terça-feira, 2 de junho de 2009

Olinda: Montagem do Cirque du Soleil na mira do MPPE


Terraplenagem no Parque Memorial Arcoverde já foi iniciada. Será preciso ainda derrubar árvores para instalação do equipamento. Entidades protestam. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press

Promotor do Meio Ambiente de Olinda fez uma série de recomendações à Empetur sobre projeto

A instalação do Cirque du Soleil no Parque Memorial Arcoverde, que fica entre as cidades de Olinda e Recife, pode esbarrar em um impasse ecológico e paisagístico.
O promotor do Meio Ambiente de Olinda, André Felipe Menezes, recomendará à Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur) a não cortar, erradicar ou transplantar nenhuma árvore até que uma série de documentos seja apresentada ao Ministério Público de Pernambuco. A lista inclui um projeto que mostre como o parque vai ficar após a saída do circo, que se apresentará em julho. A recomendação será enviada hoje e a Empetur tem 72 horas para se manifestar, a partir do recebimento. Há risco de o assunto ir parar na Justiça caso as recomendações não sejam atendidas e até que outro local precise ser escolhido para que o Cirque du Soleil se apresente.

Ontem, o presidente da Empetur, José Ricardo Diniz, assinou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) elaborado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A Empetur coordena o parque. Pelo documento, a quantidade de árvores que serão cortadas foi limitada em, no máximo, 19. Cada uma seria transplantada ou compensada por três a quatro mudas a serem plantadas na mesma área. No início, chegou a ser cogitada a retirada de 50 árvores. Mas o promotor André Felipe Menezes já avisou: não se trata de uma questão matemática. Se esses exemplares estiverem estrategicamente localizados em harmonia arquitetônica com o entorno e o projeto paisagístico, o corte causará impacto ambiental e o Ministério Público não concordará com isso. Duas entidades ambientais se manifestaram contrárias aos cortes, noticiando o assunto ao MPPE.

Paisagismo - O projeto do parque é do paisagista Roberto Burle Marx. Ele antecede à colina histórica de Olinda e está inserido em uma área de tombamento geral de 10,8 quilômetros quadrados. O circo ocupará uma área de quatro hectares (40 mil m2), sendo metade destinada para estacionamento, onde não haverá corte de ávores, apenas colocação de brita, segundo a Empetur. Na recomendação queo promotor enviará à Empresa de Turismo são solicitados também o projeto original do Memorial e o de instalação do circo. "Não se trata apenas da defesa do meio ambiente, mas da cultura e da história de Pernambuco. Ficou acertado com a Empetur que nenhuma intervenção será feita sem que o Ministério Público esteja participando de todas as reuniões que antecederem qualquer medida", disse o promotor.

Caso a instalação do picadeiro possa causar impactos negativos ao meio ambiente e ao patrimônio cultural, o promotor André Felipe afirmou que poderá entrar com uma ação civil pública pedindo, até, que outro local seja escolhido. "Eu não acredito que na Região Metropolitana do Recife não exista outro lugar para receber um evento desse porte", afirmou. Ele soube pela reportagem da existência do TAC, mas José Ricardo Diniz disse que uma cópia será enviada ao Ministério Público. Segundo o superintendente do Iphan em Pernambuco, Frederico Almeida, o documento deverá ser assinado pela instituição que ele representa, a Empetur, a Prefeitura de Olinda e empresas envolvidas na instalação do circo. Em caso de descumprimento, haverá aplicação de multas. A Agência Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos recebeu o projeto de retirada das árvores na última sexta e só se pronunciará hoje.

José Ricardo Diniz informou que não serão afetadas espécies da área de preservação dos maguezais, plantas de grande porte ou centenárias. Ele afirmou que não há crime ambiental. Apesar dos boatos de que árvores já foram cortadas, a informação foi negada pela Empetur, pelo promotor André Felipe e pela assessoria de imprensa do Cirque du Soleil. A assessoria informou que nenhuma árvore será tocada enquanto não houver autorização oficial. Até o momento, foi iniciada a terraplenagem no local. As obras começaram há dez dias. Diniz informou que para instalação do circo será colocada uma lona asfáltica em parte do terreno, que servirá de ponto de partida para construção de quatro quadras oficiais de futebol de salão. A vinda do circo movimentará R$20 milhões em um mês. (Juliana Colares)


http://www.diariodepernambuco.com.br/2009/06/02/urbana1_0.asp

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