domingo, 22 de fevereiro de 2009
Carnaval em Olinda
Os blocos que saem às ruas são bem variados. Mas todos eles tem algo em comum: muito bom humor e nomes originais como é o caso do “Bloco Misto Anárquico”.
Os bonecos de Olinda são a referência do Carnaval e ganham destaque pelos seus mais de 3 metros de altura. São cerca de 100 bonecos gigantes que desfilam pelas ruas da cidade durante os dias de folia.
Em Olinda as ruas ainda são de pedra. Dispensam o asfalto e outras modernidades.
Nos 10 quilômetros da Cidade Alta cabem 27 igrejas. É a maior concentração de templos católicos por metro quadrado do país.
A cidade de Olinda original não existe mais. Foi destruída pelos holandeses há 368 anos. Poucas construções permaneceram conservadas, uma delas é o Convento de São Francisco com seus famosos azulejos portugueses.
Olinda possui um dos carnavais mais populares do Brasil. Não há trios elétricos em Olinda: a animação e o ritmo são mantidos pelos populares, que formam grupos de todos os matizes, com variados instrumentos e tocando as músicas que desejarem.
Olinda não possui um calendário fixo para seu Carnaval, todo dia é dia de folia. A cidade fica enfeitada quase o ano todo.
Olinda possui uma arquitetura muito rica que atrai turistas do Brasil inteiro, as ruas da cidade do Frevo são repletas de casarões coloridos e harmônicos.
Além de sua beleza natural, Olinda é também um dos mais importantes centros culturais do Brasil. Declarada, em 1982, Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade pela UNESCO, Olinda revive o esplendor do passado todos os anos durante o Carnaval, ao som do frevo e do maracatu.
Olinda é uma das cidades que possui um dos maiores números de Igrejas Católicas. Visitá-las é um roteiro que deve ser feito por todos os turistas que visitam a cidade.
Para realmente aproveitar a cidade pernambucana é preciso livrar-se de qualquer amarra. Ainda mais em tempos de Carnaval.
Versão tropical da velha Lisboa, Olinda também está erguida sobre sete colinas diante do Atlântico — que aqui, mais que um oceano a navegar na memória, é a moldura de uma cidade. Para percorrê-la, pensando bem, não haveria meio de transporte mais adequado para subir ladeiras, percorrer becos e deixar-se lamber pela brisa do mar que um bom e surrado par de tênis. Mas nem sempre. Embora esse pisante anatômico seja, em tese, o meio mais adequado para domar as ruas tão sinuosamente femininas, é preciso estar mais perto das pedras centenárias que calçam as ruas estreitas.
Portanto, a primeira regra prática para quem vem a estas paragens: as sandálias rasteiras são o calçado oficial da cidade. Só elas oferecem a intimidade — e, lá, o despojamento elegante — que Olinda exige. Oficialmente — e oficialmente apenas — conta-se que a cidade começou quando o fidalgo lusitano Duarte Coelho, incumbido da missão de povoar esta doce margem do Atlântico dentro do projeto colonial português, chegou por aqui, nos idos de 1530. Teve, então, seu primeiro alumbramento. "Oh, linda situação para se construir uma vila!", teria dito o barbudo, donatário da Capitania de Pernambuco, inaugurando, assim, o slogan turístico no país. O nome, aglutinado, acabou pegando.
Calendário oficial é algo que Olinda não preza com muito rigor — ou quase nenhum, sejamos claros. Mal virou o ano, a folia está nas ruas. Nas primeiras horas do dia 1º de janeiro já desciam ladeiras o estandarte e os acordes frevísticos do bloco Mole Não Entra — o nome alerta que pessoas sem o frêmito da folia não são bem-vindas. Até que a festa se dê por encerrada no começo o mestre Gilberto Freyre, que dedicou à cidade, no final dos anos 30, o Olinda: Guia Prático, Histórico e Sentimental de Cidade Brasileira. Na época, guias de viagem, no Brasil, eram pouco mais que excentricidade editorial. Mas Olinda, fêmea e ardilosa, impôs o tributo ao mestre.
A regra das sandálias vale para qualquer época. A menos que você venha a Olinda (370 mil moradores) no seu momento mais clássico e esfuziante. Entre o final do ano e as primeiras semanas após o Carnaval (quando as festas de ressaca consolam os já saudosos da folia recém-finada), apenas os velhos tênis o salvará. Pois o Carnaval já começou.
Olinda, diz uma de suas lendas, é mais ou menos como o universo: não tem início, meio e, com a (ou meados) de março, os dias aqui são marcados pelas prévias, acertos de marchas, batuques de maracatus e blocos ensaiando seus compassos em plena, anárquica, harmoniosa e democrática via pública. Todo santo dia, a partir da tarde, você vê algum desfile pelas ladeiras. Nos finais de semana, a concentração pode chegar a tal ponto que algum estrangeiro desavisado e bem capaz de deduzir que a festa já adentrou aqueles quatro dias oficiais em que costuma ocorrer no resto do país.
Em direção a Praça do Carmo, a Rua do Amparo muda de nome na altura dos Quatro Cantos — que, aliás, cruzamento de quatro ladeiras por onde passam todos os blocos da folia, é a esquina mais carnavalesca do mundo. Você já deve ter percebido o espírito das noites — e, claro, das tardes boêmias — desta cidade colonial. Como em Madri, a ordem aqui e salir de copas. Ou seja, um pit stop em cada ponto, meio dedo de prosa e ladeira acima, rumo ao próximo. Nada melhor nestes tempos de Lei Seca. O carro totalmente dispensável. Só um extraterrestre alugaria um automóvel para rodar por Olinda.
É de vários desses bares que os menos dispostos assistem aos blocos passarem — seja Carnaval ou não. Aos não-iniciados, a informação primordial: livre do isolamento dos cordões de Salvador e dos caros ingressos do Sambódromo carioca, a farra de Olinda realmente democrática. Basta chegar e brincar. A senha para a festa é apenas a fantasia. Sem ela você se sentiria um pinguim na Lapa carioca.
Os blocos são como o universo. Não carecem de razão para começar. Exemplo: há dez anos um grupo de amigos se reuniu num dos becos da cidade. O motivo era bolar uma maneira de animar, pela manhã, o Carnaval das crianças. Para isso, não mais que 20 pessoas envergavam fantasias de super-heróis. Resposta do tempo: hoje, todos os domingos carnavalescos, ao meio-dia, mais de 10 mil super-foliões saem do Alto da Sé para percorrer a cidade no bloco "Enquanto Isso, na Sala de Justiça".
O bloco reúne não só os mais óbvios super-heróis de gibi como também os mais inusitados. Dos rotineiros Superman e Mulher Maravilha até Supergostosa, Supermercado, Supertesão, Superdoidão, Super-8 e Super Mouse ou Super Bonder. O cidadão vestido de Supermercado traz na roupa os mais esquisitos artigos encontrados nas prateleiras das casas do gênero. O Carnaval é a prova de que pode haver harmonia no caos. Uma ressalva: para que você não fique refém da multidão, é preciso entender algumas noções da peculiar prática momesca.
O principal é perguntar pelo dia e hora exata (bem, nem tão exata assim) em que cada bloco sairá. Uma agenda mínima é imprescindível. Em segundo lugar, você precisa saber que as ladeiras principais estarão sempre repletas de gente, enquanto as secundárias são sempre mais transitáveis e, cá entre nós, bem mais animadas. Da para interagir melhor. Alguns blocos preferem desfilar nelas — e delas não saem.
Na tarde do chamado Sábado de Zé Pereira, uma moçada pra lá de esperta reverência a mais antiga escola de samba do Carnaval carioca no Hoje a Mangueira Entra. Acredite: enquanto um Maracanã se espreme no Ceroula, conhecido como o Galo da Madrugada de Olinda, que sai às 16 horas da Praça do Carmo, o vento consegue fazer a curva pelos foliões do Hoje a Mangueira...E tão relax que, dois anos atrás, até a Camila Pitanga deu as caras — mal cobertas por uma máscara mínima — ao lado do pai, Antônio.
Antes de seguir por mais atrações atemporais de Olinda, um pouco mais de agenda carnavalesca: no sábado e na terça-feira de folia, às 17 horas, saindo do Mosteiro de São Bento, a juventude dourada mostra com quantos passos se faz o frevo no Bloco Misto Anárquico e Carnavalesco Eu Acho E Pouco. Com mais de 30 anos, a agremiação agora é tocada pela segunda geração, a dos filhos dos fundadores. Todos desfilam de vermelho e amarelo, em homenagem a Espanha pós-franquista. Com um dragão alegórico à frente, sob o qual gente em busca de anonimato se abriga, o bloco não perde a pecha de esquerda festiva. Já fez prévias sob os temas Rala Bush e, recentemente, Sambarak do Obama.
O Poeta do azul, Carlos Pena Filho dizia que esta cidade não se toca. Seus versos: "Olinda é só para os olhos, não se apalpa, e só desejo. Ninguém diz: é lá que eu moro. Diz somente: é lá que eu vejo". Confirmando as palavras do poeta, Olinda é rasgada por outros mirantes. Outro conselho: vá ao Mercado da Ribeira e observe o Recife correndo ao fundo. Nas mãos, vai bem um sorvete de cajá ou mangaba da sorveteria vizinha. Nos pés, depois do Carnaval, nada mais que sandálias — o transporte oficial de Olinda —, agora, feliz e deliciosamente, bem gastas.
http://viagem.br.msn.com/especiais.aspx?cp-documentid=17960566
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