terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Viagem ao coração do Recife e Olinda


Dois guias, que serão lançados hoje, na Livraria Cultura, propõem roteiros a pé para conhecer as cidades com o olhar admirado dos estrangeiros

Pollyanna Diniz // Diario
pollyannadiniz.pe@diariosassociados.com.br

O doutor em física Plínio dos Santos Filho e o arquiteto Francisco Carneiro da cunha lançam, nesta terça-feira, os livros Um dia em Olinda e Um dia em Recife. As publicações trazem rotas de turismo que podem ser feitas a pé.

O Museu Regional de Olinda, na Rua do Amparo, abriga em seu acervo uma peça rara: Maria Madalena, ex-prostituta, seguidora de Jesus, retratada como santa. Já no Convento da Conceição das Dorotéias Descalças, no Largo da Misericórdia, no Alto da Sé, uma outra imagem sacra incomum - Nossa Senhora grávida. O doutor em Física Plínio Santos-Filho e o arquiteto Francisco Carneiro da Cunha, que lançam hoje, às 19h, os livros Um dia em Olinda e Um dia em Recife, descobriram essas curiosidades durante andanças que fizeram pelas cidades irmãs.

Durante quase dois anos, saíam para se exercitar - uma obrigação que não tinham quando eram crianças e iam da Escola de Aplicação, então nas proximidades da Universidade Católica de Pernambuco, até os bairros do Espinheiro e Hipódromo, onde moravam - e se encantavam com a riqueza cultural, histórica e arquitetônica de Olinda e Recife. Os roteiros de passeios pelas manhãs de domingo foram sistematizados em guias práticos que servem aos turistas, mas principalmente aos moradores que pensam conhecer as cidades em que vivem. "Perdemos a capacidade de olhar para lugares a que estamos acostumados. Como eu e Chico passamos muito tempo fora, acho que temos o olhar de estrangeiros, de quem dá muito valor àquilo que tem", explica Plínio Santos-Filho, que morou 16 anos nos Estados Unidos.

Afora o olhar de visitante, é preciso ter a informação histórica para contextualizar monumentos, igrejas, praças e até pedras. Em frente ao Mercado da Ribeira, por exemplo, o calçamento é de pedras vulcânicas, provavelmente do século 16, vindas da Ilha da Madeira nos navios que chegavam às nossas terras carregados de rochas e voltavam com cana-de-açúcar.

Já no Recife, andando pelos bairros centrais da cidade, a Basílica e Convento do Carmo e a Matriz de Santo Antônio são representes do barroco que nasceu em Olinda e Recife e depois seguiu para Minas Gerais. Um detalhe é que, se em terras mineiras, a pedra utilizada para talhar esculturas era a sabão, em Pernambuco as imagens eram feitas de arrecifes - arenito e coral. Um pouco mais adiante, sempre percorrendo as ruas a pé, o contraste entre as urbanizações portuguesa e holandesa. "Na Praça da República, na antiga Praça do Diario, na Rua do Imperador, os traçados urbanos são ortogonais; as ruas fazem ângulos de 90° entre si. Esse é um traço típico de cidade planejada, deixado pelos holandeses", revela Francisco Carneiro.
Foto: Inês Campelo/ DP / D.A Press


Uma das árduas tarefas na confecção dos guias, que trazem quatro rotas para cada cidade e mais uma trilha expandida, foi a escolha das fotos. O acervo de imagens tem 23 mil fotografias, tiradas por Plínio Santos. Além dos detalhes arquitetônicos, as imagens e a observação criteriosa do ambiente revelam também uma deficiência nas políticas públicas de preservação do nosso patrimônio. "Olinda está em melhor estado, mas os bairros de Santo Antônio, São José e Boa Vista estão muito descuidados. É uma região de uma densidade cultural riquíssima, que precisa ser cuidada", complementaCarneiro.

Seções dedicadas exclusivamente à gastronomia e à arquitetura, além de mapas, complementam os livros, que foram editados pela Aerpa. A tiragem de cada um é de cinco mil exemplares. "Estamos com a tradução pronta para o inglês, em busca de apoio para publicar", finaliza Santos-Filho. Para os internautas, é possível ter acesso ao roteiro das trilhas em mp3 no site www.umdiaem.com .

http://www.diariodepernambuco.com.br/2009/02/10/viver1_0.asp

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