sexta-feira, 19 de junho de 2009

Olinda: Demolição de prédio acaba segunda-feira

Ontem, a construção irregular Monte Sinai começou a ser destruída para evitar danos

Marcela Alves

A dor da perda de um investimento, de uma vida toda, poderia ser visto no silêncio e expressões de emoção dos poucos moradores do condomínio Monte Sinai, em Olinda, no momento em que a demolição da construção irregular iniciou. A ação, que deve ser concluída até a próxima segunda-feira, está prevista na liminar concedida pela juíza Lúcia Maranhão, que autoriza a demolição da obra, assim que o processo de retirada de todos os moradores e seus pertences sejam concluídos. Assim como no primeiro dia de trabalho, as atividades foram realizadas sem resistência dos moradores do condomínio, localizado no bairro de Jardim Atlântico, em Olinda.

No local estavam presentes representantes da Defesa Civil, o secretário de Transportes, Controle Urbano e Ambiental do município, João Luiz da Silva; e o secretário executivo de Controle Urbano, Eduardo Monteiro. De acordo com Monteiro, a demolição foi essencial à preservação da vida dos que residiam no local. “A retirada dos condôminos e a demolição foi feita sem resistência, porque as pessoas já estavam bastante conscientes. A recomendação de preservar a vida dessas pessoas veio da própria juíza Luciana Maranhão e do prefeito de Olinda, Renildo Calheiros”, afirmou o secretário executivo.

O processo de remoção dos habitantes começou na manhã da última quarta-feira. Ontem foram feitas as duas últimas mudanças das 24 famílias que residiam nos sete blocos do Condomínio Monte Sinai. Inicialmente foram retirados janelas, portas, grades e louças sanitárias. Após o corte de fornecimento de água e energia, foram retiradas as cobertas e efetuada a quebra das varandas do pavimento superior. A retirada das outras paredes do primeiro andar dos condomínios foi feita de forma manual, por dez homens. Os pavimentos térreos serão demolidos com a ajuda de três retroescavadeiras da Prefeitura de Olinda.

Após o fim da demolição, o proprietário do terreno será comunicado para tomar posse de sua propriedade. Segundo o secretário João Luiz da Silva, cabe ao proprietário provir a segurança do terreno. “Caso ele não assuma a responsabilidade sobre sua propriedade, seu terreno pode ser invadido novamente ou ser tomado pela prefeitura para evitar novos transtornos”, disse João Luiz. O secretário esclareceu, também, que o auxílio-moradia será concedido por 30 dias àqueles que estiverem enquadrados na lei que garante esse benefício exclusivamente à pessoas de baixa renda. De acordo com o procurador de Olinda, André Cândido, em junho deste ano uma decisão judicial esclareceu a posse do terreno.

“Vandoni Matos Barbosa, o verdadeiro propritário do terreno, chegou a entrar na justiça para ter a posse do terreno reintegrada”, afirmou o procurador”. As 24 famílias já passaram por um cadastro e, agora, iremos iniciar o estudo socioeconômico para identificar quem terá acesso ao auxílio-moradia”, afirmou o secretário. O analista de sistemas Wellington Bezerra de Andrade, 28, ainda lembra o dia em que se mudou para a nova casa: 13 de janeiro de 2003. Um dos primeiros moradores a ocupar os apartamentos do condomínio, Wellington assistia inconformado a demolição de sua casa. “É uma mistura de revolta e tristeza, a gente perder tudo da noite para o dia. Ainda me lembro o dia que cheguei aqui e, hoje, não tenho onde ficar com minha família”, desabafou.



Folha de Pernambuco

Nenhum comentário: