sábado, 3 de novembro de 2007

Saúde: Maternidade em dificuldades

Considerada modelo em 2006 pelo Ministério da Saúde por causa do programa de humanização, a maternidade municipal Brites de Albuquerque, em Olinda, enfrenta uma grave crise. Dos 21 obstetras, 11 pediram demissão. Resultado: partos e curetagens só estão sendo realizados às segundas e terças-feiras, quando há equipes completas de obstetras, com três médicos dessa especialidade por plantão. No resto da semana, as grávidas são encaminhadas para o Hospital Tricentenário (também em Olinda, vinculado à prefeitura) ou para a Maternidade de Abreu e Lima. A situação começou a ficar crítica há três meses, quando começou a haver restrições nos atendimentos nos plantões de final de semana. Mas, no mês passado a crise foi ainda pior. Dos 310 partos que eram realizados mensalmente, só estão sendo feitos entre 140 e 150, segundo o secretário de Saúde do município, João Veiga.

De acordo com o secretário, somente aos sábados não há obstetra de plantão. Mas funcionários da maternidade afirmam que, exceto às segundas e terças,os obstetras só passam lá para avaliar a evolução das pacientes internadas e vão embora. João Veiga afirmou que as demissões estão ocorrendo por causa dos baixos salários. Um plantonista em Olinda recebe R$ 1.777, valor que já engloba as gratificações. Eles reivindicam R$ 2,9 mil, enquanto os diaristas querem subir os vencimentos de R$ 1 mil para R$ 1,9 mil. "Não é culpa dos médicos nem da maternidade. O salário que eles pedem é justo. O que a gente paga é muito pouco", reconheceu o secretário.

Segundo Veiga, ontem ele recebeu um telefonema do secretário de saúde do estado, Jorge Gomes, afirmando que ele e o governador, Eduardo Campos, vão impedir que a maternidade Brites de Albuquerque feche. João Veiga afirmou que o governo do estado sinalizou que vai pagar R$ 1 mil a mais por médico, para complementar o salário. "Cerca de 40% dos nossos atendimentos não são de pacientes de Olinda. Se a maternidade fechar, 11 municípios da parte norte da Região Metropolitana do Recife serão prejudicados, como Paulista, Abreu e Lima e Goiana", afirmou. Segundo ele, caso chegue a ajuda do governo do estado, ele conseguiria recompor o quadro de obstetras em 15 dias, chamando novamente os profissionais que pediram exoneração. "Eles são bons médicos. Não foram irresponsáveis", justificou.

De acordo com o secretário municipal, o quadro de neonatologistas também está desfalcado. Dos 14, dois pediram demissão. Segundo o secretário, a maternidade existe há 16 anos. São 24 leitos. Atualmente três mulheres e três bebês estão internados.

http://www.pernambuco.com/diario/2007/11/03/urbana6_0.asp

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