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domingo, 26 de julho de 2009

Gente de Olinda: Morre Zequinha primeiro atleta do Santa Cruz campeão do mundo



TINHA UMA CASA LOTÉRICA NO VARADOURO E FEZ MUITOS AMIGOS EM OLINDA

Morre o pernambucano Zequinha, que jogou na Seleção Brasileira de 1962

Zequinha também atuou no Santa Cruz e no Náutico; o sepultamento está marcado para a segunda-feira

Da Redação do pe360graus.com

Faleceu na noite deste sábado (25), no Recife, o ex-jogador José Ferreira Franco, mais conhecido como Zequinha. Após um mal-estar, ele foi levado ao Hospital Unimed II, onde faleceu por falência múltipla dos órgãos. O velório será às 11h deste domingo (26), em um espaço particular em frente ao cemitério de Santo Amaro e o sepultamento, às 11h da segunda-feira (27).

Zequinha nasceu no Recife em 1934 e começou no futebol em 1954, no Auto Esporte, da Paraíba. Ele atuava como volante e fez parte da Seleção Brasileira de 1962, que ganhou a Copa do Mundo do Chile. O jogador atuou em diversos times brasileiros, como Santa Cruz (1955-1957), Palmeiras (1958-1965 e 1965-1968) e Náutico (1970), onde encerrou a carreira.

http://tinyurl.com/mkf8bp

Zequinha foi o
primeiro tricolor
campeão do mundo


O primeiro jogador revelado nas divisões de base do Santa Cruz a se tornar campeão mundial, pela Seleção Brasileira, na Copa-62, no Chile. Dessa forma, Zequinha integra um seleto grupo de lendas (vivas) do Terror do Nordeste. Além dele, apenas os tricolores Ricardo Rocha, em 94, e Rivaldo, em 2002, defenderam uma Seleção campeã do mundo. Zequinha não chegou a entrar em campo, Zito era o titular, mas é um dos orgulhos da torcida Tricolor, não apenas por participar do grupo bicampeão mundial. O volante, que revolucionou a posição, pois, além de marcar, era técnico, hábil e chegava a frente com freqüência, também fez parte do primeiro Supercampeonato, em 57, uma das conquistas mais importantes do Mais Querido.

José Ferreira Franco, o Zequinha, crescia no bairro de Santo Amaro, onde batia suas "peladas" e defendia o combinado da vila. Na adolescência, jogava entre boleiros veteranos, entre eles Valdomiro Silva, então treinador das divisões de base do Santa. Daí, em 54, Valdô, como era chamado pelos tricolores, ao ver o garoto se destacando, levou-o para o Arruda. Mais tarde, Oto Vieira, técnico do time principal Tricolor, pediu a Valdô que indicasse um jogador da equipe de aspirantes para treinar entre os profissionais. O escolhido foi Zequinha, que entrou no segundo tempo, no time reserva, e arrebentou, chamando a atenção da torcida. Os suplentes perdiam por 2x1, mas o jovem promissor empatou, num lance que viria a ser sua principal marca, o chute de fora da área. "Quando me chamaram para treinar fiquei meio receoso, mas depois entrei e fiz o gol em Miro. Acabei me soltando. No final, só ouvia os comentários dos torcedores, que foram para ver Barbosa e acabaram tendo uma grata surpresa com a minha atuação", disse Zequinha, certa vez, ao Jornal do Commercio. Antes mesmo de assinar o primeiro contrato, o volante, considerado a frente de seu tempo, já havia defendido a Seleção Pernambucana de aspirantes algumas vezes. A condição de ídolo não demoraria a chegar.

Se existe um título que lavou a alma e explodiu de alegria os tricolores, esse foi o Super de 57. A torcida, na espera por um título há quase dez anos, virou manchete nos jornais da época pela bravura e fidelidade ao time. A cerveja, de tanta festa, acabou. A equipe, que explodiu a "poeira" de felicidade, era altamente técnica e possuía na linha média o seu ponto forte. Aldemar, Zequinha e Edinho vinham atuando juntos desde o campeonato de 56, sob a tutela do técnico Palmeira. No ano seguinte, Alfredo Gonzalez, de destacada importância na conquista, assumiu o comando, trazendo, na esteira de sua chegada, craques como Lanzoninho, do São Paulo, Rudimar, que viria a se tornar o artilhero do estadual -24 gols -, Marinho, antigo ídolo, Aníbal, goleiro negociado junto ao Palmeiras após o campeonato, entre outros. Não só o Santa, mas também os outros grandes investiram pesado, levando o cronista Fausto Neto, do Diario de Pernambuco, a dizer que "a corrida louca e desenfreada dos clubes desnorteou financeira e tecnicamente o futebol local.". A novidade era a fórmula de disputa: no lugar de dois turnos, três turnos estariam em jogo agora. O Santa levou o primeiro, o Náutico, o segundo, e o Sport, o terceiro.

Um detalhe interessante é que, mesmo antes da decisão do Supercampeonato, Zequinha já havia sido sondado pela CBD - antiga CBF. Comentava-se sobre uma possível convocação do volante para os treinos da seleção nacional, visando a Copa-58, na Suécia. Embora se sentisse honrado, Zequinha envaidecia o torcedor coral, ao anunciar, no Diario de Pernambuco: "francamente, só quero pensar nisso depois de terminar o atual campeonato pernambucano. Primeiro, preciso me preocupar com o título. Por ele, darei o máximo de minhas forças. Serei mesmo capaz de me sacrificar em campo. Só quando estiver ostentando a faixa de campeão é que voltarei minhas atividades para outro setor."

Além dos fortes adversários, o Santa Cruz teve de driblar um surto de gripe "asiática". Zequinha, mais outros atletas, foram atingidos pela doença, o que ocasionou na queda de rendimento do time. É nesse momento que a equipe médica, dirigida por Braulio Pimentel, "entra em campo". Dispondo de uma aparelhagem moderna, Braulio inicia um processo de recuperação arrojado, deixando os jogadores afiados para a reta final do estadual.

Então, o aguardado triangular começa. O Tricolor não participou do primeiro jogo, mas, pode-se dizer, que "conquistou" um bom resultado, afinal, Náutico e Sport ficaram no 1x1. Cinco dias mais tarde, o Santa estrearia no supercampeonato com convincentes 3x1 nos alvirrubros, sendo três gols de Lanzoninho, eleito pela crônica o craque do ano, que, ainda nesse jogo, teve de ir para o gol, após a expulsão de Aníbal. Foi-se, portanto, num domingo, 16 de março de 58, a final de um dos campeonatos de melhor nível técnico até então. As torcidas de Sport e Santa quebraram todos os recordes de bilheteria - por sinal, a do Mais Querido foi a campeã, proporcionando arrecadação superior a cinco milhões de cruzeiros ao longo do certame. A linha média - Aldemar, Zequinha e Edinho - teve fundamental importância na partida. Zequinha foi o responsável por anular Carlos Alberto, homem de ligação do Sport, sem deixar de alimentar o ataque. A "vitória" na disputa pelo meio-campo resultou num Santa Cruz avassalador, impondo 2x0 na primeira etapa - gols de Rudimar e Aldemar. Logo no início do segundo tempo, Zequinha sofre falta, que ele mesmo cobra na medida para Mituca estabelecer 3x0. Depois disso, quando se esperava o início do carnaval tricolor, o Sport marcou duas vezes, mantedo a massa coral apreensiva. Com o apito final, e a vitória do Santinha, por 3x2, o Diario de Pernambuco publicou que era "impossível descrever a vibração que se apossou dos torcedores do tricolor do Arruda, após a vitória memorável na peleja final do supercampeonato".

Na campanha, Zequinha não fez gol nas suas 19 partidas, do total de 21 do Santa no campeonato, o que não impediu o assédio de clubes do sudeste. O Fluminense tentou, mas não chegou a um acordo financeiro. Veio o Palmeiras, através do técnico Oswaldo Brandão. "Você já está pronto para viajar", teria perguntado Brandão a Zequinha, depois de um treino no Arruda. Iniciava-se a formação da primeira "Academia", do Palmeiras, que incluía nomes como o de Djalma Santos, Julinho Botelho, Chinezinho e, mais tarde, Ademir da Guia. Zequinha permaneceu durante dez anos no Palmeiras, tornado-se o 15° jogador em número de atuações pelo clube. Lá, ele e o alvi-verde palestrino fizeram frente ao Santos de Pelé, e o volante, cria de Valdomiro Silva e do Santa Cruz, foi premiado com a convocação para a Copa-62, no Chile. Além de ídolo do torcedor Cobra Coral, Zequinha, o garoto das "peladas" de Santo Amaro, tornou-se orgulho do futebol pernambucano.

"As qualidades técnicas do Zequinha, que é o titular, são superiores às minhas."

Ademir da Guia, o Divino, símbolo da "Academia" Palmeirense, quando iniciava a carreira e "esquentava" o banco.

Agradecimentos especiais ao jornalista José Neves Cabral, do blog Arquibancada ( http://www.arquibancada.blog.br/ ), e ao pesquisador Carlos Celso Cordeiro.


http://idolosdosanta.blogspot.com/2008/01/o-campeo-mundial-parte-2.html


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quarta-feira, 22 de julho de 2009

Site do PC do B de Olinda enaltece trabalho da responsável pela manutenção da cidade


Deu no site do PC do B de Olinda:

Hilda: uma comunista, com certeza.

Terça-feira, 21 de Julho de 2009 by PCdoB Olinda ·

Muitos a chamam de guerreira, outros, de incansável, mas Hilda prefere simplesmente o título de amiga. Não é por menos, tanto os funcionários da Secretaria na qual atua, como os militantes que convivem ao seu lado, refletem um carinho especial por essa mulher que não abre mão dos ideais socialistas tão caro ao Partido Comunista do Brasil.

Hilda Wanderley Gomes é engenheira civil formada na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), onde militou no movimento estudantil ao lado da ex-prefeita Luciana Santos e do atual, Renildo Calheiros. “Foi um período pós-ditadura, de reconstrução das bandeiras estudantis, através dos diretórios, centros acadêmicos e da própria União Nacional dos Estudantes (UNE). Foi nesse período de redemocratização que fomos forjados”, define Hilda.

Desde abril de 2002, Hilda é a secretária de Obras e Serviços Públicos do município de Olinda. Mas já atuou como coordenadora de Projetos Especiais, secretária adjunta de Obras e de Meio Ambiente, Saneamento e Habitação. No Cabo de Santo Agostinho foi diretora de Obras Comunitárias. Em Olinda, sua missão é gerir e administrar a infra-estrutura de uma cidade mal planejada e com problemas estruturais gigantescos. “Quando chegamos, Olinda estava um caos, totalmente abandonada. Tiramos no primeiro mês 18 toneladas de lixo acumulado das ruas. Hoje, os serviços estão em ordem, a Defesa Civil está equipada e monitorando as chuvas. Perdemos apenas uma vida em mais de 8 anos de gestão do PCdoB”, contextualiza Hilda.

Sua dedicação impressiona e serve de exemplo a todos. Não é difícil vê-la, nesse tempo de chuva, entrando nos morros e alagados ao lado dos operários, coordenando o trabalho de limpeza de canais ou galerias, num bairro da cidade. “Se o presidente Lula diz que Dilma é a mãe do PAC no Brasil, então essa secretária é a mãe do PAC em Olinda”, brinca um funcionário da Prefeitura, em alusão à grande responsabilidade de Hilda em tocar os projetos estruturadores, que vêm sendo conquistados pelo prefeito Renildo, com o apoio dos governos federal e estadual. Só para se ter uma ideia, no mês de junho, foi anunciada a liberação de recursos na ordem de R$ 20 milhões para reurbanização e revitalização de mais de 6 quilômetros da orla de Olinda.

Responsável direta pela exitosa gestão da ex-prefeita Luciana Santos, Hilda está em constante alerta em sua militância cuja maior responsabilidade são suas atribuições na Prefeitura de Olinda. “Pra mim estar como secretaria é uma tarefa partidária, uso esse espaço para aprender muito, como também repassar valor de solidariedade e respeito ao próximo”, enfatiza. Para ela, o 12ª Congresso Nacional do PCdoB será o ambiente adequado para fortalecer a esquerda no Brasil, através de um intenso debate sobre o crescimento do Partido, as eleições de 2010 e, principalmente, a crise mundial. Segundo Hilda, a crise é do capital financeiro internacional, porém seus reflexos atingem aos mais pobres. “Olinda não é uma ilha, todos os municípios tiveram queda na arrecadação e como consequência no Fundo de Participação dos Municípios (FPM), entretanto a diferença do governo atual para os anteriores é de este cria mecanismos de compensação”, pondera.


http://pcdob-olinda.blogspot.com/2009/07/hilda-uma-comunista-com-certeza.html


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segunda-feira, 15 de junho de 2009

Gente de Olinda: Warner Siqueira, o Matuto, "O Amigo no Rádio"


Oi pessoal, nosso amigo Matuto, é agora Warner Siqueira(foto), o amigo no radio. através da Princesa Serrana AM 1000. todas as manhas das 9:00 as 12:00 de seg a sexta. Um programa ecletico, com reporteres correspondentes das mais diversas regiões do estado e direto de Brasilia. Assuntos atuais, debatidos diariamente em linguagem simples, gente da politica como o ex-governador Mendonça Filho, deputados Augusto Coutinho e Adelmo Duarte estiveram ao vivo nos estudios falando sobre musica, enquanto que gente como Petrucio Amorim, Santana o cantador e Ed Carlos falaram até sobre politica social. Tambem é possivel ouvir o amigo no radio, ao vivo no mesmo horario citado através do Blog www.amigonoradio.blogspot.com no blog, é possivel se atualizar sobre as ultimas noticias do Brasil e do mundo, participar de enquetes com temas bem atuais e polêmicos, bem como interagir em debates através do mural de recados, acesse para conferir e deixe sua sugestão.

obrigado.

Sandra, Dandara.

Equipe de Produção

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Olinda: Motorista produz mudas e sonha em plantar 100 mil árvores em Pernambuco


Gilberto dos Santos Vasconcelos, um personagem real que arregaçou as mangas em defesa do reflorestamento. Foto: Alexandre Gondim/DP/D A Press

Ele tem "um dedo verde"

Aline Moura
alinemoura.pe@diariosassociados.com.br

Tistu vivia numa cidade chamada Mirapólvora e tinha um dom secreto, uma dádiva de Deus. Gilberto, que nunca tinha ouvido falar em Tistu, mora em Olinda, possui um dom semelhante e não precisa escondê-lo. Tistu era um menino loirinho, de olhos azuis e transformava os lugares por onde passava. Adulto, de pele morena, cabelos e olhos escuros, Gilberto também tem esse poder transformador. Tistu teria gostado dele à primeira vista, se não tivesse desaparecido. "O menino do dedo verde", como era conhecido, fazia brotar flores em qualquer lugar: presídios, hospitais, canhões. Bastava esfregar o polegar nesses espaços inóspitos e lá estava o encanto: tudo ficava coberto de flores. Gilberto não tem esse dedinho mágico, mas por onde passa, deixa uma árvore, ou várias delas. E acredite se quiser: ele quer plantar 100 mil mudas em Pernambuco, quase um sonho de criança. Gilberto dos Santos Vasconcelos tem 42 anos. Nasceu no mesmo ano de Tistu, personagem do livro infanto-juvenil escrito em 1957 por Maurice Druon. Ele é "o menino do dedo verde" real.

Gilberto é casado, pai de duas filhas, motorista de transporte alternativo em Olinda. Nunca teve pai rico, como o incrível Tistu, mas faz o que pode para deixar Olinda, o Recife e cidades vizinhas mais verdes, mais bonitas e arejadas. Enquanto Tistu fica no imaginário, Gilberto vai fazendo a parte dele. Roda com sua Kombi nos dias de folga, recolhe garrafas pets jogadas nas ruas e dá um destino bem diferente a elas. O motorista corta o recipiente de plástico e planta mudas em cada um deles. Todos são guardados no quintal de sua casa. Tanto que foi necessário criar o projeto "Adote uma árvore". "Tudo começou há uns três anos. Eu parava em lugares que passava e colhia sementes para fazer o plantio. Depois, comecei a plantar mudas de Barriguda, uma árvore que cresce muito rápido. Foi assim que tudo começou. Já cheguei a ter 200 mudas em casa", frisou Gilberto, que nasceu em São José da Laje, Alagoas.

Gesto - O sonho de participarda plantação de 100 mil árvores passou a ser possível, segundo Gilberto, depois que ele entrou como voluntário no movimento "Ame a mãe Terra", criado há seis anos e idealizado por Maria Goretti de Sá. Esse movimento mantém um espaço de oito hectares no Cabo de Santo Agostinho e se transformou em área de preservação ambiental desde 1980. O local se chama Centro de Vivência Ecológica e fica próximo ao Shopping Costa Dourada. "Ame a mãe terra" promove palestras e mutirões de reflorestamento. Só na última quarta-feira, o movimento plantou 160 mudas, com ajuda do Colégio Coração de Maria, que fica no município. Gilberto também participou desse gesto.

"O movimento 'Ame a mãe terra' ganhou 81 mil mudas, sendo 70 mil da reserva do Paiva, e muitas já estão sendo levadas para a reserva. O que falta agora é apoio financeiro para que as plantas possam ser transportadas, adotadas por pessoas ou empresas, e receber cuidados por um ano, pelo menos", afirmou Gilberto. "Quando comecei a recolher garrafa pet a levar as mudaspara casa, minha família dizia que era loucura, que eu nunca conseguiria realizar meu sonho. Agora, vejo que isso está muito perto de ser realizado", declarou. "Pode me chamar de menino do dedo verde", autorizou Gilberto, com um sorriso nos lábios, sem saber que Tistu, na verdade, era um anjo. Ele é um homem.

Interessados em conhecer esse trabalho, acesse www.amigosdomeioambiente.ning.com > 81 9264 0514 e seja um voluntário.

Gilberto Vasconcelos, idealizador do Projeto Adote uma Árvore - Serviço Ambiental, é um Amante da Natureza!.

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segunda-feira, 4 de maio de 2009

O Dom do amor e da Justiça Social


por MARCELO SANTA CRUZ


Recém-nomeado pelo seu amigo, o papa Paulo VI, dom Helder Camara chegou para assumir seu lugar como 30º bispo e 6º arcebispo de Olinda de Recife no dia 12 de abril de 1964, um domingo de muita chuva. Eu tinha, então, vinte anos. Espremido em meio à multidão que foi recepcioná-lo na Matriz de Santo Antônio, saboreei cada palavra do corajoso discurso proferido por aquele cearense baixinho, magrinho, orelhudo, sorridente, grande orador, que emoldurava seus pensamentos com largos gestos dos braços e das mãos. Em sua mensagem, disse ele que era um nordestino falando a nordestinos com os olhos postos no Brasil, na América e no mundo. Um cristão dirigindo-se a cristãos, mas de coração aberto, ecumenicamente, para os homens de todos os credos e de todas as ideologias. Um bispo da Igreja Católica que, à imitação de Cristo, não vem para ser servido, mas para servir. Finda a cerimônia voltei para casa, em Olinda, levando comigo duas certezas. A primeira era que teríamos no novo arcebispo um aliado na luta pela volta do Estado Democrático de Direito, derrubado há onze dias. A segunda era que essa luta seria de curta duração.

Os moços são, por natureza, otimistas e idealistas.

Errei as duas previsões.

A ditadura se estenderia por duas décadas, ao longo das quais causaria tremendos danos políticos, sociais, éticos e culturais ao País, cujas profundas cicatrizes até hoje carregamos. E dom Helder Camara se transformaria não apenas em um aliado contra, mas, talvez, no principal opositor do regime militar que aqui implantou o arbítrio e a violência institucional. Mais do que isso, tornou-se o Profeta da Utopia, o Pastor da Liberdade, uma das maiores personalidades brasileiras do século passado, várias vezes indicado ao Prêmio Nobel da Paz. O Dom do Amor e da Justiça Social. O confidente, o parceiro atencioso, o autor de corajosas denúncias e ações em defesa dos perseguidos. Solidário bem de perto, por exemplo, entre muitos outros casos, ao drama vivido por minha mãe, Elzita Santa Cruz, que viu seus filhos e filhas serem presos, exilado, perseguidos, sequestrados, e um deles, Fernando Santa Cruz, desaparecer para sempre.

Eu mesmo viria a utilizar um manifesto de autoria dele, em minha defesa, em um dos inquéritos que respondi na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pernambuco. O processo se fundamentava no Decreto Lei 477/69, o famigerado “ 477” , que permitia o afastamento dos estudantes dos seus cursos, além de proibi-los de se matricular em qualquer universidade do País durante três anos (ao final, eu seria condenado). No manifesto ele se posicionava contra essa punição “anti-psicológica e revoltante”, afirmando que ela feria de cheio a Declaração de Direitos Humanos; teria efeito retroativo em matéria penal; era incompreensível, sobretudo em um país em que apenas se acham nas Universidades um (1%) por cento daqueles que ali teriam direitos de encontrar-se, anulava a autonomia universitária, obrigando os professores a trocarem a autoridade paterna por uma atitude policial; e golpeava vidas adolescentes, marginalizando os punidos ou impelindo-os para os descaminhos da radicalização e da violência”.

Hoje, parece pouco, mas era preciso muita coragem para erguer a voz dessa maneira contra os donos do poder no Brasil, em 1969.

Helder Pessoa Camara foi o décimo primeiro rebento de João Eduardo Torres Camara Filho, guarda livros, e de Adelaide, professora primária. Dos treze filhos do casal apenas sete “se criaram”, sendo que quatro deles, justamente os mais novos, se foram, um a um, durante uma epidemia de crupe, em 1905. Quando ele nasceu, em 1909, o repertório de nomes prediletos dos pais já fora utilizado nos filhos anteriores. Seu João foi, então, até a estante da sala, tomou um velho atlas geográfico e começou a folheá-lo, até se deparar com um ponto no norte da Holanda chamado Helder, que caiu no seu agrado. E para dissuadir Adelaide, que pretendia batizar o recém-nascido de José, argumentou que assim já haviam chamado um dos meninos que morrera, e isso poderia trazer má sorte...

Desde bem novo, Helder manifestava o desejo de ser padre, e de tanto ouvi-lo falar a respeito, um dia o pai o chamou para uma conversa. Ele teria entre 8 e 9 anos de idade. “Você sabe de verdade o que significa ser padre?”, seu João perguntou. “Uma pessoa que quer ser padre não pode ser egoísta, não pode pensar só em si mesma. Além disso, os padres acreditam que quando se celebra a eucaristia o próprio Cristo está presente. Você já pensou nas qualidades que devem ter as mãos que tocam diretamente o Salvador?” O pequeno, então, respondeu: “Se ser padre é como senhor está dizendo, é isso que eu quero ser”. E tanto fez que se ordenou sacerdote em 1931, com 22 anos, dois a menos do que exigia o direito canônico, o que somente foi possível mediante autorização especial do Vaticano.

Dois gestos feitos por ele, ao assumir a Arquidiocese de Olinda e Recife, são bons indicadores da sua personalidade e da linha que imprimiria à sua ação pastoral: mudou-se do Palácio dos Manguinhos para um humilde alojamento nos fundos da igrejinha das Fronteiras e dispensou o carro com motorista. A sua luta permanente pelos Direitos Humanos, contra as torturas, os assassinatos e os desaparecimentos forçados de cidadãs e cidadãos brasileiros, começaram a repercutir cada vez mais no exterior. Mais lá do que aqui, posto que, sob censura, os meios de comunicação estavam proibidos de falar no seu nome – a não ser para criticá-lo.

Pernambuco e o Brasil viviam um clima de efervescência política, principalmente no meio estudantil. Era a época das grandes manifestações, como a passeatas dos 100 mil, no Rio de Janeiro, e dos 25 mil no Recife. No Rio tombava o estudante Edson Luiz. E aqui, no dia 28 de abril de 1969, ocorria o atentado a Cândido Pinto de Melo, estudante de engenharia e presidente da União dos Estudantes de Pernambuco, perpetrado pelo CCC – Comando de Caça aos Comunistas. Cândido não morreu, mas as balas que levou o deixariam paraplégico.

No dia seguinte, um grupo de estudantes,no qual me incluía, fomos procurar o arcebispo. Queríamos lhe comunicar o ocorrido e pedir apoio para preservar a vida do nosso líder. Dom Helder, como era do seu perfil, nos ouviu pacientemente, disse que poderíamos contar com a sua solidariedade, e – para nossa surpresa – adiantou que já tomara conhecimento do atentado, e desde o dia anterior não havia parado de contatar com as autoridades exigindo providências. Já havia acertado até mesmo uma visita ao próprio Cândido, através de pessoas de seu círculo de amizades!

Ele próprio, porém, não se preocupava com segurança. A sua humilde residência foi metralhada mais de uma vez. E no dia 27 de maio daquele mesmo ano sofreria o mais duro golpe da sua vida de pastor: o assassinato, com requintes de barbaridade, do padre Antônio Henrique Pereira Neto, seu auxiliar direto e responsável pela Pastoral da Juventude – sendo Henrique mesmo um jovem de apenas 29 anos, queridíssimo da garotada do Recife. Mas essa ação brutal, que chocou Pernambuco inteiro, não o intimidou. Pelo contrário, fez com que a sua luta recrudescesse. E se o seu nome não saía na imprensa local, lá fora era cada vez mais conceituado e respeitado.

Em 1970, grupos de parlamentares da Holanda, Suécia, França e Irlanda, além de René Cassin, vencedor do Nobel da Paz em 1968, propuseram a candidatura de Dom Helder àquele prêmio, apoiado por cinco milhões de assinaturas de trabalhadores recolhidas pela Confederação Latino-Americana Sindical Cristã. Para os parlamentares irlandeses, “atribuir a Dom Helder o Nobel da Paz seria uma manifestação valiosa de solidariedade humana numa situação dominada pelo terrorismo e pela opressão”. Os suecos argumentaram que Dom Helder, “além de importante protagonista da não violência, exerce uma posição de liderança dentro da Igreja, ao mesmo tempo em que atua de maneira importante na luta pela obtenção de reformas sociais”. E destacaram seu papel no Concilio Vaticano II e em várias conferências internacionais. O próprio consultor do Comitê Nobel, Jakob Sverdrup, se manifestou favoravelmente, pois o prêmio “simbolizaria a luta para a melhoria das condições de vida por meios pacíficos”. Não obstante todos esses pareceres, o Nobel da Paz de 1970 foi surpreendentemente atribuído ao norte americano Norman Borlang, especialista em fisiologia das plantas, que realizara pesquisas sobre cereais para o Instituto Rockefeller do México...

O fato é que, enquanto os apoiadores da candidatura de Dom Helder se moviam aberta e publicamente, nos bastidores, à socapa, também corria uma sórdida campanha coordenada pela embaixada brasileira em Oslo, atendendo às determinações do governo do general Emílio Garrastazu Médici – tão eficiente que conseguiu inviabilizar a propositura. A existência dessa trama seria denunciada mais tarde pela rede de televisão norueguesa Norwegian Broadcasting (NRK TV), e comprovada com documentos.

A ação se deu em duas frentes: uma delas trabalhava para que os membros do Comitê Nobel votassem contra a premiação; e a outra, através de alguns jornais noruegueses, tentava criar uma corrente de opinião que legitimasse a rejeição do nome do arcebispo. Um dos artigos contra ele, por exemplo, assinado pelo jornalista Arild Lillebo, foi publicado no Morgenposten; e também no Brasil pelo O Estado de São Paulo, em 18 de outubro de 1970, com o título “Prêmio Nobel à Violência”. Segundo o autor dessa peça difamatória, dom Helder Camara teria sido um “camisa verde” na década de 30 – fascista, seguidor de Hitler e Mussolini no Brasil –, mas depois se orientara no sentido oposto e muita gente o considerava, então, comunista. Ele teria se transformado num admirador de Fidel Castro e adotado Ernesto Che Guevara e Camillo Torres como modelos... Estas acusações hoje nos soam ridículas; mas naqueles tempos conturbados do Vietnã, da Guerra Fria, e mal esfriadas as cinzas do Maio de 68, foram suficientes para empanar uma parte do brilho da candidatura.

A NRK TV também denunciou a atuação do sueco Tore Munch, que teria conseguido persuadir alguns dos cinco membros do Comitê Nobel a votar contra. Esse Munch era amigo pessoal e de pelo menos dois deles: Sjur Lindebralkke, na época o maior banqueiro da Suécia, presidente do Privat Bank de Bergen; e de Bernt Ingvaldsen, presidente do parlamento norueguês e vice-presidente do mesmo Comitê.

Insatisfeitos, os partidários da candidatura de Dom Helder a ratificariam nos três anos seguintes, e a imprensa sempre lhe dava destaque. Em 1973 era de novo apontada como a virtual vencedora. No dia 17 de outubro, porém, quando se preparava para rezar a primeira missa do dia, às seis da manhã, na igrejinha das Fronteiras, o Dom recebeu por telefone a notícia de que o Nobel da Paz daquele ano fora atribuído ao norte-americano Henry Kissinger e ao vietnamita Le Duc Tho, a dupla que negociara o fim da guerra do Vietnã.

Para ele, pessoalmente, essas derrotas nada significaram. Lamentou-as, é claro, pois as causas que defendia teriam ganhado muito com a vitória, mas jamais se deixou abater.

Em dezembro daquele mesmo 1973, quando a Declaração Universal dos Direitos Humanos completava 25 anos – e, na contramão, o Ato Institucional N° 5 fazia seu quarto aniversário, no Brasil, – ele estava em Houston, nos Estados Unidos, e assim se pronunciou, numa palestra: “Quando se lê e relê essa Declaração, que é uma síntese dos mais altos e mais puros anseios da pessoa humana, verifica-se que todos esses direitos estão longe de se transformar em realidade (...). Ou esta Declaração é desprezada e vista com um papel a mais, entre tantas outras letras mortas; ou vira carne de nossa carne, sangue de nosso sangue, pedaço de nossa alma. Não temos o direito de simplesmente armar discussões amáveis sobre assuntos tão graves, para depois dar tudo em nada”.

Em nosso país, entre inumeráveis outras iniciativas, ele teve destacada atuação na fundação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB; na organização da Campanha da Fraternidade; no Movimento ano 2000 Sem Miséria, que inspirou os comitês e a bela e humanitária campanha do Betinho – Ação da Cidadania Contra a Fome e a Miséria Pela Vida. Várias entidades não governamentais também foram criadas e até hoje trabalham sob inspiração dele, tais como: Centro Dom Helder Camara de Estudos e Ação Social – CENDHEC; Instituto Dom Helder Camara – IDHEC; Serviço Comunitário Justiça e Paz; Mulheres Contra o Desemprego; Igreja Nova; Pastoral da Juventude do Meio Popular – PJMP; e o Movimento dos Trabalhadores Cristãos – MTC. Pelo seu trabalho, sua dedicação, seu amor ao próximo e à Justiça, dom Helder Pessoa Camara tornou-se um ícone da Paz, da Esperança e da Cidadania não apenas em seu país, mas em todo o mundo. Plantou uma valiosa semente dos Direitos Humanos que germinou, tornou-se árvore frondosa, e continua dando bons frutos ..

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Marcelo Santa Cruz

Advogado e vereador em Olinda ( PT-PE) e

Coordenador Adjunto do CENDHEC.

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sexta-feira, 17 de abril de 2009

Olinda: José Venâncio e o sucesso do Magazine São José


Se dependesse da vontade da família, José Venâncio, o menino nascido em 29/11/1950, na cidade de Aroeiras, na Paraíba, seria padre. Fez três anos de estudos de Seminário em Campina Grande. Mas, resolveu vir para Pernambuco.

Quis o destino que ele viesse morar em Peixinhos, Olinda, em 1965 trabalhar e estudar.

“Foi quando surgiu a idéia de montar um comerciozinho para me sustentar na faculdade, pois já tinha experiência no comércio dos meus pais. Nisso, tomei gosto”, recorda José Venâncio.

Alugou um pequeno espaço na esquina da Avenida Presidente Kennedy com Rua Armindo C. Moura, a conhecida Rua da Areia, em Peixinhos.

“Quando eu montei a pequena loja aqui, disseram que não duraria três meses. O tamanho era tão pequeno, não tinha mais que 30 metros quadrados (5x6). Quando eu comecei, a Avenida Presidente Kennedy só tinha uma faixa, o outro lado era tudo barro. O nome era: Loja Avenida. Com um ano, deixei o antigo trabalho, mas não foi para estudar, foi para tomar conta da loja.”

A loja era de miudezas e começou com 1.000 itens. O nome Magazine São José surgiria 10 anos depois, por volta de 1975, no mesmo lugar. Hoje, com 03 lojas e 65 funcionários comercializa mais de 35.000 itens e já faz sua sexta ampliação na loja matriz.

No período de alta nas vendas, no fim de ano, o Magazine São José contrata mais 50% de mão-de-obra temporária.

E José Venâncio já está pensando nos próximos passos do Magazine São José:
“Agora chegou a hora de organizar o layout das lojas, adquirir novos equipamentos, melhorar as fachadas, principalmente, na loja do Bairro Novo.”

O tempo de comércio em Peixinhos confere a José Venâncio condições de fazer uma análise sobre o bairro:

“Peixinhos tem problemas na área de segurança, saneamento, estacionamento, calçadas sem espaço, não tem disciplinamento e organização do comércio informal. Se melhorar, melhora para todo mundo. Falta o governo dar mais apoio. A Kennedy tem problemas de retorno e estacionamento. Muitas galerias estão abertas. Na época do inverno a gente perde de três a quatro dias por mês. Em Olinda, o comércio é muito penalizado. Os comerciantes de Olinda precisam se unir e lutar por melhorias”.

José Venâncio tem certeza que o trabalho é a maior arma para enfrentar a crise econômica e fala com experiência de quem já enfrentou e venceu todas elas:

“Teve as crises daqueles planos doidos. E tudo passou. A gente não pode desanimar. Tem que trabalhar. Crise a gente enfrenta com muito trabalho e perseverança”.

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quarta-feira, 8 de abril de 2009

Gente de Olinda: Dicas culturais de Alceu Valença


Alceu Valença, que reúne músicas desconhecidas para seu novo disco, dá suas dicas culturais

Texto por Helena Sá Fotos Divulgação

Alceu Valença


Músico, compositor, poeta e até diretor de filme. O pernambucano e multitalentoso Alceu Valença lança seu novo disco, “Ciranda Mourisca”, primeiro título lançado por ele pela gravadora Biscoito Fino. Com um pé no Oriente, o disco traz um tom mais acústico, harmonizações mais leves e, segundo Alceu, uma “irmandade sonora”, isto é, músicas que se parecem umas com as outras, formando um todo. Com 35 anos de carreira, o artista reúne 12 músicas compostas durante sua trajetória musical, afirmando que algumas passaram despercebidas ao grande público por seu “lado B”, ou seja, por serem músicas que não se encaixam na moda da época: “Eu não acredito no novo e nem no velho, eu acredito na criação. Eu não quero ser moderno, quero ser eterno”, diz Alceu. O nome do disco é inspirado na tradicional dança nordestina na qual as meninas dançam com vestidos floridos, dão às mãos umas às outras e fazem roda. O que para Alceu é um “barato total”. Além disso, influências de sonoridades árabes podem ser encontradas nas violas dedilhadas que lembram a música moura e permeiam as faixas do disco. Antes de nos apresentar suas dicas, Alceu conta sobre o “filme-cordel” que já escreveu e batizou de “Cordel Virtual ou a Luneta Mágica do Tempo”. “É um grande desafio pois é uma coisa que não tenho muita intimidade, como a música”, explica ele. O início das filmagens está previsto para este ano e Alceu já nos adianta: “O meu roteiro não é bom, é excepcional!”

1. Filme: Acossado (1959), de Jean-Luc Godard - “Um filme maravilhoso.”

2. Livro: A Pedra do Reino, de Ariano Suassuna. - “Estou relendo e vale a pena.”

3. Música: Dino Braia, da DNA Brasil – “Um cara de pernambuco muito bom.”


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domingo, 15 de março de 2009

Manuel Cursino Ramos: 100 anos

Pernambuco ganha mais um cidadão centenário: Manuel Cursino Ramos, que comemora em família, hoje, em Olinda, seus cem anos, junto à esposa, Maria Cavalcanti Ramos, com quem trocou alianças há 25 anos. É pai de Edvaldo, Maria da Conceição, Heraldo, Edilson, José Carlos e Edson Cursino Ramos.


Folha de Pernambuco

domingo, 8 de março de 2009

Revelação

José Sarney, presidente do Senado, revelou ao prefeito João Paulo que gosta muito de Pernambuco porque a mãe dele, Kiola França Ferrreira da Costa, era pernambucana do município de Correntes, e que deixou o estado na seca de 1921 e foi para o Maranhão. Sarney disse também que ainda tem uma tia que mora em Olinda.


http://www.diariodepernambuco.com.br/2009/03/08/politica2_0.asp

domingo, 1 de março de 2009

Justa homenagem


A homenagem, mesmo que tardia feita ao rabequeiro Mestre Salustiano é muito justa pelo que o mesmo fez pela cultura do estado e espera-se que ela não se limite ao período de carnaval. No entanto, seria pertinente mudar a placa situada na PE - 15 que indica a "casa da rabeca do Brasil do mestre Salu", pois a referida placa está enferrujada.

Gabriel Fernandes - Recife

http://www.diariodepernambuco.com.br/2009/03/02/cartas.asp

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Orgulho de coquista


Depois de parceria com Nação Zumbi e Think of One, Cila quer cantar samba. Foto: Michelle Soares/Divulgação

Cila do Coco faz show no Bar do Déo, em Olinda, para lançar nova tiragem do disco que estava esgotado desde 2006

Michelle de Assumpção // Diario
michelleassumpcao.pe@diariosassociados.com.br

Quando Cila Maria de Oliveira começou a cantar cocos-de-roda ainda não era, claro, Cila do Coco. A brincadeira de terreiro também não havia conquistado as festas populares do estado.

Acontecia somente no período junino, com autorização policial. Seu pai, o carpinteiro e marceneiro Joaquim Marcolino cantava o que tinha aprendido com a mãe, D. Josefa. Sem perceber, virara um mestre para os filhos, repassando sua tradição musical oral, em forma de brincadeira junina. Sempre com o cuidado de ter, em mãos, a ordem do delegado, para o caso da polícia aparecer querendo acabar com a farra, o que quase sempre acontecia. Seu Marcolino tinha zabumba, pandeiro e ganzá em casa, mas não tocava nos instrumentos noutra época. "Quem veio botar coco fora do São João foi Celma, isso eu admito", diz Cila, que hoje lança uma nova tiragem do CD Cila do Coco e seus pupilos, que estava esgotado desde 2006. O show acontece no Bar do Déo, Largo do Amparo, bairro da artista, em Olinda. O CD estará à venda a preço promocional, por R$ 5.

Cila conta que estava chateada desde o Natal, pois não conseguiu cantar em nenhum palco de Olinda ou Recife. Logo no Natal, quando tinha acabado de chegar, toda orgulhosa, de sua primeira turnê solo no exterior. A recepção do público gringo deu a artista a dimensão do poder do coco que faz. Para uma mulher que passou a vida como dona-de-casa, é uma trajetória incrível. Cila, depois que as irmãs foram casando, transformou-se numa "linda andorinha com asas para voar". Resultado: uma gravidez aos 19 anos. O bebê ficou aos cuidados de uma irmã enquanto ela se organizava na vida. Demorou; Cila era (e se diz ainda) uma "maloqueira', invetereda. Mas até que se acalmou, quando conheceu o (ex) marido: "resgatou" o primeiro filho e teve mais dois.

Tomava conta dos meninos, arrumava a casa, lavava as roupas, fazia a comida e ainda conseguia ajudar na despesa, confeitando bolo ou fazendo flores ornamentais. Trabalhar para fora, nem pensar. Cila diz que aceitou todo o machismo do ex-companheiro, menos, quando ele chegou para bater. Fez uma vez só. A mulher pegou os filhos e voltou para casa da mãe. Daria uma guinada na vida. Começou cantando no Coco de Umbigada, de Beth de Oxum. Com as músicas que conhecia desde menina já tinha um repertório pronto.

Em 2001 veio o empurrão para a carrreira solo. Ganhou um prêmio especial do concurso Talentos da Maturidade, do Banco Real. Era um pout-pourri de cocos. Depois veio o convite para participar do CD da Nação Zumbi, Radio S.AMB.A, o que rendeu também shows com a banda. Em seguida, lá estava Cila caindo nas graças da banda belga Tink of One. Cila gravou várias faixas do CD deles e cantou com os garotos na Bélgica, Espanha, Croácia e Japão, por duas temporadas. Há dois anos, veio um grande baque que ela ainda tenta superar: a morte do filho caçula, Aston, aos 34 anos. Cila ainda pensa e fala muito no seu menino. Todo carma, no entanto, vira darma em sua trajetória. De tudo, Cila "tira onda". A próxima, planeja, é cantar sambas de gafieira. "Queria ser como Elza Soares ou Alcione, estou trabalhando para isso", planeja.

sábado, 31 de janeiro de 2009

Sucessores diretos de Salu


Quando a cultura pernambucana ficou órfã do Mestre Salustiano, em agosto do ano passado, de modo instantâneo
Foto: Alcione Ferreira/DP/D. A Press


Michelle de Assumpção // Diario
michelleassumpcao.pe@diariosassociados.com.br


Eles cresceram brincando de maracatu, mamulengo, cavalo marinho e ciranda; hoje passam adiante, em muitas frentes, o saber que herdaram do pai todo seu legado foi transferido para os onze filhos que foram sua primeira plateia, seus alunos mais aplicados. Ao receber em 2007 o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco, Salu tinha como responsabilidade repassar seus conhecimentos às futuras gerações. A tarefa já vinha sendo feita. Não só nas oficinas de rabeca e cavalo-marinho que passou a dar no espaço cultural Casa da Rabeca (fundada por ele na cidade Tabajara, em um enorme sítio, que loteou em hectares para cada um dos filhos). Salu já era professor dos meninos desde que eram crianças. "Ele não tinha dinheiro para dar conforto, mas gostava de filho dentro de casa. Ele saía e a gente então ia brincar com os instrumentos e as fantasias, quando chegava, dizia 'não é assim não menino', e vinha mostrar como era", conta Imaculada. Não havia brinquedos de loja. A diversão era brincar de tudo o que o pai mais sabia fazer. E não foi pouco: maracatu, mamulengo, cavalo-marinho, boi de carnaval, ciranda, pastoril.

Salustiano não deixou um sucessor; ele dividiu sua sabedoria com todos os filhos que criou depois que as respectivas mães foram embora. Todos os que hoje trabalham para manter os folguedos são unânimes em dizer que não perderam somente o pai, mas um comandante. Salu dava tarefa a todos os filhos, hoje, são eles próprios que se pautam para dar conta de tudo que foi construído com muita paixão, trabalho, persistência. O mais velho, que leva o nome do pai, continua na presidência do maracatu rural Piaba de Ouro e da Associação de Maracatus de Baque Solto de Pernambuco. Tem também um negócio de confecção de golas e estandartes. No último ano, fez mais de dezesseis para diversos blocos e troças que vão desfilar no Carnaval de 2009.

"Depois da sua morte teve uma reunião aqui e dissemos, 'não vende nada aqui, não se divide nada, só continua o que ele deixou'. Estamos mais unidoshoje, pois nos falamos todo dia para saber o que cada um está fazendo. E vai continuar assim com a proteção de Deus. Ele dava muita confiança e hoje temos que fazer correto", diz Manuelzinho, que também é conhecedor de tudo que acontece dentro de um maracatu rural. Já puxar as loas foi uma tarefa que ficou mais no dom dos irmãos Dinda (exímio tocador e criador de rabecas), Maciel e Cleiton (também luthier de rabecas).

Pedro Salustiano assumiu o lado articulador e político de Salustiano. Hoje é ele que está à frente dos projetos, das captações de recursos, e do fechamento da agenda dos principais produtos culturais da família: a banda Família Salustiano e a Rabeca Encantada, o palco da Casa da Rabeca, além do seu próprio espetáculo. Pedrinho é dançarino e comanda o solo Samba do Canavial. Também dá oficinas de dança para dançarinos contemporâneos e populares. Entre eles, a trupe de Antônio Carlos Nóbrega.

"Nunca tomava uma decisão sem consultar ele. Por que era a visão dele, o que ele achava. Ele era a referência de tudo que a gente fazia. Agora é a gente e a gente mesmo. Mas ficou todo muito unido e empenhado cada um no seu seguimento, na sua diretriz, coisa que foi preparada por ele", depõe Pedro. Junto com as irmãs Imaculada, Bethânia e Mariana, e o irmão Cristiano e Dinda, ele toca a produção da Casa da Rabeca, o que inclui a complexa administração de um bar.

Imaculada, além da produção da casa, é professora de dança numa ONG e agente de preservação ambiental da Prefeitura de Olinda. Atualmente, ela e os irmãos produzem juntos um receptivo que diariamente ocupa o saguão do Aeroporto dos Guararapes, apresentando músicas e danças da cultura popular do estado aos turistas que chegam. "A responsabilidade é maior, ainda temos irmãos pequenos e solteiros para cuidar, vamos dando continuidade, cada um na sua área", diz a moça.

A continuidade inclui o repasse aos mais novinhos da família. Gabriel, 3 anos, filho de Imaculada; Beatriz, 6 anos, caçula de Mestre Salu e Ana Terra, 7, uma das filhas de Maciel, são algumasdas crianças que já brincam no sítio dos Salustiano com adereços do cavalo marinho, pandeiros, ganzás e rabeca. "O pai tinha feito uma rabeca pra ela, mas ficou grande, agora Dinda e Cleiton vão fazer uma menor", conta Imaculada sobre a irmã caçula. Mesmo os que não estão diretamente nos projetos da Casa da Rabeca - que foi a menina dos olhos de Salustiano - estão diretamente envolvidos com sua herança cultural. Maciel Salu, que herdou semelhança física, timbre vocal e o gênio do pai, tem seguido uma trajetória mais particular. Faz show solo e é dos integrantes da Orquestra Contemporânea de Olinda. "Muita gente acha que só tenho esse trabalho, mas ando muito pelas sambadas do interior, estou correndo atrás do trabalho de alguns mestres, como Zé dos Passos, de Goiana. Produzi e estou finalizando o CD dele, que é parceiro meu em algumas músicas", conta Maciel.

A atividade não para na Casa da Rabeca. Quem não está tão envolvidos em projetos, é pelo menos o caboclo de lança do maracatu, como Gilson (funcionário da Prefeitura de Olinda). Pode também brincar de Mateus e bordar golas, como Cristiano. Ou dar oficinas de dança e ter um salão de cabeleireiro, como Bethânia. "Cada um tem a sua bagagem, o mais importante é zelar pelo patrimônio cultural que ele deixou", conscientiza Maciel.


http://www.diariodepernambuco.com.br/2009/02/01/viver7_0.asp

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Olindense é um dos participantes da nona edição do BBB9

Começa nesta terça-feira (13) a nona edição do Big Brother Brasil. Nesta edição dois, dos 18 selecionados para o programa, são pernambucanos. Um deles é o olindense Alexandre Gomes da Silva, de 35 anos. Ele foi chamado depois que um participante foi eliminado nos exames médicos.

Formado em Administração de Empresas, há quatro anos ele mora em Natal, no Rio Grande do Norte, onde trabalha em um banco. Apesar de está afastado de sua cidade natal, Alexandre conta com a torcida dos Olindenses.

A família dele está confiante quanto ao sucesso da sua participação no Big Brother Brasil. A irmã caçula, Amanda Cristina da Silva, foi a primeira da família a receber a notícia sobre a participação no programa. “Ele me ligou e disse que tinha sido chamado para o BBB. Na hora não acreditei”, confessou.

Há quadro anos Alexandre tenta entrar na casa mais vigiada do Brasil, mas só agora, na quinta tentativa, ele conseguiu realizar o sonho. A prima, Edilma Silva Gomes, defende a obstinação e seu esforçado de Alexandre para lutar pelos objetivos. “Ele é muito esforçado, está sempre crescendo na vida. A entrada no Big Brother é o maior passo da vida dele”, acredita.

Com fama de paquerador, a família e os amigos de Alexandre acreditam que ele vai ganhar a simpatia dos outros participantes da casa e dos telespectadores.

CONTERRÂNEA

A outra pernambucana que vai participar do BBB9 é a modelo Michele Fernandes da Costa, de Jaboatão dos Guararapes. Com 24 anos, ela é estudante de Direito, e venceu em 2008 o concurso de Miss Pernambuco.




Da Redação do pe360graus.com

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Um santo em forma de boneco-gigante

Por Marieta Borges

Para quem não nasceu ou não conhece Olinda e Recife, imaginar que um padre, um bispo, um homem santo, pudesse um dia ser materializada em um boneco-gigante, pareceria – talvez – quase uma heresia... Para nós, não! Absolutamente, não!

É aqui a “pátria dos bonecos”, tanto os bonecos pequenos, aos quais chamamos MAMULENGOS (de “mão molenga”, por ser manipulado vestido como luva nas mãos que se agitam, dando vida aos pequenos “seres”), como aos bonecos-gigantes, enormes, carregados sobre os ombros de homens experientes, que com eles frevam, dançam, seguem cortejos pelas ruas, ladeiras e becos da cidade alta, em Olinda, ou nas ruas do Recife antigo.

Bonecos são sempre bem-vindos! Crianças e adultos deixam aflorar o lúdico que guardam no coração, para enternecerem-se diante de pequenos títeres/fantoches, que criam vida através dos seus manipuladores, ou postando-se diante de um gigantão, com três metros de altura, saracoteando para lá e para cá, destravando a tristeza e reacendendo a alegria.

Essa aparição inusitada aconteceu neste 30 de dezembro, pelo milagre da tradição popular e pela ousadia de abnegados “helderólogos”, que quiseram dar “vida” ao boneco-gigante HELDER CAMARA, de mãos para o alto, como a pedir por nós todos que por aqui ficamos, saudosos de sua presença material, de sua alegria carnavalesca (típica de quem nasceu num domingo de Carnaval, há quase cem anos).

O Dom Helder-boneco, criado pelas mãos de Sílvio Botelho (um dos mais famosos bonequeiros de Olinda) veio para cumprir a tradição que tem sido mantida, e que transforma em gigantes as figuras que o povo amou, qualquer que tenha sido a razão do afeto despertado... O Dom Helder-boneco veio juntar-se ao cortejo onde já estão o mestre Gilberto Freyre, o compositor Capiba, o Batata (do Bacalhau do Batata), o sociólogo Betinho e tantas outras pessoas... E sua concretização foi um sonho de Frei Aloisio Fragoso e do Grupo "Mulheres contra o Desemprego".

É assim em Pernambuco. Os que partem, de certa forma permanecem conosco em forma de boneco-gigante, povoando os espaços com sua onipresença, sempre com o rosto alegre de quem viveu na paz dos justos e hoje contemplam a legião dos seguidores deixados.

Nosso Dom estará conosco, para sempre, em nossos corações. E, para diminuir um pouco essa saudade, estará conosco agora sob a forma, volume e graça de um boneco, como manda a tradição pernambucana! Viva!



http://www.marietaborges.com/

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Selma do Coco é Patrimônio Vivo


Artista foi escolhida ontem pelo governo do estado, ao lado de caboclinho e teatro experimental

Dona Selma do Coco, o Caboclinho Sete Flexas de Água Fria e o Teatro Experimental de Arte de Caruaru foram os três vencedores da edição 2008 do Concurso Público do Registro do Patrimônio Vivo de Pernambuco, promovido pelo governo do estado. Com a premiação, eles passam a receber apoio financeiro em forma de bolsas mensais, com a finalidade de preservar, divulgar e perpetuar suas técnicas e conhecimentos artísticos.

Por ser pessoa física, Selma do Coco ganha uma bolsa de R$ 750 mensais. O caboclinho e o grupo de teatro passam a receber R$ 1,5 mil cada, pois são entidades jurídicas. Para participar, os concorrentes deveriam ser atuantes em Pernambuco há pelo menos 20 anos. Em 2008, havia 102 candidatos inscritos.

Com os três novos nomes, chega a 18 o número de artistas e entidades atendidos pelo prêmio. Mais três contemplados devem ser escolhidos a cada ano, mas há um limite de 60 vagas para o número total de bolsistas. Dos que foram selecionados desde a primeira edição de 2005, três faleceram em 2008: MestreSalustiano, Canhoto da Paraíba e Ana das Carrancas.

Entre os que recebem as pensões atualmente estão o sanfoneiro Camarão, o xilogravurista J. Borges, o cineasta Fernando Spencer, a cantora Lia de Itamaracá, o Clube Homem da Meia-Noite, o Maracatu Leão Coroado, a artista circense Índia Morena e os escultores Manuel Eudócio, Nuca, Zé do Carmo e Zezinho de Tracunhaém.

Selma Ferreira da Silva, conhecida como Dona Selma do Coco, é a mais famosa coquista de Pernambuco. Ela iniciou a carreira na década de 1960, mas se tornou mais famosa em 1996, quando fez sucesso com a música A rolinha. Em 2008, recebeu a comenda do mérito cultural das mãos do presidente Lula.

O Teatro Experimental de Arte de Caruaru foi fundado em 1962, quando se tornou pioneiro na utilização das artes cênicas como instrumento de inclusão social e cultural, sempre com espírito independente. Eles encenam desde clássicos do teatro universal até peças tradicionais do foclore pernambucano e de novos autores. O grupo é conduzido pela pedagoga Arary Marrocos e pelo contador Argemiro Pascoal.

O Caboclinho Sete Flexas tem sede no bairro de Água Fria, na Zona Norte do Recife, e existe desde 1969. Seus espetáculos e desfiles de dança e música têm origem nas tradições indígenas brasileiras. Seu fundador foi o Mestre Zé Alfaiate, que tem 85 anos, mas atualmente é conduzido pelo filho dele, Paulinho.



http://www.diariodepernambuco.com.br/2009/01/01/viver13_0.asp

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Dona Suely: técnica, fé e mais de 5 mil partos


Com mais de cinco mil partos no currículo, Suely Carvalho, de 57 anos, admite: “eu nasci pra isso, não tem outra coisa pra eu fazer na vida”. Ela, que, em 1991, fundou a Organização Não Governamental (ONG) Centro Ativo de Integração do Ser (CAIS) do Parto, em Olinda, Pernambuco, atende mulheres em busca de um parto com muitas rezas, ervas e sem nenhuma intervenção médica.

Lecticia Maggi, repórter do Último Segundo

Cresce o número de mulheres que optam por ter os filhos em suas próprias casas

O gosto de Suely pela profissão começou em 1974, quando se inscreveu para um curso de seis meses de atendente de enfermagem, na cidade de Paranaguá, no Paraná. Durante o período de estágio, foi acompanhar um parto pela primeira vez. “Quando vi a cabeça do bebê saindo perdi a noção de todas as instruções. Fui para a mesa, peguei na mão da mulher e comecei a chorar dizendo que ia dar tudo certo”, conta. Quando a emoção passou, veio o medo de ser demitida por não obedecer às ordens de só observar. Porém, acabou contratada para trabalhar no hospital da cidade. “‘Você tem o dom, me disse a enfermeira”, relata Suely.

No Hospital Paranaguá, ela ficou de 74 a 1977. Em seguida, foi transferida para o Hospital Modelo, na capital paranaense, onde ficou até 1982. Neste período, pelas suas contas, realizou cerca de 4600 partos. Em 78, mesmo sem nenhuma vontade de ser enfermeira, ela se matriculou em uma faculdade. “Entrei por uma questão política. A relação com os médicos era muito desigual. Pelo fato de eu não ter diploma eles não me respeitavam”, afirma.

Formada e insatisfeita, decidiu que não queria mais seguir a rotina imposta pelos hospitais, que, segundo ela, só dificulta os partos. “Ele deixa de ser natural. Às vezes, a mulher chega com dilatação boa, mas só por estar no hospital se sente constrangida. Ninguém pode dizer que é um ambiente confortável ou gostoso”, avalia.

Separada, com três filhos, ela pediu demissão e se mudou para Olinda, em Pernambuco, após pesquisar sobre o Estado e descobrir que muitas mulheres ainda praticavam o “parto tradicional”. “Morei em quarto de pensão e trabalhei com vendas para conseguir dinheiro, mas foi bom porque o emprego me permitia viajar e ir ao encontro das parteiras”, diz. Foi desses encontros que nasceu a ONG Cais do Porto, formada por 14 pessoas – sendo quatro parteiras - que atende cerca de 150 pessoas por mês. A organização faz também o acompanhamento da gestante durante a gravidez, promove encontros de orientação entre os casais e oferece cursos de firmação de parteira e de doula.

Segundo Suely, cerca de 80% das mulheres que a procuram são de classe média e a grande maioria possui plano de saúde. “Já recebemos casais até da França, Itália e Alemanha para ter o bebê aqui conosco”, afirma. Para ela, isso reflete a busca de mulheres de várias partes do mundo por um parto da forma mais natural possível. “Às vezes, o bebê está sentando, daí a gente faz manobras para virá-lo. Em outras situações, quando a mulher não engravida, fazemos rituais de fertilidade. Trabalhamos sempre com energização e os quatro elementos da natureza”, diz.

Com um discurso envolto em superstições e espiritualismo, ela considera que a dor do parto varia conforme o estado emocional da mulher e que problemas passados podem vir à tona no momento do nascimento do filho. “A mulher acessa o seu lado mais primitivo. A dor do parto é uma dor amiga, que vem para ajudar. Agora, as dores da vida doem muito”, acrescenta.

O valor cobrado pela ONG varia de R$ 50 a consulta até R$ 750 o trabalho de parto em casa ou no hospital. Porém, este preço, segundo a enfermeira, é negociável e quem não pode pagar recebe o mesmo tratamento. “Durante muitos anos não cobrava nenhum centavo. Já fui para a casa de gestantes pagando táxi do meu bolso, mas, chegou o momento em que a relação ficou injusta, porque muitas têm condição de pagar”, afirma.

Muito além de um emprego, Suely define que ser parteira é servir como uma ponte entre a mãe e o bebê. “Sou um instrumento. Acredito que estou cumprindo uma missão e fico muito feliz de vivenciar o momento mais bonito da humanidade, que é mulher parindo”, afirma.



http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2008/12/30/dona+suely+tecnica+fe+e+mais+de+5+mil+partos+3230009.html

sábado, 13 de dezembro de 2008

Este senhor vai completar 100 anos


Terceira Idade // LONGEVIDADE // Agricultor aposentado fará festa para comemorar o marco da sua longa vida, sem pressa ou ansiedade

Marta Telles // Diario
martatelles.pe@diariosassociados.com.br

Um senhor que tem como hábito diário passar as manhãs sentado numa cadeira na calçada de sua casa, olhando o movimento.

Alfredo Pereira dos Santos diz que se alimenta corretamente, dorme muito bem e não precisa tomar medicamentos.

Todos os dias, está no mesmo local, quase fazendo parte do cenário imóvel. Os mais distraídos podem até nunca ter notado a sua presença ali, de pernas cruzadas, em uma cadeira branca observando o entra-e-sai de estudantes da faculdade que fica em frente a sua residência em Olinda. Alfredo Pereira dos Santos parece ter passado seus 99 anos sem ansiedade ou pressa. Nunca imaginou que chegaria aos 100, mas como faltam apenas três dias para o feito, o agricultor aposentado, pela primeira vez na vida, decidiu comemorar um aniversário e mal consegue esperar as últimas horas antes de poder dizer que chegou ao centenário.

Alfredo só reclama das pernas que estão cansadas e muito cedo começaram a trabalhar na roça e depois na usina de cana-de-açúcar, em Catende. Não toma medicamentos, não é hipertenso, se alimenta corretamente e dorme muito bem. Vai se deitar cedo, à 19h. Acorda sempre às 5h e a partir das 7h já pode ser visto na cadeira em frente a sua casa. "Meu divertimento é esse mesmo. Gosto de ver as pessoas passando. Muita gente pára um pouquinho e conversa. Eu posso até não lembrar do nome, mas sempre reconheço os que costumam falar comigo", conta.

Ele até convidou algumas dessas pessoas para comer o bolo dos seus 100 anos e ajudá-lo a soprar tantas velas. "Não sei dizer porque eu consegui chegar até essa idade. Essas coisas não têm explicação. Eu acredito que seja da vontade de Deus, mas como não é todo dia que se faz uma data tão longa e redonda como essa, eu decidi comemorar. Acho bonito o número", diz. Na festa vai ter também um culto evangélico. Alfredo freqüenta a Assembléia de Deus há 12 anos. O aposentado fala ainda que não pretende fazer outro evento como esse. Para ele, completar 101 ou 102 não tem o mesmo sabor.

O agricultor não tem medo do futuro e diz que também não almeja muita coisa. Apenas continuar com a vida que leva diariamente. "Eu sou feliz assim. Já quis andar de avião, mas hoje sem poder andar direito, com minhas pernas fracas não daria para ir visitar meus filhos que moram em São Paulo. Eles sempre me convidam, mas prefiro ficar por aqui", explica. Além dos três filhos que moram no Sudeste, Alfredo tem uma filha viúva que mora com ele há 40 anos.

Alfredo até tentou se casar de novo, após a morte de sua esposa , mas desistiu. "Eu cheguei a morar com ela seis meses, mas voltei para cá. Vi que não ia me acostumar a viver com outra mulher", conta. Ele diz que de todo esse tempo que viveu o momento que ficou mais feliz foi quando se aposentou porque parou de passar necessidade e passou a viver melhor. Ele diz que com o tempo, muita coisa mudou e acredita que no geral foi para melhor.

"Não sei porque consegui chegar até essa idade. Essas coisas não têm explicação"
Alfredo dos Santos - aposentado


http://www.diariodepernambuco.com.br/2008/12/14/urbana2_0.asp

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sábado, 11 de outubro de 2008

Retorno: Idosa abandonada em ônibus chega a Olinda


Lídia e o filho já estão em casa.

Do JC OnLine
Com informações da Rádio Jornal

A aposentada Lídia do Bom Parto Simões, de 87 anos, chegou ao Terminal Integrado de Passageiros (TIP), em Pernambuco, por volta das 9h deste sábado (11). Ela veio acompahada do filho Antônio Ferreira da Silva, pedreiro de 63 anos. Há cerca de 15 dias, Lídia foi abandonada por um neto num ônibus, que saiu do Rio de Janeiro para Feira de Santana (BA), sem qualquer documento e com R$ 10.

O pedreiro disse que a casa onde a mãe residia foi vendida e não sabe o que foi feito do dinheiro. "Venderam a casa dela e não deixaram nem um centavo para ela. Mas não vou entrar na justiça contra eles. Por mim, já perdoei e entrego a Deus e aos homens de bem para ver o que acontece", pontuou. Ele também informou que o sobrinho - cujo nome não revelou - dopou a idosa para colocá-la no ônibus.

Agora, Lídia viverá com o filho, de quem esteve separada por 26 anos, no bairro do Amparo, em Olinda. Ao ser abandonada na cidade baiana, ela foi levada ao abrigo Lar Irmão do Velho.


http://jc.uol.com.br/2008/10/11/not_181928.php

domingo, 15 de junho de 2008

Gente de Olinda: Gilvan Samico - 80 anos



Meu trabalho é como um carinho na madeira

Inés Hebrard, Isabella Valle e Milena Times*
Especial para o JC OnLine


Gilvan Samico aparece na varanda de seu casarão, em Olinda. Desde as alturas, sério e seco, grita: "Hoje?! Né hoje, não. Voltem na quarta!" - e entra de novo na casa. Está brincando? Entreolhamo-nos até que o homem abre a porta, abotoando a camisa e nos convida a entrar. Brincava. A grande sala, repleta de xilogravuras e quadros, produz uma sensação entre intimidante e acolhedora, como o própio artista. Gilvan avisa que podemos falar "até do sexo dos anjos", mas não toquemos no assunto de seus 80 anos. Pronto: esqueçamos a idade, falemos de experiência de vida. Com propriedade e pragmatismo, sentado em sua cadeira de balanço e com os dedos manchados de tinta preta, Samico fala sobre os limites entre o artesão e o artista.

Samico, ninguém discute que você é um grande artista, inclusive erudito. Mas, por trabalhar com xilogravura, você também se considera artesão?
Sim. Algumas pessoas ficam surpreendidas quando eu digo que me considero artesão. Eu gosto de fazer coisas que não têm nada a ver com arte, gosto de consertar, de fazer coisa em madeira, que não é a minha arte. Mas eu também faço minhas matrizes. E, quando eu estou fazendo minhas matrizes, estou juntando madeira com madeira pra fazer uma tábua deste tamanho, aplanando, lixando. Aí eu estou sendo artesão. Artesão trabalhando para o que eu vou fazer de arte. Claro que, no momento em que eu faço meu trabalho, eu não quero contrariar o signficado da coisa: artesão, digamos, numa escala, estaria abaixo do artista. Artesão é como se não chegasse a ser arte...

O que faz alguém passar de artesão e chegar a ser artista?
O artista não fica só no objeto para uso. A arte não tem utilidade, a não ser para a gente pendurar na parede. Um artesão trabalha com utilitários: uma mesa, uma matriz...
Nós, artistas, sabemos que habilidade só não faz um artista. O artista é aquele capaz de acrecentar alguma coisa. Tem que ter algo mais, não somente de conhecimento, mas também inteligência (você pode ser um grande conhecedor de um assunto, sem ser inteligente). Quem lida com a arte sabe que você pode suprir o conhecimento pelo olho, pode ver o que não é aparência, começa a ver as nuances... O artista vê sem ter conhecimento ou, então, teve um conhecimento prévio e o aplica na hora de fazer.

Como o fato de você ser artesão se relaciona com o seu trabalho de artista?
Eu acho que ser artesão ajuda muito para você ser artista. Eu complemento meu trabalho de artesão com a minha veia artística, com essa coisa misteriosa que eu não sei o que é, de onde veio, nem pra que serve. Mas eu não preciso ser artesão para ser artista: poderia chamar um marceneiro e mandar fazer minha matriz. Mas, em vez de mandar fazer, eu faço. Então essa parte de artesão, que outro artista não tem, eu sei fazer, eu me preocupo com ela, com essa coisa que antecede.

Ser artesão é um diferencial na sua obra?
Quando era jovem, eu ouvia dos marceneiros que, depois de que a tábua tava montada, eles iam afagar a madeira. É um termo carinhoso, uma coisa que parte do coração... Para mim também, meu trabalho é como um carinho que eu tivesse fazendo com a madeira e falta isso em alguns artistas.

No trabalho com xilogravura, existe um processo que envolve o entalhe da madeira. Você considera que a obra é a matriz de madeira ou a impressão feita em papel?
Considero que minha obra termina na impressão. Não é necessário que estejam os 120 exemplares prontos. Mas, se você grava uma matriz, a gravura só vai ser terminada ao ser copiada porque até então é uma gravura, sim, mas precisa dessa complementação com a impressão. Enquanto é uma madeira talhada, trata-se de uma talha rasa e, ao meu ver, só se completa quando você termina o processo de impressão. Certamente, a matriz de madeira é tão importante do ponto de vista artístico quanto a gravura impressa. Sem a matriz, você vai imprimir o quê? Nada. A matriz é uma arte, sim, não deixa de ser, mas dentro daquele processo. Se você está fazendo gravura, isso subentende um rebatimento da coisa, seja num papel, num pano...

E quando, então, a gravura começa?
No meu caso, o trabalho começa quando você projeta essa gravura e esse é o projeto mais demorado. Eu desenho inúmeras vezes: sou capaz de criar um desenho em 20 dias, mas dificilmente me dou por satisfeito nesse tempo. E não gravo enquanto eu não estiver com a idéia toda pronta no papel. A cor vem depois. Mas o mundo das artes é muito complexo, tem várias maneiras de trabalhar, tem pessoas que acham que o importante é o resultado, e que não importa o processo. Tem artista que vê a madeira, risca e começa a cortar, como se ele já soubesse o que quer fazer no momento que começa a riscar a madeira. Eu não. Eu acho que é muito importante todo o processo. Se você não usar um processo com certa coerência, o resultado talvez seja incoerente. Esse não é um campo que a gente possa pisar com tranqüilidade.

http://jc.uol.com.br/2008/06/10/not_171135.php

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Gente de Olinda - Dona Selma do Coco: 50 anos de carreira


Dona Selma do Coco vibra com a comenda recebida do presidente Lula e celebra seus 50 anos de carreira

José Teles
teles@jc.com.br

A comendadora Dona Selma do Coco está lançando seu oitavo CD, Bodas de ouro com coco, sem festa: “Foi um aperreio, porque o disco demorou muito a sair. Se fosse o primeiro ainda ia. Por isto não quero fazer nada com ele, só vender nos shows mesmo”, diz ela. A produtora Lígia Verner atribui o atraso a problemas técnicos com a remasterização. Dona Selma comemora meio século de dedicação ao coco: “Vem da minha avó, do meu pai, e da minha mãe. Eu ia com eles para os cocos, e aquilo foi ficando comigo”, lembra Dona Selma, a comendadora da cultura brasileira. A comenda ela recebeu juntamente com outros artistas populares, em 8 de novembro passado, em Belo Horizonte (MG), das mãos do presidente Lula, numa cerimônia que contou também com o ministro da cultura, Gilberto Gil.

Aos 72 anos, Dona Selma só começou a sentir o gostinho da fama, aos 60 anos, com o sucesso, no Carnaval de 1996, do coco A rolinha, que deu um impulso à carreira, da ex-empregada doméstica e tapioqueira, que, quando mais jovem, fazia coco com as amigas uma vez por ano: “A gente se juntava e ia para os cocos, sambava e tomava cachaça até o dia amanhecer” relembra ela, que em uma das faixas, Minha história, volta ao passado, e canta os tempos em que morava na Mustardinha: “Fiquei viúva há uns cinqüenta anos, nunca mais casei, porque os homens que prestam, a gente conta nos dedos”. Até o sucesso chegar, ela sustentava a família com pensão deixada pelo marido. “Era muito pouco, uma miséria, salário de pobre. Agora não. Agora eu vivo só da música, porque as coisas mudaram muito. Antigamente não tinha cultura, não davam valor”, comenta a coquista, que com o disco Minha história, em 1998, ganhou um prêmio Sharp.

A ex-moradora da Mustardinha, de repente, estava conhecendo países com os quais nunca nem sonhara. Na Alemanha, gravou disco e morou por dois meses. “Conheci muitos países. França, Suíça, muitos lugares”. Porém o que ela mais gostou foi os EUA. “Tudo lá é bom. É mais quente, as comidas são boas, parece cinema”, elogia.

No CD, Dona Selma, comendadora da cultura popular, ela assina quase todas as faixas sozinha, e até recria seu maior sucesso no coco Vou pra Olinda + A rolinha. Presta uma homenagem aos seus pares da cultura popular, em Mestre das cultura, no qual cita Lia de Itamaracá, Mestre Salustiano e ela própria. São música que simplesmente fluem, lhe vêm à cabeça. Nada de complicações com a comendadora. Feito a faixa Dá-lhe Manoel: “Manoel é qualquer Manoel, tem tantos por aí. Eu sou assim, sempre alegre, sou popular mesmo”, diz, soltando a gargalhada que virou marca registrada. Alegre, mesmo sentindo que o coco não está mais tão prestigiado quanto há dez anos: “Voltou a ser quase a mesma coisa. O pessoal de fora vem aqui e ganha o dinheiro todo, enquanto para a gente só fica a micharia”, reclama Dona Selma.

(© JC Online)