quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Bonecos gigantes, tradição do carnaval pernambucano


Ivy Farias
Enviada Especial da Agência Brasil

RECIFE E OLINDA - Foi em 1939 que surgiu, entre os foliões do carnaval de Olinda, o Homem da Meia-Noite, um boneco de mais de 3 metros de altura. Ele foi o pioneiro em uma tradição que começou como uma grande brincadeira e se tornou símbolo do carnaval de Pernambuco.


O Homem da Meia-Noite surgiu pelas mãos dos artistas plásticos Anacleto e Bernadino da Silva. “Em 1969, acharam que o Homem da Meia-Noite estava muito sozinho e criaram uma companheira para ele”, lembrou o artista plástico Silvio Botelho.


Assim, nasceu a Mulher do Dia. Os dois nunca se encontravam por causa dos horários que saem para desfilar. “Eles se ‘viram’ pela primeira vez em uma oficina de conserto e ‘fizeram’ o Menino da Tarde”, acrescentou Botelho.


Mesmo com os avanços tecnológicos, os bonecos gigantes de Olinda continuam “nascendo” de forma artesanal, disse Botelho à Agência Brasil. “Hoje, fazer um boneco dá o mesmo trabalho que antigamente. A diferença é que hoje um boneco, que antes pesava 30 quilos, sai do atelier com 10 [quilos]”, comentou o artista plástico, criador do terceiro boneco gigante de Olinda, o Menino da Tarde.


Para o artista plástico Jovenildo Bezerra da Silva, o Camarão, a tecnologia ajuda no processo de criação. “Procuro as fotos de pessoas na internet para criar os bonecos”. Este ano, ele usou um programa de buscas na rede para achar fotos do presidente americano Barack Obama. “Vi várias fotos dele para compor o rosto.”
Segundo Botelho, o tempo para confeccionar um boneco varia de 15 dias a um mês. “Faço o molde na argila. Depois, moldo com fibra, resina e uso massa plástica”.


Os artistas de Olinda não vivem apenas de carnaval. Eles trabalham o ano inteiro criando as obras para empresas e eventos. “Já viajei para os Estados Unidos, México, Cuba, Argentina e França levando os bonecos”, contou Botelho. O preço das obras varia de R$ 3 mil a R$ 30 mil.


Botelho se define como um guardião desses personagens da folia pernambucana, porque cuida da manutenção dos bonecos mais tradicionais de Olinda em seu atelier. “Todo ano, pinto e faço alguns ajustes neles”.


O artista plástico aprendeu sozinho as técnicas, mas faz questão de transmitir para os outros a arte de confeccionar bonecos. Camarão é um dos aprendizes de Botelho: “Comecei trabalhando com o ele e há 17 anos faço meus próprios bonecos”.


Para Botelho, criar os bonecos gigantes é uma missão importante para manter a folia de Momo em Olinda. “Não há carnaval sem boneco.”


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