domingo, 25 de novembro de 2007

Oficina Guianases de Gravura


Movimento reuniu, na década de 70, artistas como João Câmara, Delano, Gil Vicente e Gilvan Samico, que produziram gravuras hoje consideradas históricas .Um espaço onde artistas renomados nacionalmente e iniciantes, reunidos em regime de sociedade civil, sem fins lucrativos, pudessem trocar experiências e produzir gravuras com grande apuro técnico e um controle rigoroso na qualidade de impressão. Tudo isso sem investimento do poder público, apenas com recursos dos próprios artistas e colaboradores. Utopia de hoje, esse lugar de fato existiu. O Olinda Arte em Toda Parte promove este ano a exposição Oficina Guaianases de Gravura – anos 70, de 23 de novembro a 2 de dezembro no Atelier das Artes, em Olinda, para homenagear este espaço, onde foram produzidas séries de gravuras de artistas de grande importância no cenário nacional, como João Câmara e Delano, seus fundadores. A maioria das imagens agora faz parte do acervo da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

As mais de 50 imagens integrantes da exposição fazem parte do grupo de cerca de 2030 litogravuras, produzidas entre os anos de 1975 e 1980, que compõem a Coleção Histórica da Oficina Guaianases de Gravura. A coleção encontra-se, atualmente, na Biblioteca Joaquim Cardoso, no Centro de Artes e Comunicação da UFPE. Assinam algumas dessas obras, além dos fundadores da oficina, uma vasta lista de artistas plásticos de grande importância no cenário cultural brasileiro, como Gil Vicente, Gilvan Samico, Guita Charifker, Luciano Pinheiro, Romero Andrade Lima e Tereza Costa Rêgo, dentre muitos outros. A importância histórica da Guaianases faz com que toda a situação que surgiu a partir da sua criação seja considerada por alguns teóricos como um movimento artístico.

A Oficina Guaianases de Gravura nasceu na década de 70, mais exatamente em 1974, quando o artista plástico João Câmara, que havia adquirido prensas e pedras litográficas de uma antiga litografia industrial, instalou, junto com o também artista plástico Delano, uma oficina no bairro de Campo Grande, na rua Guaianases, no Recife. A idéia era formar uma sociedade em torno do trabalho de arte, por isso, o espaço era freqüentado por diversas pessoas, divididas em sócios artistas e sócios colaboradores.Constituída a sociedade, em 1979, a Guaianases passou a funcionar no Mercado da Ribeira, em Olinda, utilizando o salão para as diversas exposições e o subsolo para a oficina propriamente dita. Além das exposições na Ribeira, a Oficina Guaianases de Gravura realizou mostras coletivas de seus sócios em várias outras cidades brasileiras como Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Curitiba, Salvador e Fortaleza.

A primeira série produzida pela Guaianases foi a Cenas da Vida Brasileira (1976), do próprio João Câmara. Ele pesquisou a técnica da litografia, modalidade de gravura que utiliza a pedra litográfica como matriz, e preparou Alberto de Souza Barros e Hélio Soares, dois impressores vindos da prática da litografia industrial, para trabalharem com impressão de obras artísticas. Eles eram responsáveis pela tiragem, que nesse tipo de técnica é geralmente um trabalho em dupla. Os artistas eram estimulados a gravarem eles mesmos suas matrizes, mas podiam contar com o apoio dos impressores ou de outros artistas. Atualmente, a UFPE mantém um site com cerca de 950 imagens das obras que tiveram sua veiculação autorizada. O sítio está em fase de finalização. Ainda serão inseridos o histórico do movimento e a biografia dos artistas plásticos.

Exposição Guaianases de Gravura – Anos 70 - litogravuras produzidas na Oficina Guaianases( 1975 a 1980) da Coleção Histórica da Oficina Guaianases (acervo UFPE) - Ateliê das Artes – R. de São Bento, 233, Varadouro - Até a 2 próximo - Seg. a sex., das 9h às 19h, sáb. e dom., das 15h às 21h - (http://www.ufpe.br/guaianases/)

Foto: Divulgação/ www.ufpe.br/guaianases

http://sonialopes.com.br/index.php/2007/11/23/oficina-guaianases/

Nenhum comentário: