quinta-feira, 12 de março de 2009
Recife e Olinda, "quero cantar!"
As duas cidades que fazem aniversário no dia de hoje são protagonistas de um repertório musical que vai do lírico ao contemporâneo
Michelle de Assumpção // Diario
michelleassumpcao.pe@diariosassociados.com.br
Não há números que provem, mas Recife e Olinda são cidades que habitam o imaginário popular brasileiro, muito fortemente, através de sua música. A despeito do crescimento de qualquer setor da economia, Recife é a cidade "do frevo e do maracatu", e também do brega e de tudo que convencionou-se chamar fuleragem music.
Arte: Greg/DP
A tríade "samba, futebol e carnaval", que resume o país no exterior, aqui se amplia para carnaval, frevo, ciranda, maracatu, coco, cavalo-marinho, rock, pop, funk, punk... Nenhum pesquisador foi a fundo no assunto, mas não se observa na música de outros estados uma devoção tão grande à sua própria cidade.
"No Recife existe o amor nativo, a coisa de ser uma cidade libertária, de uma história voltada para a busca da libertação dos escravos, da democracia, sempre existiram esses temas muito latentes, eu acho que a música sempre carregou isso", reflete o pesquisador Renato Phaelente, autor do livro O Recife na Música PopularBrasileira. Olinda, segundo ele, não foi tão cantada quanto o Recife. No caso do Carnaval, aí sim a Cidade Patrimônio realmente tem um destaque.
Seria até um bom mote para uma votação pública: Hino do Elefante, de Clídio Nigro (Olinda, quero cantar/ a ti, esta canção...) ou Olinda Cidade Eterna (Olinda, cidade heróica/ monumento secular/ Da velha geração), de Capiba? Conta Phaelante que, certo Carnaval, Chico Buarque viu uma massa cantando "Olinda, quero cantar#" E disse ao próprio Clídio que ele sim era um verdadeiro compositor popular. Capiba, no entanto, foi querido no Brasil, sua música é mais antiga e atravessou gerações.
Entre as canções que ultrapassaram barreiras está a série Frevo (Nº 1, 2 e 3), de Antonio Maria; sendo a primeira, a mais famosa, na interpretação de Maria Bethânia (Ai, ai saudade, saudade tão grande#). Antes disso, em 1977, Orlando Dias espalhava pelo Rio sua versão para Recife manhã de sol (Vejo o Recife prateado/ à luz da lua que surgiu#), de J. Michiles, que fez a música para o festival Uma canção para o Recife, de 1966. Voltei Recife, de Luiz Bandeira, também tem peso na história.
"Em músicas de vários ritmos tem hoje o nome da cidade. No maracatu, no frevo de rua", aponta o pesquisador Phaelante. De fato, somente cresceu a reverência explícita ao Recife. Nos anos 90, o movimento mangue consagrou a inspiração da cidade sobre sua música (ou seria o contrário?). Enquanto as cantatas à Olinda permaneciam no imaginário do sol, do mar, das morenas tropicanas e das chuvas de cajus; Recife foi cantada em seu crescimento econômico e cultural, mas também no seu caos, na sua fedentina e exploração imobiliária e comercial. Não resta dúvidas que as composições de Chico Science marcaram época e refizeram o imaginário da cidade.
"Andando por entre os becos/ andando em coletivos/ ninguém foge ao cheiro sujo/ da lama ao maguetown", cantou CSNZ em Manguetown. "E a cidade se apresenta centro das ambições/ Para mendigos ou ricos e outras armações/ coletivos, automóveis, motos e metrôs/ trabalhadores, patrões, policiais, camelôs/ a cidade não para a cidade só cresce/ o de cima sobe e o debaixo desce", disseram em A cidade. Mais emblemáticas não existiram.
Alceu Valença concorda com a hipótese de ser ele quem mais cantou Olinda. "Eu venho cantando Olinda desde 1972, diz o compositor de Marim dos Caetés (Olinda, tens a paz dos Mosteiros da Índia/ Tu és linda pra mim és ainda / minha mulher...). Recife não ficou de fora de suas criações. Pelas ruas que andei talvez sintetize mais esse momento: "Na Madalena revi teu nome/ Na Boa Vista quis te encontrar/ Rua do Sol, da Boa Hora/ Rua da Aurora, vou caminhar...". "O povo todo pensa que eu sou de Olinda. Olinda inspira e me faz respirar. Ela é vital. Olinda é mãe e Recife é um pai pra mim", diz o menestrel.
O mestre Erasto Vasconcelos mora em Paulista e já fez música até para Maranguape. Seu cancioneiro olindense no entanto é obrigatório para turista, visitante e morador. "Eu cheguei nos Quatro Cantos /Olhei a rua 13 de Maio/ Segui São Bento, segui Amparo/ Fui parar no Bonsucesso/ me lembrei de Buenos Aires...", o afoxé Guia de Olinda conduz o ouvinte para cada lugar histórico da cidade Alta. Nesse dia de aniversário das cidades irmãs, trilhas sonoras não irão faltar.
http://www.diariodepernambuco.com.br/2009/03/12/viver1_0.asp
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Um comentário:
olá meu nome é eduarda eu tenho 13 anos e moro em ctba pr. eu gostaria de dizer o meu grande sonho q é cantar desde de pequena eu canto e dizem q a minha voz é linda.. eu keria muito postar esse meu talento eu amo cantar. e queria uma chance pois é isso q gosto de fazer...
muito obrigado espero q me ajudem..
bjsss
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