terça-feira, 23 de junho de 2009

Jaca é atração nos pratos das cozinhas estreladas de Olinda

POR PEDRO LANDIM, RIO DE JANEIRO

Rio - Estava esperando essa oportunidade para desabafar. São poucas palavras, mas que podem salvar uma vida. Acreditem, o perigo é amarelo e vem do alto. Esse mesmo que agora escreve já se deparou com o vidro do carro espatifado e uma jaca monstruosa esparramada no banco de trás, em pacata rua do Jardim Botânico. Depois de 10 meses o cheiro saiu. Está rindo? Pois ouve só o que disse o chef pernambucano César Santos quando contei minha história trágica:

“Huum... Quando a ela cai madura do pé e se abre no chão é a melhor coisa do mundo. Hoje em dia são raras as oportunidades de se comer a jaca assim”.Três segundos para respirar. Precisamos encarar nossos fantasmas. Atirei o cardápio na mesa e olhei nos olhos do garçom: “Para mim, um Jacamarão a Cícero Dias”, afirmei, ao pedir o prato de camarão com molho de jaca, queijo coalho e arroz de coentro inventado por César no famoso Oficina do Sabor, em Olinda.

E foi assim, tendo como testemunha o sol que escorregava por trás das igrejas, que me reconciliei com a enigmática fruta de origem indiana, chamada pelos cientistas de Artocarpus Interglifoliam. “A jaca é amada ou odiada. Ao natural, é aconselhável comer de manhã, para melhor digestão”, alerta o chef César. No
restaurante, ele usa a compota, conforme ensinou na receita de hoje. “Utilizo os cubos de queijo frescal ou coalho para suavizar o doce”, ensina. E diz que considera as frutas em geral muito poderosas para a gente ficar apenas
mordendo e fazendo suco.

Nos restaurantes de Olinda, toda a ‘tropicalidade’ do litoral nordestino acaba nas mesas, como percebe quem já provou delícias como o filé de peixe com molhos de melado e laranja, purê de jerimum e couve frita do Marim (81-3429-8762), ou o camarão servido dentro do coco verde do Flor do Coco (81-3439-1749). São sabores,
e sobretudo cores retratadas nas telas de Cícero Dias (1907-2003), artista pernambucano que ganhou o mundo sem jamais perder o amor pela jaca. O prato foi criado pelo chef em sua homenagem, e eu me rendo. Vou mudar o carro de vaga e ser feliz.

JACAMARÃO A CÍCERO DIAS

INGREDIENTES
12 camarões médios
100 ml de azeite de oliva
100 g de queijo de frescal ou coalho em cubos
200 ml de leite de coco
50 g de manteiga
1/2 cebola em tirinhas
150 ml de doce de jaca
1 colher de sobremesa de mostarda amarela

PREPARO
Tempere os camarões com sal e pimenta do reino e leve uma frigideira ao fogo com um pouco de azeite. Deixe esquentar e salteie os camarões levemente. Reserve-os numa travessa. Em uma panela, jogue o restante do azeite, junte com a manteiga, refogue a cebola e acrescente o leite de coco e o doce de jaca. Tempere com a
mostarda, sal e pimenta. Desligue o fogo e acrescente o queijo. Misture com cuidado, adicione os camarões e sirva com o arroz de coentro.


http://odia.terra.com.br/portal/viagens/html/2009/6/jaca_e_atracao_nos_pratos_das_cozinhas_estreladas_de_olinda_19353.html


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