quarta-feira, 18 de março de 2009
Ex-vereador e policiais lideram milícia urbana
Fernando da Silva, Doca (foto), que atuou na Câmara de Olinda, dois PMs, além de comissário e agente de Rio Doce, são acusados de homicídios, tráfico e extorsão. Polícia Federal prendeu outras 20 pessoas
Uma quadrilha acusada de integrar milícia urbana em Olinda, no Grande Recife, praticando assassinatos, extorquindo dinheiro de comerciantes e traficando drogas, foi desmontada, ontem, pela Polícia Federal. Vinte e cinco pessoas acabaram presas na Operação Êxodo 7. Entre elas, está o ex-vereador do município Fernando Manoel da Silva, 43 anos, policial militar reformado, conhecido como Doca, apontado como o líder do grupo. Dois PMs do 1º Batalhão (Olinda), um comissário e um agente da Delegacia de Rio Doce também aparecem na lista de envolvidos.
As prisões foram feitas por 140 agentes federais de Pernambuco, Paraíba e Alagoas, além de policiais civis e militares pernambucanos. Segundo o delegado federal Márcio Tenório, responsável pela investigação, a quadrilha atuava em Rio Doce, mas tinha ramificação em Jardim Atlântico, também em Olinda, e em Maranguape, Paulista, Grande Recife. “Estávamos em busca de um grupo de extermínio, só que descobrimos que eles não matavam por encomenda. Tinham características de milicianos, inclusive com a criação de uma empresa clandestina de segurança privada em Rio Doce. Na prática, eles lotearam uma área e determinavam o que podia ou não acontecer naquele espaço”, informou.
Segundo Tenório, os comerciantes estabelecidos no limite estipulado pela quadrilha eram obrigados a contribuir com a segurança clandestina. “Assaltos, homicídios e tráfico não podiam acontecer naquele limite. Do lado de fora tudo era permitido. Quem não contribuía era vítima de roubos ou arrombamentos. E quem comandava tudo era o ex-vereador”, disse.
Conforme a PF, a quadrilha atuava há uma década, em Rio Doce. Nos últimos dois anos, teria praticado 16 homicídios. As vítimas eram, em sua maioria, suspeitos de roubos e desafetos. Vigilantes, traficantes, presidiários e mulheres integravam o grupo. Todos os presos tinham mandados de prisão preventiva expedidos. As ações da quadrilha foram filmadas e gravadas pelos policiais, que apreenderam armas e drogas.
O nome da operação faz alusão ao capítulo 7 do Livro de Êxodo, da Bíblia. Ele narra quando o Egito é assolado por praga em que o Rio Nilo se transforma em sangue. A relação com Olinda seria a localidade onde a quadrilha agia: Rio Doce.
PMs e agentes atrapalhavam ação da polícia
Os quatro policiais acusados de integrar a milícia urbana que controlava bairros de Olinda tinham como principal função atrapalhar as investigações contra a quadrilha. Segundo a Polícia Federal, os PMs repassavam aos comparsas informações privilegiadas obtidas no batalhão onde trabalhavam. Os agentes da Polícia Civil costumavam liberar da prisão possíveis integrantes do grupo levados para a Delegacia de Rio Doce.
Os PMs presos são Izaías Cândido da Paixão e Wellington Gomes de Araújo, lotados no 1º Batalhão (Olinda). Os dois foram presos, ontem, nos bairros de Casa Caiada e Jardim Atlântico, este último o mesmo local onde também reside o líder da quadrilha, o ex-vereador Fernando Doca. Os policiais civis, identificados como o comissário Pedro Geraldo Carlos Bezerra e o agente José Leandro Cordeiro da Silva, conhecido como Cuca, atuavam na Delegacia de Rio Doce, principal bairro controlado pelo grupo
“Infelizmente, o envolvimento desses policiais é um fato.
A Corregedoria da SDS está acompanhando as ouvidas desde que aconteceram as prisões e um processo administrativo foi imediatamente instaurado. Em seis meses teremos o resultado, podendo chegar até a exoneração dos quatro”, afirmou o secretário de Defesa Social, Servilho Paiva.
.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário