sábado, 18 de abril de 2009

Memória: Vítimas do regime militar homenageadas em Olinda

A Câmara de Vereadores de Olinda prestou ontem homenagem a quatro vítimas da repressão durante a ditadura militar em Pernambuco. Uma sessão solene, proposta pelo vereador Marcelo Santa Cruz (PT), marcou a passagem pelos 45 anos das mortes dos estudantes Jonas de Albuquerque Barros e Ivan da Rocha Aguiar, e pelos 40 anos da morte do padre Antônio Henrique Pereira Neto e do atentado contra o estudante Cândido Pinto de Melo. Parentes e amigos dos quatro estiveram presentes e as famílias das vítimas receberam diplomas pelos gestos de resistência. “Não podemos deixar esses fatos caírem no esquecimento”, afirmou Marcelo Santa Cruz, ao justificar a sessão solene.

Na solenidade, estavam presentes a viúva de Cândido Pinto, a enfermeira Joana Melo, irmãos de Jonas Albuquerque e de Ivan Rocha, e a irmã de padre Henrique, Isaías Pereira. Os parentes e amigos permearam seus discursos com desabafos, relatos de perseguição e até cobranças punição para quem cometeu os atos. “O Brasil precisa passar o passado a limpo. O Estado, que deveria garantir o cidadão, cometeu crimes contra a humanidade, que são imprescritíveis, mas ninguém é punido”, bradou o engenheiro eletricista Antônio Marinho, colega de turma de Cândido Pinto na Universidade Federal de Pernambuco, na década de 1960.

Então presidente da União dos Estudantes de Pernambuco (UEP), e filiado ao Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), Cândido Pinto foi baleado por um homem encapuzado quando esperava um ônibus na Ponte da Torre, em abril de 1969. Ficou paraplérgico aos 22 anos. Cândido morreu em 2002 vítima de embolia pulmunar.

Já os outros três homenageados não escaparam com vida da repressão. Um mês após ao atentado a Cândido Pinto, o padre Henrique, auxiliar do então arcebispo de Olinda e Recife dom Hélder Câmara, foi sequestrado e torturado até a morte. O crime teria sido uma “demonstração de força” aos que se opunham ao regime. Jonas Albuquerque e Ivan Aguiar foram mortos em 1º de abril de 1964, dia do golpe. Eles lideravam uma marcha de estudantes até o Palácio das Princesas em protesto contra a deposição do governador Miguel Arraes. Morreram vítimas de disparos dos militares.

Após a sessão solene, a odontóloga Marisa Barros, irmã de Jonas, autografou o livro Jonas! Presente... Agora e Sempre, de sua autoria, que conta o drama da família após a morte do estudante.


Jornal do Commercio

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