Por causa da chuva de fevereiro, as Prefeituras do Recife, Jaboatão, Olinda e Camaragibe intensificaram intervenções em mais de 7,5 mil pontos de risco
A angústia entrou mais cedo nos lares de 850 mil habitantes de morros da Região Metropolitana, levada pela chuva acima da média em fevereiro. Diante da precipitação que superou em 153% o previsto para o mês, as Prefeituras do Recife, Olinda, Jaboatão e Camaragibe anteciparam a operação inverno. Tradicionalmente iniciada em abril, a intensificação das vistorias e intervenções já ocorre nos mais de 7,5 mil pontos e setores de risco. Abaixo e acima de cada barreira, moradores das áreas vulneráveis torcem para deixar de contar apenas com proteção divina.
Das escadarias do Córrego do Nozinho, em Águas Compridas, Olinda, não se consegue contar quantas barreiras ameaçam famílias inteiras. Há 15 anos, uma adolescente de 13 morreu soterrada na Rua Maria Alves de Melo. O vigilante Alberto José de Oliveira, 50, vive na casa de baixo há 18 anos e nunca viu o cenário mudar. A terra sempre parece prestes a ceder. “Um pedaço deslizou domingo. Dormimos de portão aberto, para o caso de termos que sair correndo”, conta, mirando a lona que deveria evitar a erosão.
Na próxima semana, o Laboratório de Meteorologia de Pernambuco (Lamepe) divulgará o prognóstico de chuvas para o segundo trimestre no Estado, informação que pode alentar ou aumentar o desespero nos altos. Segundo a coordenadora do Lamepe, Francis Lacerda, o aquecimento global mudou o comportamento da chuva na região nos últimos cinco anos.
“De janeiro a março houve chuvas acima da média, intercaladas por veranicos com temperaturas altas. É resultado das mudanças climáticas”, avalia. O calor alcançou 36º C em algumas regiões de Pernambuco. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia, choveu 590 milímetros até ontem, 80 a mais que o esperado para o trimestre em curso. De abril a julho, a média é de 1.437 milímetros, 60% da precipitação anual.
Em Olinda, nos últimos oito anos reduziram-se de 3 mil para 2 mil os locais vulneráveis. “Com obras do Programa de Aceleração do Crescimento (governo federal), vamos eliminar mil em 2010”, garante a secretária de Obras, Hilda Gomes. Passarinho e Caixa D’água têm prioridade.
Jornal do Commercio
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