segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Um balanço do Olinda Arte em Toda Parte


Exposição do acervo da Oficina Guaianases, montada em parceria com a UFPE, foi sucesso de público Foto: Tiago Lubambo/Pick Imagem

Olinda arte em toda parte: Artistas festejam vendas mesmo com público menor

Luciana veras
Da equipe do Diario

Ruas tranqüilas, carros circulando e dividindo o espaço com pedestres na maior cordialidade, o batuque do maracatu em alguma ladeira, um poeta popular declamando seus versos no coreto do Parque do Carmo, um grupo jogando capoeira perto do Largo do Amparo e gente percorrendo casas e ateliês no Sítio Histórico: era de tranqüilidade o panorama do último final de semana do Olinda Arte em Toda Parte, parceria da Prefeitura de Olinda com o Instituto Mobiliza em vigor desde 2001. Aliás, uma calma que surpreendeu alguns dos artistas. "A freqüência foi menor, bem menor que no ano passado", disse Marisa Reis, do Arte na Barbearia. "Mas por outro lado foi mais seleta. Vendemos bem mais", emendou.

Essa contradição era sentida em outros ateliês. De um lado, artistas comemorando um número de vendas maior que em outras edições; do outro, inscritos nesta 7ª edição do projeto que lamentaram um decréscimo na visitação. "A freqüência em meu ateliê foi muito pouca e no domingo passado ainda tive que fechar por causa de um bloco de carnaval que saiu", situou o pintor Roberto Lúcio. De fato, andar pela Cidade Alta foi mais fácil.

Até ontem, os coordenadores Carol Ferreira e Luiz Barbosa ainda não haviam recebido da Polícia Militar o total do público que esteve em Olinda nos dez dias do evento. "No ano passado, na 6ª edição, tivemos de 30 mil a 35 mil pessoas. Esse ano vai ser menos, temos certeza, porém o retorno que estamos tendo dos artistas tem sido ótimo", comentou a dupla. Eles comemoraram, por exemplo, o sucesso das exposições das gravuras de Aloísio Magalhães, no salão do Mercado da Ribeira, e da Oficina Guaianases, montada em parceria com a UFPE, detentora do acervo da oficina. "Na mostra da Guaianases, por exemplo, estão artistas que não se inscreveram no projeto mas que, dessa forma, terminam contemplados, como Samico e João Câmara", ressaltou Carol. Cerca de 1,5 mil pessoas visitaram a exposição para ver as gravuras prensadas entre os anos 70 e 80.

Se existem artistas que não se satisfazem com o formato do Olinda Arte em Toda Parte (nem todo mundo gosta de abrir sua casa/ ateliê para 50 ou 100 pessoas por dia), há aqueles que migram para Olinda para participar. Caso da ceramista recifense Angela Poluzzi, em sua quinta temporada olindense. "Acho importante vir, faço questão, preparo peças novas e sinto que é bom reunir obras tão diversas", ponderou.

Eufrásio - Este ano, a coordenação apostou numa programação que alimentasse também as noites da semana. "O Mercado das Artes, no Eufrásio Barbosa, foi nossa primeira experiência em dar espaço para outras formas de manifestação artística que fogem do formato do projeto, como performances e pocket shows", situou Carol Ferreira. "Nosso foco são as artes visuais, mas apresentações como as de China, Zé Cafofinho ou o sapateado de Marco Bonachela foram prestigiadas e aplaudidas", completou Luiz Barbosa.

Enquanto os organizadores festejavam as parcerias com a Empetur e com o Sebrae, que resultaram em pesquisadores entrevistando os artistas e os visitantes para compilar dados de impacto turístico e econômico do Olinda Arte em Toda Parte, o público andava feliz, parando para ver um pintor no meio da rua, para espiar dentro dos ateliês e ainda para tomar uma cerveja na Bodega do Véio ou comer uma tapioca. Mas alguns artistas não escondiam que talvez seja hora de mudar. "Penso que o projeto está perdendo um pouco o sentido e a representatividade. Já se passaram sete anos, é hora de repensar", sugeriu Roberto Lúcio.

http://www.pernambuco.com/diario/2007/12/03/viver12_0.asp

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