Há 20 dias, os serviços de requalificação da via, em Olinda, foram paralisados por problemas técnicos, o que aumentou o sofrimento dos motoristas
A avenida do abandono. Assim deveria se chamar a Avenida Presidente Kennedy, um dos principais corredores viários de Olinda, município da Região Metropolitana do Recife. A via nunca viveu um momento de tanta degradação. Além dos históricos problemas de urbanização e, principalmente, de pavimentação, a via está sofrendo com a paralisação das obras de requalificação, suspensas pelo poder público há aproximadamente 20 dias por causa de impedimentos técnicos. É sofrimento certo e constante para os 36 mil motoristas que diariamente precisam passar pelo local.
A intervenção faz parte do Programa de Infraestrutura em Áreas de Baixa Renda da Região Metropolitana do Recife (Prometrópole), executado pelo governo do Estado em parceria com as Prefeituras do Recife e Olinda. Em execução há oito meses, a obra pretendia mudar a cara da Presidente Kennedy, transformando-a num corredor exclusivo de ônibus. Mas, até agora, só piorou a situação da via, conhecida entre os moradores não só de Olinda, mas do Grande Recife, como a avenida dos buracos. Em pelo menos dois pontos, onde estavam sendo feitas intervenções para construção das futuras paradas de ônibus, o tráfego está impraticável.
Os carros, principalmente os ônibus, utilizam a via porque não há outra opção para quem sai dos bairros situados nas imediações da Estrada do Caenga, na periferia de Olinda. Mas a dificuldade é visível. Num trecho de aproximadamente 500 metros, nas proximidades do bairro de Peixinhos, a Presidente Kennedy teve uma das pistas interditadas para substituição do pavimento, obrigando os veículos a dividir a segunda pista, separados apenas por cavaletes.
“Como se não bastasse essa confusão no trânsito, o dia inteiro, a obra está acumulando água, que retorna quando o Rio das Tripas transborda. A gente dorme e acorda com água de fossa na porta de casa. Além de tudo, existem inúmeros focos de dengue”, reclama a dona de casa Edilene de Castro, que há oito anos mora às margens da avenida e garante nunca ter presenciado tantos problemas. “As obras estavam sendo feitas há oito meses e 20 dias atrás todos os operários foram embora. Disseram que houve problema com o repasse de verbas”, acrescenta.
Sofrem moradores e, principalmente, as pessoas que dependem do transporte público. Gerente de operações da Empresa Caxangá, Marcelo Luna afirma que a operadora vem deixando de completar viagens e tendo inúmeras avarias nos coletivos por causa da precária situação da Presidente Kennedy. “Praticamente 90% da nossa operação é feita pela avenida. São 13 linhas de ônibus que estão sendo prejudicadas diretamente por causa do trecho em obras. Temos tido atrasos de 15 minutos nas viagens e as avarias atingem 40 coletivos por mês, o que representa um aumento de 15% nos danos mecânicos”, afirma.
Responsável pela intervenção na Presidente Kennedy, o coordenador de obras do Prometrópole, Joãozito Barros, explica que os trabalhos foram suspensos porque será necessário fazer uma mudança na técnica de pavimentação adotada anteriormente. “Teremos que utilizar um material mais resistente e somos obrigados a informar a mudança ao Banco Mundial, financiador do Prometrópole. Mas estamos preocupados e atentos à situação da via. Temos corrido para retomar as obras o mais rápido possível.”
Jornal do Commercio
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