Barulho dos ensaios dos músicos de percussão aumenta com a proximidade do carnaval na cidade patrimônio. Foto: Jaqueline Maia/DP/D.A Press
Ensaios de grupos de maracatu na Praça da Preguiça, principalmente nos fins de semana, geram polêmica entre moradores da Cidade Alta
Marcionila Teixeira // Diario
marcionilateixeira.pe@diariosassociados.com.br
Os batuques ritmados do maracatu viraram alvo de polêmica na Cidade Alta de Olinda. Com a proximidade do carnaval, o número de grupos de maracatu costuma aumentar, assim como a impaciência de moradores da cidade patrimônio. Alguns se dizem cansados com o barulho dos ensaios, principalmente nos fins de semana. O resultado é uma lista de reclamações que cresce a cada ano na prefeitura do município.
O engenheiro Wellington Paes Barreto, 63 anos, mora na Rua 10 de Novembro e conta que muitas vezes é obrigado a se trancar em um dos quartos da casa com toda a família para assistir TV ou mesmo descansar. "Eles tocam durante todo o fim de semana e nos dias de semana também, sempre na Praça da Preguiça. É insuportável o barulho. Se eles circulassem pela cidade, acredito que não incomodariam ninguém e ainda chamariam a atenção de turistas", propôs.
Na Rua Prudente de Moraes, o economista João Caixero, 73, diz que não se sente prejudicado porque os maracatus apenas desfilam ao longo da rua onde ele mora e não se concentram para ensaios no lugar. "Eles não me incomodam, mas acho fundamental que circulem pelas ruas da cidade", completou, concordando com Wellington Barreto.
Mas não é só a altura do som nos ensaios que tem dado o que falar em Olinda. Alguns moradores se incomodam até com o ritmo. Pelo menos é o que pensa a dona-de-casa Madalena de Barros Lima, 79. "O problema é a persistência, o toque continuado, uniforme. Se pelo menos a gente pudesse acompanhar as músicas cantando, eu não ficaria tão estressada", disse a moradora da Rua do Bonfim.
Como toda manifestação cultural, os músicos dos maracatus também têm seus fãs. Outros habitantes da cidade elogiam a música e dizem que os ensaios deixam a cidade ainda mais animada. "As pessoas mais velhas são as que mais reclamam porque costumam dormir cedo. Mas eu gosto muito e até danço aqui de casa mesmo", comentou Josilene da Silva Batista, moradora da Ladeira da Sé.
A defesa - Integrante do Maracatu Badia, tradicional em Olinda, Celina Ramos, 29, acha que os moradores da Cidade Alta não têm motivo para reclamar, afinal os ensaios acontecem em áreas públicas, em uma cidade conhecida mundialmente pelo carnaval. "Há moradores que até saem de casa para nos acompanhar. Mas, para evitar problemas, procuramos ensaiar longe das casas, perto da Praça da Preguiça, por exemplo", comentou Celina, se referindo a um dos pontos de maior concentração de ensaios de maracatus na cidade e por isso mesmo alvo de críticas de moradores. Para Celina, que dá aulas de percussão junto com o marido, não há sentido em circular ao longo de todo o ensaio como propõem os moradores. "É importante tocar caminhando para ensaiar para o desfile, mas não podemos dar aula andando o tempo todo", afirmou.
http://www.diariodepernambuco.com.br/2008/12/26/urbana7_0.asp
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