sábado, 17 de novembro de 2007

Serviço sem plantão em Olinda

OLINDA // Pronto-Atendimento Adulto fecha as portas para os pacientes por falta de médicos

Toda sexta-feira é a mesma coisa. Pelo menos nas últimas três delas o cenário de desolação é o mesmo. O Serviço de Pronto-Atendimento Adulto de Olinda, o único para adultos do município, localizado na Avenida Getúlio Vargas, no Bairro Novo, ficou sem plantão médico pela manhã e à tarde. O problema se repete há três finais de semana, segundo informação dos próprios funcionários da unidade de saúde. Ontem, desde as 7h, as portas de vidro ficaram fechadas para os pacientes, uma média de 200 ao longo do dia. Quem chegava à procura de médicos era encaminhado para a policlínica mais próxima, no caso, a de Campina do Barreto, no Recife.

Manoel Lopes do Nascimento, 32 anos, tinha todos os sintomas da catapora quando procurou o ambulatório, na tarde de ontem. Foi informado por uma auxiliar de enfermagem de que o local estava fechado. "Não sabia dessa situação. E agora? Para onde devo ir? Será que é catapora mesmo e preciso ir para o médico? Acho que é sim porque minha filha teve catapora há pouco tempo", concluiu, depois de passar três dias cheio de bolhas pelo corpo todo.

Outro paciente desolado era Manoel Heleno da Silva, 58. Ele passou pela mesma saga ontem à tarde. Dentro de um carro, sem condições de ficar de pé ou mesmo falar, ele também precisou buscar ajuda em outra unidade de saúde. "Ele tem alcoolismo e está com sintomas de abstinência porque está tremendo muito", comentou um parente, que dirigia o veículo. Manoel foi orientado a procurar a Policlínica de Campina do Barreto, assim como todos os outros pacientes ao longo do dia.

A enfermeira Cássia Mendes, chefe do plantão no Serviço de Pronto-Atendimento, disse que a situação somente ficaria normalizada a partir das 19h, quando chegariam três médicos clínicos. "Cada plantão tem três médicos clínicos. Só que no plantão das 7h às 19h há um médico de licença e o outro pediu para ser transferido para o outro horário, da noite. Só temos um clínico aqui no horário diurno que atende apenas situações de emergência. Há três sextas-feiras acontece isso", comentou, sem sair da unidade, que tinha as portas fechadas, com o reforço de cadeiras de plástico pelo lado de dentro. Segundo Cássia, em meio aos 200 atendimentos por dia, apenas cerca de dez são de urgência. "O restante é para o ambulatório", informou.

Sindicato - Além de um médico clínico, o plantão diurno contou com sete auxiliares de enfermagem e uma enfermeira. O presidente do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), Mário Fernando Lins, disse que o município está enfrentando o problema de falta de médicos porque os salários pagos são muito baixos. "Temos informações de finais de semana que não há médicos, principalmente aos domingos", afirmou. Lins disse que tem uma reunião marcada com a prefeita de Olinda, Luciana Santos, na próxima segunda-feira, às 14h, para discutir o assunto. De acordo com dados do Simepe, um médico diarista recebe em Olinda um salário de R$ 1 mil. O plantonista recebe R$ 1.777.

http://www.pernambuco.com/diario/2007/11/17/urbana6_0.asp

Nenhum comentário: