terça-feira, 19 de fevereiro de 2008
Maestro Mario Câncio: Eterno amigo
Há uma semana que nosso saudoso Mario Câncio (Maestro) nos deixou, vou deixar meu coração falar por mim e prestar uma singela homenagem a este que tanto foi homenageado em vida.
Falar de Mario Câncio é fácil para aqueles que o conhecia apenas como um estudioso da música, com uma cultura vasta e que falava fluentemente francês e compartilhava tal idioma, ensinando às crianças e jovens da comunidade ao redor do CEMO, simplesmente pelo prazer em ajudar o próximo. Muitos poderiam achar desnecessária tal atitude, e questionavam que uma criança de uma comunidade carente não necessitava aprender um outro idioma, mas o Maestro com sua sabedoria via mais adiante, enxergava as possibilidades que tal aprendizado poderia ser útil a vida dessas crianças e jovens. Mas, falar do Maestro Amigo, Humano, Irmão, isso sim é complicado.
Conheci Mario Câncio (Maestro) no conservatório de música de Olinda, onde ele foi meu professor. Logo descobri que a sua genitora era de uma vila chamada até hoje Genipapo e que ele não teve tempo de conhecer, devido à vida agitada, com muitos afazeres e obrigações. Mas tomei conhecimento do seu desejo de conhecer tal vila, pois amava muito a sua mãe e sentia por não ter levado-a para visitar sua terra natal.
Nessa época, estava ocorrendo uma grande seca, onde a população mais carente do interior sofria com a fome e sede e resolvemos dar uma ajuda a esse povo. Compramos arroz, feijão, peixe salgado, fubá, açúcar e empacotamos tudo e fomos distribuir com aqueles mais sofridos que moram nos sítios e na região onde morou sua mãe.
Em uma dessas viagens, lembro-me de um fato que me chamou.
Muito a atenção:
Deparamo-nos com uma mulher ainda muito jovem completamente desequilibrada emocionalmente que andava pelas ruas numa época de muito frio. Estava chuviscando um pouco e a mesma estava molhada e largada na rua. Então foi aí que mais uma vez o Maestro me surpreendeu com sua generosidade e pediu que eu parasse o veículo, pois queria falar com a moça. Parei e ele foi até a jovem e tentou conversar, mas ela, além de não falara nada, também não aceitou alimento, muito menos dinheiro que o Maestro a ofereceu. Dessa forma, ele tirou o blusão que estava vestindo e colocou sobre os ombros da jovem moça, deu-lhes um beijo na testa e voltou ao carro chorando e lamentando aquela situação.
É preciso ter um espírito muito evoluído para ter coragem de tamanha atitude, pois a moça cheirava mal, que até urubu teria nojo. Este é o Maestro que eu gostaria de falar, um homem simples, humilde e com um coração cheio de amor para distribuir com seu próximo. Era como um Irmão e Pai para os carentes e oprimidos.
Tarcisio de Araújo
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