O PCdoB reuniu neste domingo (17) duas dezenas de quadros para debater um tema estratégico: como impulsionar a ação partidária nas três maiores cidades que elegeram prefeitos comunistas em outubro passado – Aracaju (SE), Olinda (PE) e Juazeiro (BA). O dia de intenso debate, na capital sergipana, revelou que estas cidades podem ser laboratórios da construção partidária, com enormes possibilidades nas áreas de comunicação, formação e organização.
Participaram do encontro presidentes e membros do secretariado dos Comitês Municipais das três cidades, e também dos respectivos Comitês Estaduais. A discussão se apoiou nos ensinamentos do marxista italiano Antonio Gramsci (1891-1937) sobre disputa e conquista de hegemonia pelos partidos comunistas.
Adalberto Monteiro, secretário nacional de Formação e Propaganda, destacou que se trata de uma questão nova para o PCdoB. Em 87 anos de existência, na grande maioria constrangido à clandestinidade, pela primeira vez o Partido Comunista está à frente de 41 administrações municipais. "É escassa a nossa experiência de governar", disse Adalberto, que defendeu "uma sinergia maior do Comitê Central com estas cidades".
A reunião constatou a grande diferença entre as três realidades em pauta: Aracaju, uma capital de estado; Olinda, uma grande cidade da Região Metropolitana do Recife (onde o PCdoB governa também em Camaragibe); e Juazeiro, município de porte médio e pólo de toda uma região do Vale do São Francisco. Olinda elegeu pela terceira vez consecutiva um prefeito do PCdoB, Renildo Calheiros. Em Aracaju, o prefeito Edvaldo Nogueira assumiu o cargo em 2006 e reelegeu-se em 2008. Já em Juazeiro, Isaac Carvalho governa desde janeiro último, após vencer nas urnas uma administração petista.
Olinda trouxe para o debate um lema construído no município em 2007: que é preciso construir "um partido para além da administração". Na Prefeitura há oito anos, que somarão 12 com o mandato em curso, o PCdoB olindense não admite a condição de apêndice da administração e trabalha por um projeto estratégico que avance mesmo na eventualidade de deixar o comando da administração.
A consigna não implica em subestimar o significado político de estar à frente da Prefeitura. Antes de eleger Luciana Santos prefeita, em 2000, a seção olindense do PCdoB era relativamente pequena. Oito anos depois, ela não só elegeu Renildo no primeiro turno, com 56% dos votos; também fez a maior bancada, quatro vereadores, com a maior votação, 40 mil votos, o dobro do segundo colocado; o PCdoB olindense conta com 2.200 filiados e 1.500 militantes; a base de apoio do prefeito compreende dez partidos e todos os 17 vereadores da cidade; não há um só vereador que faça oposição.
A reunião de domingo visou localizar os instrumentos e meios para seguir e desenvolver este exemplo, dotando as seções locais de fortes raízes político-ideológicas, organizativas e de massas. O sentido das ações é não só a defesa e a vitória das gestões administrativas mas também a perseguição do projeto estratégico do partido, como frisou Marcelino Granja, olindense e membro do Comitê Central do PCdoB.
A discussão evidenciou as grandes demandas na comunicação. Constatou também o potencial da comunicação via internet, por seu custo-benefício altamente favorável. E salientou o papel do rádio como veículo de grande penetração de massas nas três realidades. Travou-se um interessante debate sobre o conteúdo editorial das ações do PCdoB nestas realidades específicas, que não deve ser nem "imparcial" e nem "chapa-branca".
A área de formação colocou como meta a implantação de unidades da Escola do Partido nas três cidades. E também das seções locais da Fundação Maurício Grabois, visando estreitar o diálogo com a intelectualidade avançada e avançar na elaboração teórica sobre a realidade local. Na esfera da organização, destacou-se a filiação e a estruturação das Organizações de Base do partido com existência real e permanente.
A reunião descortinou toda uma agenda de trabalho, combinando tarefas e respondabilidades municipais, estaduais e nacionais, prenhe de estimulantes possibilidades. "Chegou a hora de capitalizar", observou Álisson Rone, presidente do PCdoB-SE, sobre a situação em Aracaju.
De Aracaju,
Bernardo Joffily
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