quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Série revela a liberdade dos mascarados


Sérgio Lemos usa pinceladas soltas e telas de juta e papelão para ressaltar o lado tosco (e autêntico) dos papangus

Júlio Cavani // Diario
juliocavani.pe@diariosassociados.com.br

No lugar de uma visão idealizada e romântica do carnaval, Sérgio Lemos se interessa pela informalidade e pela
Pintor retrata máscaras clássicas e também cria seus próprios personagens na série que apresenta hoje, no Mac. Foto: Helder Tavares/DP/D.A Press
bagunça humana. Esse espírito anárquico se manifesta na exposição Papangus, que começa hoje no Museu de Arte Contemporânea (MAC), em Olinda. O artista percebeu que os mascarados têm um aspecto tosco que combina com seu estilo de pintar e ainda representam o desejo dos foliões de se libertarem das convenções sociais durante os quatro dias de festa.

Sérgio diz que não gosta quando os papangus são "bonitos demais". Para o artista, o aspecto tosco é um valor dessa expressão folclórica. "Em Bezerros, eles estão começando a usar máscaras de pierrô e colombina. Isso não tem nada a ver. Faz parte de outra cultura", acredita. Para reforçar esse aspecto rústico, o pintor adota pinceladas soltas, sem detalhismo, e usa telas de juta e papelão ondulado como superfícies que muitas vezes deformam as figuras.

Em seus quadros, é comum ver personagens bêbados, caídos no chão, ao lado de garrafas e latas de cachaça, com cachorros vira-latas como companheiros. Alguns comem coxinhas de galinha e as oferecem aos cães. Sérgio se interessa pelo lado autodestrutivo do folião, que aproveita o carnaval para se libertar de si mesmo, um ritual reforçado pelo uso de máscaras. A beleza plástica em si se manifesta mais em detalhes como os preenchimentos e estampas floridas dos roupões das fantasias.

Fantasia - Além de retratar máscaras clássicas e populares, Sérgio também cria seus próprios personagens. Muitos deles não parecem mascarados, como se as criaturas das fantasias adquirissem vida própria, em uma mistura entre ficção e realidade. Na abertura da exposição, será lançado um catálogo com textos assinados por Montez Magno e Marcos Cordeiro.

A exposição é formada por 20 pinturas que fazem parte de um conjunto de 90 quadros inspirados pela temática, adotada pelo artista desde 1999. Depois de Olinda, os Papangus de Sérgio Lemos vão para Portugal, Bélgica e Bulgária. Quando iniciou a série, ele resolveu privilegiar os brincantes de Bezerros, pois os considera mais interessantes e autênticos que os de Recife e Olinda, que teriam perdido a força, na opinião do artista, por causa de problemas como a falta de segurança (afinal, em meio a tanta criminalidade, ninguém quer um homem mascarado por perto de casa, mesmo estando em plena folia).

Serviço

Papangus, exposição de Sérgio Lemos
Quando: Abertura hoje, às 20h
Onde: Museu de Arte Contemporânea - MAC (Rua 13 de maio, 151, Varadouro)
Informações: 3429-2589


http://www.diariodepernambuco.com.br/2009/02/05/viver2_0.asp

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Acesse: www.olindaurgente.com.br
no Portal O Nordeste.com: www.onordeste.com

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