Família de rapaz vítima de tentativa de homicídio no Carnaval cobra prisão de acusado. Jovem estava em parada de ônibus quando foi atingido por um tiro
Um tiro disparado na Segunda-Feira de Carnaval, em Olinda, no Grande Recife, mudou, há um mês e nove dias, a vida do estudante Pedro Henrique Câmara, 20 anos, e de sua família. Jogador de vôlei, estudante de direito, estagiário em um escritório de advocacia, o rapaz agora está preso a uma cama de hospital. A bala alojou-se no corpo de Pedro Henrique e atingiu sua medula. Ele está paraplégico, mas não se vê vivendo numa cadeira de rodas. Diz que vai fazer tudo o que for possível para voltar a andar e faz um apelo às autoridades. Que elas não deixem impune o homem que o colocou nessa situação.
Ontem, amigos e parentes fizeram um protesto em frente ao Ministério Público de Olinda para pressionar pela prisão do acusado. Já existe um mandado de prisão preventiva expedido contra ele, mas o suspeito continua solto.
A tentativa de homicídio ocorreu na noite da segunda-feira, por volta das 19h, quando Pedro Henrique estava numa parada de ônibus, acompanhado de um irmão e de amigos. Para desviar do trânsito engarrafado, o motorista de um Celta preto subiu a calçada e passou com o pneu em cima do pé do estudante. Pedro Henrique tentou defender-se, batendo no carro, e um homem que estava no banco de trás disparou um tiro, que atingiu o universitário um pouco abaixo do coração.
O rapaz foi levado para o Hospital da Restauração, onde passou uma semana internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Chegou a ser dado como morto numa das três paradas cardíacas que sofreu após a cirurgia, mas conseguiu ser reanimado. “Meu filho é muito forte, é um batalhador. Tem demonstrado uma força e uma vontade de viver impressionantes”, orgulha-se a mãe do estudante, a funcionária pública Sueli Cristina Câmara de Souza, 46. Ela disse que, desde o incidente, só teve energias para cuidar do filho, mas agora fará tudo o que for necessário para ver o acusado preso.
Segundo a família do universitário, o suspeito, identificado como Anderson Alves de Paula, 28, já responde a um processo por homicídio, que teria sido praticado em outubro do ano passado. “Apesar disso, ele continua livre. Queremos que o mandado de prisão preventiva que existe contra ele seja cumprido, para que outras famílias não passem a dor que nós estamos passando”, diz Silvia Câmara.
A advogada de Pedro Henrique, Nadja Vasconcelos, explicou que o caso está sendo investigado pela Delegacia de Olinda, mas o inquérito ainda não foi encaminhado à Justiça. Colegas da Faculdade Boa Viagem, onde Pedro Henrique cursa o 5º período de direito, estavam inconformados com a situação. “Ele é um jovem tranquilo, estudioso e incapaz de fazer mal a alguém. Não é justo que esse crime fique impune. Como futuros operadores do direito, precisamos exigir que a justiça seja feita”, afirmou Tiago Vinícius Feitosa, colega de turma de Pedro Henrique.
ENTREVISTA » PEDRO HENRIQUE CÂMARA
“Sei que vou voltar a andar”
O estudante Pedro Henrique Câmara não se entrega à tristeza. Mesmo sem sentir os membros inferiores, ele tem esperança de voltar a andar e diz encontrar forças no apoio que vem recebendo de amigos e familiares.
JC – Como aconteceu o disparo?
PEDRO HENRIQUE – Estávamos na parada aguardando o ônibus, quando um Celta preto subiu a calçada, para cortar caminho, e passou por cima do meu pé. Eu bati no carro para avisar e o cara que estava no banco de trás respondeu alguma coisa. Depois colocou o braço para fora e atirou. Eu apaguei na hora. Passei uma semana na UTI do Hospital da Restauração. Os médicos disseram que eu ter sobrevivido foi um milagre.
JC – Você passou por quantas cirurgias?
PEDRO HENRIQUE – Apenas uma. Mas tive três paradas cardíacas após a operação. Numa delas, já tinham me considerado morto. Aí os médicos conseguiram me reanimar. Sei que sou um vitorioso. Agradeço a Deus por estar vivo.
JC – Qual foi o momento mais difícil até agora?
PEDRO HENRIQUE – Sem dúvida, foi a hora em que os médicos me disseram que eu tinha tido uma grave lesão na medula. Eu não sinto nada da cintura para baixo. É muito difícil e doloroso. Mas tenho esperança. Sei que vou conseguir reverter essa situação.
JC – Você se vê vivendo numa cadeira de rodas?
PEDRO HENRIQUE – De jeito nenhum. Vou fazer fisioterapia, dar o melhor de mim no tratamento. Eu acredito que vou voltar a andar. Tenho essa certeza dentro de mim.
JC – Você chegou a ver o rosto do homem que atirou em você?
PEDRO HENRIQUE – Não. Vi apenas uma foto dele que estava na delegacia.
JC – Você acredita que ele vai ser preso?
PEDRO HENRIQUE – Considerando o que a gente ouve e conhece da Justiça brasileira, tenho medo que esse crime fique impune. Mas sei que os meus familiares e amigos farão tudo o que for possível para que isso não aconteça.
Jornal do Commercio
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Um comentário:
Pedro tem uma força impressionante!
Se depender de nós que o amamos, e dele com essa vontade de retomar sua vida, mesmo depois de tudo que passou, ele vai conseguir, tenho certeza!
Estou torcendo pela recuperação dele, e tenho certeza que Deus continuará ajudando. Acredito em você, Pedro.
Força!
Aline Torres
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