo capitão Teodósio Rodrigues, em cumprimento a uma promessa. Durante uma tempestade que desviou o seu navio, ele rogou a Senhor do Bonfim que o salvasse. Pela graça alcançada, encomendou uma imagem do santo em cedro, cópia do crucificado da Igreja de Setúbal. No Brasil, a cerimônia passou a ser realizada por escravos dos membros da irmandade, que promoviam a lavagem da capela, desde o altar mor até as escadarias.




http://www.diariodepernambuco.com.br/2009/01/12/urbana2_0.asp

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