domingo, 22 de junho de 2008

Coco e Acorda Povo no São João de Olinda

Festejo em torno do Pneu

No dia 29, quando o sol está perto de se pôr, pescadores de Olinda partem pela beira-mar na procissão em homenagem a São Pedro. Momento de preces, agradecimentos e oferendas ao santo padroeiro. Terminado o ato religioso, todos se reúnem na subida do Amaro Branco em torno de um objeto bem inusitado. Retirado da praia do Janga por Ivo da Janoca e colocado na praça da comunidade olindense há 19 anos, o pneu junta a seu redor cachaça, gente e pandeiro. O Coco do Pneu é festa certeira de diversão para os moradores do Amaro Branco e visitantes encantados com a roda de som e rimas que se forma todos os anos no local. O movimento chamou atenção da cineasta Mariana Fortes, que lançou o documentário O coco, a roda, o pneu e o farol, pela Mariola Filmes.

Lú do Pneu, filho de Ivo da Janoca, é quem mantém a brincadeira e puxa o coco até o amanhecer ao lado de outros coquistas da cidade como Ferrugem (foto), Pombo Roxo, Dona Glorinha, Dona Margarida, Dona Montinha e convidadas de outras brincadeiras como Ana Lúcia (do Acorda Povo) e Beth de Oxum (do Coco de Umbigada).

Dia 29, domingo, a partir das 19h. Praça do Amaro Branco, Olinda.

No Amaro Branco, o povo não dorme

O Acorda Povo do Amaro Branco é iluminado. Não só pelas velas que clareiam lanternas de estrelas em papel celofane. Também porque carrega uma história bonita de se ver e ouvir. A procissão que segue a bandeira de São João pelas ruas do Sítio Histórico de Olinda é uma herança deixada pela maior coquista da comunidade. Dona Jovelina, falecida em 2001 aos 86 anos, foi a última mulher em conhecimento que pegava no ganzá para tirar cocos de improviso. Seu legado ficou nas mãos de Ana Lúcia, 64 anos, sua discípula.

Diferente do que se vê nas tradicionais Bandeiras de São João, os cânticos religiosos são deixados de lado para dar lugar a um coco rasgado, instigante. É assim, com bombos e pandeiros que soam alto pelas ladeiras, que Ana Lúcia mantém o Acorda Povo do Amaro Branco por mais de cinco décadas. Nos últimos anos, o público cresceu e por isso, neste domingo, a partir das 22h, os primeiros versos passarão a ser entoados no Largo do Amparo. De lá, o cortejo segue até a frente da casa de Ana Lúcia, pertinho dofarol de Olinda. Vai até de manhã e termina com o banho de São João.

Neste domingo, dia 22, às 22h. Saída do Largo do Amparo, Olinda. Fone: 3494-2743

Coco para mestres e divindades

São Pedro abençoa as habituais festas do dia 29 de junho do terreiro da Nação Xambá, no Portão do Gelo, Olinda. Por trás do rufar das alfaias, que caracterizam uma forma original de tocar coco, há a promessa da falecida yalorixá Mãe Biu, que resolveu que a partir de 1965 seu aniversário seria comemorado com uma grande festa. A tradição é mantida com rigor pelos filhos do terreiro e rendeu até a formação musical de alguns jovens da comunidade, que em 2001 formaram o grupo Bongar. Apesar de já ter ganhado vários palcos pelo Brasil, o Bongar não toca na festa. "Porque ela é da comunidade", explica o sobrinho-neto de Mãe Biu, Guitinho.

Por isso mesmo, às 10h, o povo começa a chegar. Ao meio-dia, o almoço temperado na casa é servido aos presentes. Depois é hora de degustar a "boa" batida da Xambá, geralmente preparada à base de jenipapo. Ânimos prontos, o coco segue até às 20h e atrai coquistas da região como Seu Fardinha, Seu Manoel, Seu Arruda e Célia de Seu Manoel. Por sua singularidade, a festa também reúne diversos artistas da cena local do estado.

Dia 29, domingo. Rua Severina Paraíso, Portão do Gelo, Olinda. Fone: 3443-1115.

http://www.pernambuco.com/diario/2008/06/22/viver1_0.asp

.

Nenhum comentário: