domingo, 17 de maio de 2009

Olinda: Uma aula sobre o mangue registrada em fotografias


Projeto pedagógico leva alunos de escola estadual de Olinda a explorar o ecossistema de forma prática

Thatiana Pimentel // Especial para o Diario

Livros trocados por caranguejos. Ao invés de cadeiras, lama. No lugar de paredes, árvores. Essa foi a aula que cerca de 70 estudantes do ensino fundamental II da escola estadual Inês Borba, em Olinda, tiveram na última semana. Os meninos e meninas, de 12 a 16 anos, exploraram o mangue de Rio Doce com o objetivo de desenvolver uma pesquisa sobre o ecossistema e documentar tudo através de uma exposição fotográfica com 200 fotos em preto e branco, que será realizada até o fim do mês na própria escola e, em junho, no hall da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

A iniciativa faz parte do projeto pedagógico O mangue por trás das câmeras, idealizado pela professora de português Tatiana Campos que busca traçar com os estudantes um paralelo entre o mangue e as condições socioeconômicas das pessoas que sobrevivem do ecossistema. "A experiência, o empirismo, é comprovadamente uma das melhores maneiras de conhecermos algo novo. Além da visita ao mangue, utilizamos como fonte de pesquisa as músicas de Chico Science, textos de Josué de Castro e publicações científicas", explica a professora.

A ideia de transformar a pesquisa em um material de memória, com o uso das fotografias, permite que a experiência também chegue aos outros 450 alunos da escola. "Nosso objetivo principal é promover a cidadania. Quando o aluno conhece a vida fora dos muros da escola, ele se sensibiliza mais com a questões do meio ambiente e muda sua visão sobre a realidade vivida pelos moradores da localidade. Os preconceitos desaparecem", ressalta Tatiana.

O projeto começou no ano passado e reuniu mais de 240 fotografias, que ficaram expostas na Gerência Regional de Educação. Para o trabalho no mangue de Rio Doce deste ano, os estudantes pesquisaram como vive a população e quais as especificidades da vegetação. Além disso, eles aprenderam sobre a linguagem da fotografia e estudaram gêneros textuais sobre a temática. "Nem parecia aula. Pudemos tirar fotos, brincar na lama e tomar banho de rio. Quando cheguei em casa, passei a tarde inteira contando sobre o que vi para minha avó", comenta, entusiasmado, André Ferreira, 16, que também foi um dos monitores escolhidos pela professora para ajudar no passeio e escolher, entre 500, as fotos que serão expostas.

O trabalho fotográfico baseia-se no projeto de antropologia virtual Balinese Character: A Photographic Analysis, que foi desenvolvido em Bali, no vilarejo de Bajoeng Gede, Indonésia, entre junho de 1936 e fevereiro de 1938, pelos antropólogos Margaret Mead e Gregory Bateson. O resultado foi a reunião de 25 mil negativos fotográficos e quase 7 mil metros de película cinematográfica que deram origem ao livro Balinese Character.


http://www.diariodepernambuco.com.br/2009/05/17/urbana12_0.asp

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