quinta-feira, 26 de junho de 2008
Guardaloop injeta oxigênio na cena pop olindense
André Dib
Especial para o Diario
De tempos em tempos, a cena musical olindense dá prova de vitalidade. Um termômetro de momentos como esse é a presença de artistas de grupos diferentes em torno de algum novo projeto. Tanto que uma linha cronológica pode ser traçada unindo as bandas Eddie, Bonsucesso Samba Clube, A Roda, Diz Maia, Academia da Berlinda, e Orquestra Contemporânea de Olinda. Todas elas contam com participantes ou colaboradores em comum.
A bola da vez dessa turma que transpira o sobe-desce das ladeiras se chama Guardaloop. Idealizado pelo baterista Hugo Carranca, o projeto une batidas eletrônicas a ritmos como o dub, afrobeat, samba e carimbó. A banda acaba de estrear no mercado fonográfico, com CD de 10 faixas bem temperadas. Ou melhor, SMD, sigla para Semi Metalic Disc, tecnologia 100% brasileira, desenvolvida para reduzir custos (o preço final cai para simpáticos R$ 5) sem prejudicar a qualidade sonora.
O disquinho é um retrato abrangente dos que fazem a atual cultura pop de Olinda: Carrancajá esteve no Bonsucesso Samba Clube; Hugo Gila (baixo) e Gabriel Melo (guitarra) tocam na Academia da Berlinda; e DJ Rossilove, um dos embaixadores das festas nos quintais da Cidade Alta; as participações especiais são de Erasto Vasconcelos, Maciel Salú, Alexandre Urêa (Eddie), Da Lua (Nação Zumbi), Joe (Zé Cafofinho e Suas Correntes) e Vlad (Eletrosoul). Para arrematar, a singela ilustração da capa é uma serigrafia de Paulinho do Amparo, artista bastante requisitado pelas bandas de Olinda - e fora dela também.
O álbum foi gravado em sessões ao vivo no Fábrica Estúdios, com overdubs no Estúdio Batuka, e mixado por Berna Vieira e Buguinha Dub, este último responsável pela masterização. Hoje, além de Carranca, o Guardaloop é formado por Igor San (baixo), Zion (voz/ delay), Iberê (teclados) e Vitor Magall (guitarras).
A tradição católica na cidade é grande, mas Guardaloop não faz exatamente uma homenagem à Virgem Maria. Apesar de trazer ironicamente a imagem da santa na capa, o nome da banda está mais para um trocadilho que remete ao bairro olindense de Guadalupe e, principalmente, à função de um computador lotado de samplers: guardar loops.
O resultado do processo experimentalista e psicodélico de Carranca e companhia soa interessante, apesar de um tanto instável. Os pontos altos, entre eles as faixas Cavaleiro solitário, Não tem problema, Amaro white e O Dub, fazem a viagem valer a pena. Em caso de dúvida, basta comparecer aos próximos shows do grupo, que abre para B Negão Soundsystem no Clube Vassourinhas (Olinda - 17 de julho) e acompanha Eta Carinae no Bar Cortiço (Casa Forte - 18 e 25 de julho).
Serviço
Guardaloop (independente)
Preço: R$ 5
http://www.pernambuco.com/diario/2008/06/26/viver13_0.asp
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