sexta-feira, 18 de janeiro de 2008
Gente de Olinda: Marianne Peretti
Marianne Peretti inventou a linguagem dos vitrais Escultora francesa radicada no Brasil,moradora de Olinda, especialista na arte do vidro e do ferro, completa 80 anos e é homenageada no Baile dos Artistas
Júlio Cavani
Da Equipe do Diario
Apesar de ter nascido na França, Marianne Peretti se considera uma artista brasileira. "Se eu não vivesse no Brasil, minha obra seria totalmente diferente", admite, ao comentar a presença de curvas, pássaros e cores luminosas em seus vitrais e esculturas. Ela começou a pintar em Paris, mas sua carreira e seu estilo só tomaram forma em Pernambuco, terra onde seu pai nasceu. Aos 80 anos, é a homenageada de 2008 no Baile dos Artistas, hoje, no Clube Português.
Foto: Inês Campelo/DP
Marianne Peretti não é a artista mais famosa de Pernambuco, mas sua obra é mais conhecida do que se imagina. O vitral da Catedral de Brasília é seu trabalho mais divulgado, construído a convite de Oscar Niemeyer, com quem colaborou em mais de dez projetos no Brasil e no exterior. No Recife, suas peças ornamentam pelo menos cinco igrejas e oito tribunais, além de diversos edifícios residenciais, prédios públicos e estabelecimentos empresariais.
"Marianne Perettti: uma artista que compreende o sentido das artes, da invenção das artes, para ser mais claro"
O vidro e o ferro são seus principais materiais de trabalho. Marianne desenha osprojetos no papel e depois acompanha, passo a passo, a construção dos objetos nas oficinas, que ela chega a visitar 20 vezes se for necessário. Uma escultura sua, com 13 metros de extensão, atravessou o Rio Amazonas de barco, dividida em pedaços, para ser levada de Belém a Manaus. Há trabalhos dela em espaços públicos na França, no Líbano e na Itália.
A artista começou a carreira com pinturas e ilustrações, que a levaram para a Bienal de São Paulo em 1959. Em Paris, Salvador Dalí chegou a visitar uma de suas exposições, como pode ser visto em uma foto publicada no site www.marianneperetti.com.br. Ela também chegou a fazer individuais em alguns dos principais museus do Brasil, como o Masp e o Paço Imperial. Em 1999, Marianne apareceu no cinema, como uma das protagonistas do filme Vitrais, de Cecília Araújo.
Ela conheceu Oscar Niemeyer por inciativa própria. Em uma visita ao Rio de Janeiro, resolveu simplesmente visitar o escritório do arquiteto e se apresentar a ele. Seu trabalho como vitralista teve início por influência de outra arquiteta, Janete Costa, que encomendou um projeto da artista para um apartamento. "Não me identifico com os vitrais antigos, como os das igrejas e palácios. É uma arte adormecida e decadente. Aquilo não tem nada a ver com meu trabalho. Eu criei uma maneira diferente de trabalhar com o vidro, criei uma linguagem", diferencia. "Eu trago sentimentos que têm a ver com a nossa sensibilidade moderna. A transparência permite que as paisagens entrem dentro dos ambientes."
Marianne adorou a homenagem do Baile dos Artistas, mas confessa que não gosta de Carnaval. "Minha obra não tem nada de carnavalesco." Ela mora em Olinda, na Cidade Alta, mas prefere não sair de casa durante os quatro dias de festa. Sua última exposição individual foi realizada há mais de dez anos, mas seu ateliê sempre abre as portas para o público no Olinda Arte em Toda Parte.
http://www.pernambuco.com/diario/2008/01/18/viver1_0.asp
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