Ao ser apresentado, ontem, Anderson de Paula confessou ter disparado tiro no estudante de direito Pedro Henrique Câmara, no Carnaval de Olinda
Um dia depois de familiares e amigos do estudante de direito Pedro Henrique Câmara, 20 anos, protestarem para exigir a prisão do homem que deixou o rapaz paraplégico, a Polícia Civil chegou ao acusado. O vigilante Anderson Alves de Paula, 28, foi apresentado à imprensa, ontem, e confirmou ter atirado no universitário durante uma discussão na saída do Carnaval de Olinda, este ano. Diante das câmeras e da mãe de Pedro Henrique, que acompanhou parte da apresentação, Anderson Alves chorou e pediu perdão por tudo que provocou ao rapaz e a sua família.
O vigilante disse que só atirou, porque pensou que Pedro Henrique iria agredi-lo fisicamente durante a discussão. A tentativa de homicídio ocorreu na noite da segunda-feira de Carnaval, por volta das 19h, quando o estudante estava numa parada de ônibus, com amigos e um irmão. O motorista de um Celta preto subiu a calçada, tentando fugir do trânsito, e passou com o pneu em cima do pé do estudante. Pedro Henrique tentou defender-se, batendo no carro, e um homem que estava no banco de trás, o vigilante Anderson de Paula, disparou um tiro, que atingiu o universitário no tórax.
“Foi um ato de exaustão. Fiquei com receio de que ele (o estudante) e os amigos nos agredissem. Não queria ter feito isso com ele, de forma alguma. Me arrependo demais. Quero pedir perdão a ela e à família dele por toda dor que provoquei”, disse, aos prantos. Anderson Alves afirmou, ainda, que atirou para o alto, no momento em que Pedro Henrique batia no carro. “Não queria atingi-lo. Fiz o disparo para que eles parassem de balançar o carro. Fui armado para o Carnaval por medo da violência, apenas”, acrescentou.
Segundo o delegado de Olinda, Albéres Félix, o vigilante é suspeito de assassinar um rapaz identificado como Tiago, no Vasco da Gama, Zona Norte do Recife, em outubro do ano passado. “A vítima seria um desafeto dele. Em relação à tentativa de matar Pedro Henrique, o acusado foi preso em casa, no bairro de Casa Amarela, Zona Norte, onde permaneceu desde o crime, acreditando que não seria identificado. Mas conseguiram pegar a placa do veículo onde ele estava e chegamos através do condutor”, contou o delegado. Para a polícia, o motorista do Celta disse que fugiu do local porque foi coagido por Anderson Alves, mas poderá ser indiciado como co-autor da tentativa de homicídio. A namorada dele, que também estava no carro, provavelmente não será responsabilizada.
Bastante nervosa e aparada por parentes, a mãe de Pedro Henrique, Suely Câmara, 46, ainda se sensibilizou com o aparente arrependimento do acusado de ter deixado o filho dela paraplégico, mas foi dura quando soube que ele argumentou ter agido com medo de ser agredido pelo estudante. “Em nenhum momento meu filho tentou agredi-lo. Isso só mostra o quanto esse homem é insensível. Atirou no meu filho para matá-lo e nada pode justificar o que fez. Só espero que reflita sobre tudo que aconteceu”, disse.
Jornal do Commercio - 3/4/2009
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