segunda-feira, 25 de maio de 2009

Olinda: Um prefeito com cacoete de deputado


Desde o início do ano, Renildo Calheiros já foi 10 vezes a Brasília

Gilvan Oliveira

goliveira@jc.com.br

Renildo Calheiros (PCdoB) renunciou em 31 de dezembro ao mandato de deputado federal para assumir a Prefeitura de Olinda. Mas não se desvencilhou totalmente da liturgia do Legislativo. A ponte aérea Olinda-Brasília ainda é parte da sua rotina. A cada 15 dias, o prefeito vai à Capital Federal para reuniões com ministros e presidentes de empresas públicas e encontros com deputados para discutir projetos. Até para mobilização de bancada ele já foi escalado. “Fui vice-líder e líder de bancada, por isso me procuram. Daqui de Olinda, tive que telefonar para deputados amigos para tratar de matérias polêmicas e garantir os votos deles”, afirma, sem revelar detalhes. Essa rotina de prefeito-deputado é necessária, segundo ele, para garantir convênios com a União, e buscar investimentos para a cidade. “O fato de conhecer as pessoas em postos-chaves é um capital que não podemos jogar fora”, justifica.

As viagens de Renildo a Brasília são bem mais frequentes que as dos seus colegas do Recife e de Jaboatão. Desde o início do ano, ele já fez 10 viagens à Capital Federal, duas por mês. O dobro das realizadas por João da Costa (PT) e Elias Gomes (PSDB). E a 11ª ida a Brasília já está marcada. Será entre terça e quinta-feira próximas. Ele informou que irá para tratar com diretores da Petrobras de um financiamento para o projeto de embutimento da fiação de todo o Sítio Histórico da cidade. Os recursos para a obra, R$ 18 milhões, seriam viabilizados através dos incentivos da Lei Rouanet – a empresa abateria do Imposto de Renda o valor aplicado.

Na campanha de 2008, um dos principais trunfos que Renildo apresentou foi sua capacidade de caçar recursos nos ministérios. Ele se colocou como responsável por ter viabilizado várias emendas parlamentares em favor da cidade. E que seu trânsito com autoridades em Brasília geraria mais dividendos, se eleito. Com a sua saída da Câmara, Renildo diz que Olinda ficou órfã de alguém para fazer o elo entre o município e a União e concretizar parcerias. Por isso, ele afirma que continua assumindo pessoalmente esse papel, “até repor essa representação de Olinda na Câmara”, avisa, em referência à provável candidatura a deputada federal da ex-prefeita Luciana Santos (PCdoB).

Renildo não faz mistério. Como a receita própria do município é baixa, aposta em convênios para alavancar sua gestão. Tanto que, nesses quase seis meses, as grandes intervenções urbanas na cidade estão se desenvolvendo graças a parcerias (ver arte na página 4). Segundo dados da prefeitura, estão em curso 49 convênios do município com ministérios: 18 com Cidades, 12 com Esportes, 11 com Saúde, 4 com Turismo e 4 quatro com Desenvolvimento Social. “Olinda tem uma arrecadação muito pequena. Nosso orçamento é de cerca de R$ 17 milhões mensais. Isso não é suficiente para sequer fazer a manutenção da cidade, imagine para fazer investimentos”, justifica o prefeito. A Secretaria da Fazenda informou que 50,49% dessa total está comprometido com o pagamento da folha. Para investimento, o município teria algo em torno de apenas R$ 2 milhões mensais.


Jornal do Commercio

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