sexta-feira, 31 de julho de 2009
Perigrinando por Olinda
Por Allan Sales - O Menestrel do Cariri
Em 2004 resolvi voltar a andar pelo sítio histórico de Olinda no intuito de conviver com os poetas e músicos da cidade, alguns dos quais eu havia conhecido em eventos culturais no Recife. Inicialmente descobri o Centro Luiz Freire, lugar onde tem na última quarta-feira de cada mês as Quartas Literárias, projeto criado pela poetisa e atriz Silvana Menezes, um recital poético coletivo com atrações musicais, nos quais os poetas e declamadores ocupam um palco aberto a todos os presentes.
Muitas tribos poéticas presentes com ostensiva presença dos auto denominados poetas alternativos, ambiente animado e regado por bebidas comercializadas por alguns ambulantes lá instalados, e algumas vezes fornecidas pela organização do evento. Bom para conhecer pessoas, trocar idéias e testar a reação do público diante de nossa criação literária, já que o público presente é receptivo e bastante interativo conosco.
Este evento tem que findar às 22h por causa de um determinação da prefeitura implantada a pedido da SODECA(uma associação de moradores do sítio histórico) que se preocupa com o descanso da pessoas que lá moram e precisam dormir e descansar para pegar no batente, coisa que muita gente que costuma flanar pelo local não põe como prioridade.
Andei bastante em locais onde cabia meu recital e meu show musical, pessoas muito gentis e solícitas, da parte dos donos dos espaços até muita boa vontade em nos receber, porém, esbarrando na mesma desculpa de sempre: falta de recursos para um contrato assim como falta de apoio do poder municipal. Tentei fazer meu trabalho em galerias, mercados, bares e até uma simpática livraria, ficando apenas à mercê das vendas dos meus folhetos de cordel, única coisa que rolou de concreto, coisa que fiz muito declamando pras pessoas em diversos locais da cidade.
O resultado desta forma de trabalho não deu pra justificar ficar até tarde no local, tendo que me deslocar em transporte coletivo sujeito à violência urbana, ou então ter que madrugar em Olinda, coisa cansativa que não compensava o esforço com tão pequeno retorno.
Outra coisa que visitei bastante foram os recitais das tribos poéticas alternativas, bastante interessantes e inusitados estes eventos, mas com uma feição de cultura de gueto de contestação aos costumes estabelecidos e de crítica social, porém ficando restrito ao nível lúdico de congraçamento de um grupo social, com muitos excessos etílicos e outros aditivos, a poesia fazendo parte de um pacote de êxtase e catarse coletiva, uma sublimação dos desejos daqueles que não possuíam outros canais onde pudessem dar vazão à sua inquieta e contestadora produção cultural.
Foi bastante divertido, emocionante na medida certa, muitas vezes excitante e até orgástico, mas, além da esbórnia seria necessário trabalhar meus cordéis e meu show musical, coisa que não consegui.Fiz amigos, arranjei uma fogosa, doida e deliciosa namorada entre esses alternativos, mas a atmosfera neo hippie dominante não me seduziu ao ponto de permanecer tomando parte dos eventos desta divertida trupe de pândegos e pândegas amantes das artes poéticas e performáticas.
Resolvi voltar a tentar abrir meus espaços no Recife, que possui tanto amadorismo quanto Olinda, mas tem como contraponto muita gente empreendedora que acredita em nosso trabalho, apesar do Recife não ter título de patrimônio cultural da Humanidade, é aqui a maior parte da coisas acontecem. Olinda é um tesão de cidade, mas pra quem tem a vida ganha ou pra quem tem quem pague ela pra gente, o que por enquanto não é o meu caso.
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