sexta-feira, 2 de maio de 2008

Parteiras reúnem-se em Olinda para discutir regulamentação da profissão


Sueli Carvalho

Iolando Lourenço
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Parteiras e parteiros tradicionais de todo o Brasil e de outros países estão reunidos desde segunda-feira (28) em Olinda (PE). Durante encontro, que vai até amanhã (3), eles discutem a regulamentação da profissão, os avanços do trabalho e as experiências profissionais.

Segundo a presidente da organização não-governamental (ONG) Cais do Parto, Sueli Carvalho, que organiza o encontro, existem hoje no Brasil cerca de 60 mil parteiras tradicionais trabalhando, principalmente nas regiões Nordeste, Norte e em Minas Gerais, sem ter a profissão reconhecida. "Nossa luta tem sido pelo reconhecimento da profissão", disse.

Sueli Carvalho informou que as parteiras prestam toda a assistência à gestante, fazem o parto e não recebem nada por isso. Segundo ela, no passado e em algumas regiões do país as parteiras eram presenteadas ao realizarem um parto, "mas nos últimos anos nem presentes as parteiras recebem".

"A gente luta pelo reconhecimento da profissão. Entendemos que após isso, caberá ao Estado a remuneração da parteira pelo serviço que ela prestar", disse a presidente da ONG. Segundo Sueli, há parteiras ainda muito jovens como há pessoas idosas que continuam fazendo partos por todo o interior do Brasil e até nas cidades. Ela citou o exemplo de uma parteira que mora no estado da Paraíba. "Ela tem mais de 90 anos e já fez mais de 9 mil partos".

Em entrevista à Agência Brasil, Sueli Carvalho, que trabalha há 33 anos como parteira e já fez mais de 5.500 partos, informou que as parteiras tradicionais, normalmente, começam o trabalho ainda jovens, ajudando as parteiras mais velhas, e "seguem o mesmo caminho". Segundo ela, o trabalho das parteiras é seguro e não coloca em risco a vida das parturientes.

"No caso da mortalidade materna em função do parto assistido por uma parteira, ela é mínima e pode até ser considerada inexpressiva. Se as mortes ocorrem, são por problemas graves que não seriam evitados nem nos hospitais", disse. E acrescentou: "A mortalidade neonatal foi grande até o início dos anos 80, mas diminuiu muito com o fim do uso de determinadas ervas que eram colocadas no cordão umbilical do bebê para acelerar o processo de cicatrização".

Dois projetos de lei, que pretendem regulamentar a profissão de parteiro tradicional, tramitam juntos na Câmara dos Deputados. O primeiro deles foi apresentado em 2006, o outro em 2007 pela deputada Janete Capiberibe (PSB-AP). A deputada está participando do encontro das parteiras e dos parteiros em Olinda. O projeto está tramitando na Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara.

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