terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Olinda não está vestida para a festa


Figuras gigantes com até oito metros de altura estão sendo produzidas. Artistas alegam que iniciaram o trabalho há apenas onze dias. Foto: Jaqueline Maia/DP

Carnaval // Artesãos correm contra o tempo para concluir ornamentos que irão decorar a cidade durante o reinado de Momo

O calendário na porta do escritório da fábrica de alegorias Mamulengo Só-riso, em Olinda, mostra a contagem regressiva. Faltam 11 dias para a largada oficial do carnaval e a cidade ainda não está vestida de acordo o figurino esperado. Os 70 artesãos do ateliê entraram na corrida para evitar que a multidão de foliões (calculada duas vezes maior do que os 400 mil habitantes da cidade) se depare com o vazio ou, pior, apenas com os sinais de obra inacabada na Avenida Sigismundo Gonçalves, a entrada principal da cidade. No que depender da vontade do cenografista responsável, Fernando Augusto, os elementos decorativos começam a ser instalados na Cidade Alta na próxima semana. Ainda assim, atrasados. A festa já invadiu as famosas ladeiras desde as últimas semanas.

Para acompanhar o tema 25 Anos de Patrimônio Cultural da Humanidade, o artista plástico afirmou que fará o maior carnaval de todos os tempos no que diz respeito às dimensões dos elementos decorativos. Fazem parte do projeto, entre outros personagens, bonecos gigantes e caboclos de lança com oito metros de altura. O tempo, no entanto, volta a ser problema e ameaça a instalação de uma peça surpresa e polêmica. "Vou guardar segredo porque tenho medo de que a peça seja proibida e depois porque não tenho certeza se teremos tempo de concluí-la. Mesmo que fique pronta, só será instalada nas vésperas para evitar problemas", disse Fernando Augusto. Ele informou que os artesãos começaram a trabalhar há apenas 11 dias.

"Demoramos para receber a autorização e isso acabou nos atrasando. Eu gostaria que já estivesse tudo pronto", afirmou o cenografista. O projeto cenográfico está orçado em R$ 500 mil e prevê a implantação de cinco grandes cenas (pólos de decoração). A maior parte será concentrada na praça da Prefeitura de Olinda. O Palácio dos Governadores receberá o palco batizado de Bens Móveis e Integrados do Patrimônio para representar as estruturas existentes nas igrejas como um altar e as imagens de rocas (bonecos com origem espanhola advindos dos marionetes).

"O palácio será rodeado por uma moldura de cajus que simbolizará as frutas tropicais brasileiras. A idéia é cobrir os três títulos, de patrimônio cultural, natural e de bonecos", acrescentou. Em frente à prefeitura, na Rua 10 de novembro, será instalado o palco Olinda Pátria dos Bonecos com imagens do Homem da Meia Noite e da Mulher do Dia. Já a lateral da prefeitura será dos maracatus com bonecos de Dona Santa, uma das mais importantes rainhas de maracatu, e dois cablocos de lança colorindo o espaço. "Esse palco é chamado de Viva o Patrimônio Vivo e nós celebraremos as tradições culturais", ressaltou. A diversidade de fauna e flora que ocupou o município quando o espaço ainda era coberto por mata atlântica também poderá ser vista nas sete onças pintadas que farão parte desse cenário.

Buracos - A Avenida Sigismundo Gonçalves pode ficar livre da interdição antes do carnaval. Os serviços de abertura de valas para embutir a fiação estão sendo realizados nas proximidades da Praça do Jacaré, dificultando o tráfego deveículos no local. Mas a prefeitura promete acabar com os buracos até quarta-feira da próxima semana. Até lá, os turistas e moradores terão de driblar mais esse problema no já caótico trânsito na cidade.

"As valas permanecerão fechadas durante todo o carnaval", adiantou a secretária de Patrimônio, Márcia Souto. Mas terminado a folia, a prefeitura pretende reabri-las. Até agora somente cerca de 40% dos serviços de embutimento do trecho, que compreende as avenidas Olinda, Santos Dumont e Sigismundo Gonçalves e Rua do Sol, foram executados. As obras, orçadas em R$ 6,3 milhões, integram um projeto maior, dividido em cinco etapas e que beneficiará principalmente a Cidade Alta. Todo o projeto está avaliado em R$ 30 milhões e será financiado pela Petrobras, via a Lei Rouanet.

http://www.pernambuco.com/diario/2008/01/22/urbana1_0.asp

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