Sinônimo de liberdade para uns, o carnaval já vivido na Cidade Alta de Olinda pode representar também uma guerra. O conceito ganha forma nos tapumes e grades instalados em casas e estabelecimentos por seus proprietários para proteger as estruturas da degradação provocada pela multidão que invade as ruas. A preocupação vem crescendo há dois finais de semanas quando as prévias começaram a tomar conta das ladeiras e aumenta com a proximidade dos dias oficias de folia. A passagem dos animados visitantes deixa para trás garrafas, latas e copos plásticos. Sem esquecer dos indícios de que, durante a farra, postes e calçadas assumem o papel de banheiros públicos.
A tensão já é uma realidade para a moradora Alma Cavani que amanheceu na segunda-feira passada com uma mangueira e um escovão em mãos para limpar a frente de sua casa depois das prévias do domingo. "É quase uma guerra pois a cidade não está preparada para receber todos os visitantes. As pessoas, também sem educação, fazem xixi em todo lugar", disse a coordenadora de finanças da Sociedade Olindense de Defesa da Cidade Alta (Sodeca). Por conta do aborrecimento, a moradora irá instalar tapumes em frente à sua fachada. "É um custo extra, gastamos dinheiro. Mas nossa arquitetura é nosso maior patrimônio", ressaltou, lembrando que a Sodeca também irá instalar faixas educativas na Cidade Alta durante o Carnaval.
"São faixas destinadas aos foliões, lembrando que eles devem procurar, por exemplo, os banheiros públicos e os policiais da cidade caso tenham algum problema", ressaltou Alma. A implantação de sanitários, a garantia de proteção ao patrimônio histórico da cidade e o reforço na limpeza das ruas, entre outros aspectos, integram um documento repleto de solicitações encaminhado à Prefeitura de Olinda e ao Ministério Público pela Sodeca. "Não são solicitações novas e algumas já foram adotadas pelo município. Trata-se de uma estratégia para ampliar os cuidados e favorecer uma convivência pacífica entre os foliões e a cidade", afirmou o coordenador administrativo da sociedade, Alexandre Aguiar.
Acordo - Segundo Alma, a prefeitura vem aceitando bem as solicitações. "O problema é que algumas medidas ainda não foram adotadas e a festa já começou. Os banheiros instalados, por exemplo, não são suficientes", disse. Ela lembra ainda que o município precisa providenciar a instalação de tapumes nos pontos tombados, além da otimização da iluminação e das câmeras de segurança distribuídas pela Cidade Alta. A Secretaria de Patrimônio e Cultura da cidade destacou que as ações da prefeitura costumam ser decididas em acordo com a Sodeca e informou que irá marcar uma nova reunião com os representantes para discutir novas sugestões.
O município também informou que vem se preparando para as prévias com a instalação de banheiros públicos (químicos) em quantidades e locais definidos diante da programação do final de semana. Na área da limpeza haverá neste final de semana um reforço de 40 homens para a varrição e lavagem das calçadas e ladeiras. Nesse final de semana, a festa terá início com o acerto de marcha do Bloco Flor da Lira, às 19h30.
http://www.pernambuco.com/diario/2008/01/11/urbana11_0.asp
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