segunda-feira, 10 de abril de 2017

VIOLÊNCIA - Operação Tarrafa - "Al Capone de Olinda"

Deu no G1 Pernambuco

Polícia Civil de Pernambuco detalhou, nesta segunda-feira (10), como um detento do regime semiaberto mantinha influência no sistema carcerário estadual para facilitar o comando de uma quadrilha apontada como responsável por 34 assassinatos, roubos e tráfico de drogas no Grande Recife.

“O líder desse grupo tinha um grande aparato de proteção no sistema penitenciário. Matava, roubava outros traficantes e fazia agiotagem. Ele é o Al Capone de Olinda”, declarou o delegado Gilmar Rodrigues, um dos responsáveis pela investigação, fazendo referência a um do bandidos mais famosos dos Estados Unidos, no início do século passado.

A organização foi desarticulada na sexta-feira (7), na Operação Tarrafa. Ao todo, 23 pessoas acabaram sendo presas. A maior parte das capturas ocorreu no bairro de Peixinhos e arredores, onde foram cumpridos 19 mandados.

Para Gilmar Rodrigues, o chefe da organização é uma "verdadeira instituição financeira ambulante". “Ele tem um grande aparato de defesa com policiais e agentes penitenciários. Chegou a emprestar, de uma só vez, R$ 30 mil e cobrou juros. Até mandou uma viatura do sistema carcerário buscar um comparsa em uma audiência”, afirmou Rodrigues.

Diante dessas circunstâncias, o chefe da Polícia Civil, delegado Joselito Kehrle do Amaral, reiterou, nesta segunda, que vai solicitar a transferência do chefe da quadrilha para um presídio federal. Para Amaral, ele não tem condições de ficar no sistema penitenciário de Pernambuco. “Vamos pedir ao juiz do caso e ao responsável pela Vara de Execuções Penais que ele seja levado para Catanduvas, no Paraná, para mantê-lo numa unidade de segurança máxima”, afirmou.

O delegado Gilmar Rodrigues afirmou que o chefe da quadrilha, além de comandar o crime de dentro da Penitenciária Agroindustrial São João, em Itamaracá, também burlava o sistema de monitoramento para matar, roubar e traficar drogas. Ele colocava papel alumínio na tornozeleira eletrônica e impedia o rastreamento. “Isso é, ele envelopava o aparelho para cometer crimes”, afirmou.

Para emprestar dinheiro e cobrar os juros, o detento, de acordo com Rodrigues, roubava até mesmo os rivais de tráfico e matava quem tomava conta das bocas de fumo da área. “Também roubava carros de luxo e fazia desmanche para ganhar dinheiro. E alugava armas para os outros bandidos. O detento tinha um arsenal de pistolas”, detalhou o delegado.

'Operação Tarrafa'

Ao todo, 150 policiais civis participaram da 'Operação Tarrafa', entre delegados, agentes e escrivães, coordenados pela Diretoria Integrada Metropolitana. Segundo a polícia, o nome da operação se deve ao fato da maioria dos crimes terem sido praticados no bairro de Peixinhos, fazendo alusão ao tipo de rede utilizada na pesca. A ação faz parte do programa Pacto pela Vida, do governo estadual. Os mandados foram expedidos pela 2ª Vara Criminal da Comarca de Olinda. Os suspeitos presos e o material apreendido foram levados para o Departamento de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Depatri), no bairro de Afogados, na Zona Oeste do Recife.

Al Capone

Alphonse Gabriel "Al" Capone foi um gângster ítalo-americano que liderou um grupo criminoso dedicado ao contrabando e venda de bebidas entre outras atividades ilegais, durante a Lei Seca que vigorou nos Estados Unidos nas décadas de 20 e 30. Considerado por muitos como o maior gângster dos Estados Unidos. Ganhou o apelido de Scarface ("Cara de Cicatriz"), devido a uma cicatriz em seu rosto.

Em 1931, Capone foi condenado pela justiça americana por sonegação de impostos, com onze anos de prisão sem condicional. Sua pena foi revisada em 1939, em decorrência de seu estado de saúde. Ele contraiu sífilis e tuberculose no Presídio da Ilha de Alcatraz, em São Francisoc, na Califórnia, onde morreu em 1947.

Penitenciária Agroindustrial São João, em Itamaracá, abrigava o chefe da quadrilha (Foto: Thays Estarque/G1

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