Por Adriana Guarda, de Economia /JC
As cervejarias Schincariol e AmBev voltaram a duelar na disputa para patrocinar o Carnaval de Pernambuco. Mais uma vez, a Folia de Momo em Olinda protagonizou os momentos mais tensos dessa guerra. No Carnaval do “quem dá mais”, a líder nacional desembolsou o vultoso valor de R$ 2,5 milhões e desbotou o colorido da festa da rival. Com o leilão, ganhou a Prefeitura de Olinda, que contabiliza quase R$ 1 milhão a mais em relação ao que foi pago pela AmBev no ano passado (R$ 1,6 milhão).
Mas a gigante não saciou sua sede por aí. Venceu, também, a concorrência da festa no Recife e desbancou a Nova Schin do patrocínio do Galo da Madrugada, onde a cervejaria colocava sua marca há quatro anos. Sobrou para a Schincariol marcar presença no Carnaval de Bezerros, em algumas prévias e em 32 blocos que desfilam no Estado.
O diretor de Marketing da Schincariol, Marcel Sacco, diz que prevaceleu o poderio econômico da AmBev. “É claro que gostaríamos de patrocinar o Carnaval, mas a nossa concorrente começou a oferecer valores que já extrapolavam a relação custo-benefício. Fomos até onde conseguimos, mas era preciso respeitar o sentido econômico”, observa.
No caso do Galo da Madrugada, o executivo diz que a mudança no comando do bloco, com a morte do fundador Enéas Freire, alterou os critérios da contratação de patrocínio. “Até por um interesse emocional (porque a AmBev estava fora da festa há muitos anos), a companhia decidiu pagar três vezes mais do que o valor acordado em 2008”, observa Sacco, mantendo a discrição e uma atitude ética de não divulgar o valor.
O novo presidente do Galo da Madrugada, Rômulo Menezes, diz que este ano o bloco adotou uma estratégia mais profissional, apresentando o projeto de patrocínio às duas cervejarias. “Nossa intenção é realizar a festa da melhor maneira possível. Apesar de a Schincariol ter saído, continuamos tendo um bom relacionamento com eles”, destaca.
Ele calcula que serão necessários R$ 2 milhões para colocar o bloco na rua este ano. O valor é 33% superior ao de 2008, que ficou em R$ 1,5 milhão. “Esse valor é sem contar com os investimentos realizados pelos próprios patrocinadores na contratação de trios e camarotes, por exemplo”, diz.
O interesse pelo Carnaval pernambucano se explica por vários fatores: a visibilidade da festa, que estimula qualquer empresa a querer colocar sua marca nessa vitrine, as oportunidades de negócios, num Estado que tem o segundo maior consumo de cerveja do Nordeste (atrás apenas da Bahia) e a possibilidade de expandir as vendas no segundo melhor período de comércio de cerveja do ano.
Ninguém se arrisca a revelar os números, mas quantas latinhas devem ser bebericadas pelos foliões só no Galo da Madrugada, que reúne uma legião de 1,5 milhão de pessoas?
As próprias companhias dão uma dica com o número de embalagens temáticas que colocam no Carnaval. A AmBev terá 2 milhões de latinhas com os temas do Galo da Madrugada, de Olinda e do Recife. A Nova Schin terá um arsenal ainda maior. Serão 3,6 milhões de latas distribuídas no Carnaval em todo o Estado. Sim, porque não é o fato de a AmBev ser a patrocinadora master que a Schin vai deixar de vender.
Tanto que coloca no ar a partir do próximo dia 8 a sua campanha publicitária para a Folia de Momo de 2009. De fora como patrocinadora master nas festas do Grande Recife, a empresa descobriu o Carnaval dos Papangus de Bezerros. E quem sabe, poderia dar uma forcinha na folia de Jaboatão, que tenta captar patrocinadores (ver matéria ao lado).
Já a AmBev, líder de vendas em Pernambuco, vai apostar no Carnaval Redondo da Skol. A marca, que detém participação de 38,8% no Estado, estará no Galo, em Olinda e no Recife. Mas a empresa não esqueceu da Brahma Fresh, que será o rótulo da Casa de Alceu, na Cidade Patrimômio.
A cervejaria também vai patrocinar 112 blocos pernambucanos. Apesar de não divulgar os valores investidos, o gerente de trade de Skol, Guilherme Pañella, diz que os aportes serão 8% maiores que no ano passado.
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