Quem mora nos bairros próximos ao Complexo de Salgadinho arrisca a vida ao tentar atravessar a avenida PE, que liga Recife a Olinda. O problema é que os moradores da região ficaram sem uma alternativa segurança para atravessar a rodovia, por onde passam 40 mil veículos todos os dias, desde que a única passarela de ferro que havia no local foi tirada pelo Departamento de Estradas e Rodagem (DER) de Pernambuco, em julho de 2008.
De acordo com o DER, a retirada se deu porque a passarela estava totalmente deteriorada e havia o risco dela desabar sobre os carros. Mas enquanto nenhuma sinalização para reduzir a velocidade dos carros e das motos é posta no local, os pedestres se arriscam.
A equipe de reportagem acompanhou a dificuldade da enfermeira Maria Virgínia Pereira para fazer a travessia.”O tráfego aqui é rápido e nós não temos opção. Então, a gente tem que esperar que dê uma aliviada e arriscar a vida. Eu perdi um irmão aqui com o problema do acidente. Ele foi atropelado”, conta.
Em outro trecho da avenida, as câmeras flagraram uma situação ainda mais perigosa: duas adolescentes no meio da pista movimentada, enquanto outras três mulheres tentam fazer a travessia. Uma delas estava com um bebê recém-nascido no colo e atravessou correndo até o canteiro central, ponto bem estreito entre as duas pistas, onde a mesma esperava outra oportunidade para passar sempre correndo. “Não tem como evitar não, tem que passar mesmo. Às 7h da manhã aqui é ruim mesmo de passar com as crianças, para levar à escola”, diz a dona de casa Irla Pereira da Silva.
A situação que se repete a todo instante com crianças, estudantes e trabalhadores do bairro. Para fazer a travessia de pouco mais de 50 metros, a equipe levou sete minutos e 14 segundos. Tempo que costuma ser ainda maior, segundo a empregada doméstica Severina Estevão. “Já passei mais de meia hora. Devia ter aqui uma segurança, uma passarela, podia ser de cimento mesmo, uma lombada”, opina.
A idéia vem de uma pessoa que quase morreu atropelada durante uma das tentativas de atravessar a pista. “O carro ia pegando eu e minha amiga que trabalha junto comigo. Se não fosse o milagre de Deus, a gente tinha ficado aqui esbagaçada, não tinha nem chegado em casa para ver os filhos da gente”, conta Severina Estevão.
O medo dos moradores é ainda maior, no trecho perto do Memorial Arcoverde, por causa do risco de assaltos. De acordo com eles, a falta de iluminação permite os bandidos se esconderem na área. “Tem uma favela aqui próximo e não tem nenhum policiamento. Inclusive, os ônibus cortam esta parada aqui”, diz o vigilante Moisés Sena.
De acordo com a Polícia Militar, existem dois carros fazendo rondas 24 horas, por dia, no local. O tenente-coronel Flávio Vieira disse ainda que a área é a de maior índice de prisões feitas pelo 1º Batalhão.
Já o Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv) informou que o policiamento será reforçado, apesar de não ter estipulado um prazo.
O gerente de Manutenção do DER, Carlos Eduardo Bastos, disse que um estudo para a implantação de uma lombada eletrônica na via está em fase de conclusão e que o aparelho deve ser instalado até o fim do ano. “Temos que reduzir a velocidade dos veículos, para proporcionar aos pedestres essa travessia com segurança”, afirmou.
De acordo com ele, o local exato desta lombada será determinado pelas normas técnicas que regem a instalação das lombadas para evitar acidentes. “Com a instalação dessas lombadas, será acompanhado o fluxo de travessia de pedestres, para ver a real necessidade da instalação de uma passarela no local”, explicou o gerente.
Sobre o problema da falta de iluminação da via, que também foi apontado pelos moradores como um dos motivos para os assaltos, também será resolvida pelo DER. “A Secretaria de Turismo, através da Empetur, está reformando toda a iluminação do Parque Memorial Arcoverde e o DER vai procurar a Prefeitura de Olinda, para recompor esta iluminação da via”, concluiu Carlos Eduardo Bastos.
da Redação do pe360graus.com
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