Prometrópole avança na Bacia do Beberibe, dando nova esperança de vida aos moradores do limite entre as cidades irmãs, que hoje estão em festa
É pela Bacia do Beberibe que o Recife e Olinda fazem jus ao apelido de cidades irmãs e dão nova configuração ao limite entre ambas. Idealizado há dez anos e posto em prática há seis, o Programa de Infraestrutura em Áreas de Baixa Renda da Região Metropolitana do Recife (Prometrópole) destravou e executou 38% das obras nos últimos dois anos, concluindo metade do projeto. Hoje, aniversário de 472 e 474 anos da capital e de Olinda, respectivamente, moradores de bairros como Campo Grande, Campina do Barreto, Peixinhos e Passarinho visualizam o início de um tempo em que acessibilidade, saneamento e habitação andam de mãos dadas.
Financiado pelo Banco Mundial (Bird) com contrapartida do Estado e das duas cidades, o Prometrópole requalifica 15 localidades onde vivem 35 mil pessoas. Dos US$ 84 milhões, 52% já foram aplicados em pavimentação, drenagem, abertura de vias, esgotamento e habitação. Se entre 2003 e 2006 o programa emperrou e arriscava ser cancelado, desde 2007 se regulariza. Somente o Estado pulou de R$ 10 milhões investidos até 2006 para R$ 66 milhões, em 2007 e 2008. O salto rendeu prorrogação do contrato com o Bird, que terminaria ano passado, até setembro de 2010.
Uma das obras de impacto, o prolongamento da Avenida Professor José dos Anjos, Zona Norte do Recife, acaba em 2010. Poderia sair antes, não fosse o atraso da Prefeitura do Recife. É que a margem direita ficou com o Estado, enquanto a esquerda é da PCR. No lado direito, faltam 400 dos 1,2 mil metros do trecho entre as Ruas Jerônimo Vilela e Correia de Brito, dando opção de acesso a Olinda. No outro lado da via, que margeia o Canal Vasco da Gama-Arruda, o que se vê são casas ainda sendo derrubadas para dar lugar à pista.
“Tivemos problema por causa das últimas chuvas. A remoção de moradores tem sido difícil”, justifica o gerente-geral do Prometrópole pela PCR, engenheiro Charles Andrada. Em Saramandaia (Campo Grande, Zona Norte), vizinha à Professor José dos Anjos, as 300 casas erguidas pelo Estado estão em acabamento. Em maio, ex-moradores de barracos como Joseane Romão, 38 anos, chegam ao conjunto. “O ruim é que só tem um quarto, e tenho seis filhos. Mas vou sair da lama e do meio dos ratos e baratas.”
No Arruda, moradores sentem efeitos da intervenção no Canal do Jacarezinho. Antes responsável por alagamentos na Rua das Moças, teve 670 metros revestidos, faltando 100. Além de se ver livre da cheia, o porteiro Adeílson Ferreira, 35, pode deixar o filho de 4 anos brincar na rua. “Fazíamos retorno enorme para ir de Chão de Estrelas a Campo Grande. Era lama e bicho morto. Melhorou para pedestres, ciclistas, motoristas.”
Olinda finaliza o revestimento do Canal da Malária. Segundo Enilson Hipólito, coordenador-geral do Prometrópole no município, restam 50 dos 1,2 mil metros. A avenida que o margeia e ligará a comunidade V8 à Avenida Presidente Kennedy também está em obras, com 380 novas casas. “Meus oito filhos não passam pela lama para ir à escola”, disse a dona de casa Maria Betânia Silva, 38.
O corredor exclusivo para ônibus da Presidente Kennedy sai até março de 2010, garante a coordenadora em exercício do Prometrópole no Estado, Adriana Porto, da Secretaria de Planejamento. A obra de três das oito paradas de ônibus e a drenagem estão em curso.
Para o prefeito do Recife, João da Costa, o programa vai além da urbanização. “As políticas públicas mudarão a cara da Bacia do Beberibe e trarão diversos benefícios, como conscientização ambiental e acompanhamento social para os moradores durante seis meses após as obras”, declarou.
Jornal do Commercio
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