sexta-feira, 17 de julho de 2009

Cirque du Soleil em Olinda

Concordo plenamente com o economista Clóvis Cavalcanti, no seu
artigo publicado inicialmente no Diario de Pernambuco, do dia 12 último, e
reproduzido neste Blog Olinda Urgente. Foi de uma infelicidade sem tamanho o Poder Público patrocinar a agressão que testemunhamos, todos nós, ao Parque Memorial Arcoverde, no Complexo de Salgadinho.

Como se não bastasse a ação contra o meio ambiente que vem, ao longo de muitos anos, sendo impetrada pela Marinha, com a Escola de Aprendizes Marinheiros, pouco a pouco, destruindo o coqueiral plantado há décadas pelo Lions Clube de Olinda, com queimadas do mato que ela mesma deixa crescer para depois botar fogo em tudo e matar os coqueiros que ainda teimam em resistir. Tudo com o objetivo de tirar dali, junto com o coqueiral, o projeto do cata-vento de energia eólica para construir no local um conjunto residencial para seus oficiais e vender a um shopping a atual Vila Naval, segundo comenta-se há igual número de anos em que se toca fogo ali.

Mas, voltando ao Cirque du Só Rico, derrubou-se árvores, destruiu-se

campos de futebol, quadras de tênis, apenas para que uma meia dúzia de granfinos cheirosos, da fina flor da sociedade pernambucana, a elite alienada e egoísta, possa exibir suas fotos digitais nas colunas sociais dos nossos jornais, tiradas depois de chegar ao picadeiro embaixo da lona e deixar seus carrões protegidos pela Polícia, com a qual o cidadão comum nem sempre conta.

E a gente ainda teve que ouvir um representante do Governo dizer que

ali só existia um campinho enlameado. Lembro, Ivan Maurício, que anos atrás, quando se queria construir por ali, participei de um movimento do qual você era um dos organizadores e plantamos, numa manhã ensolarada de um domingo, mudas de árvores nativas para marcar o protesto. Algumas dessas devem ter ido abaixo, agora, para a exibição do circo.

Quanto ao ‘campinho enlameado’ apontado pela tal autoridade, isso só demonstra a ausência dos poderes públicos numa área usada pela população mais pobre, a que mais necessita de ações de governo. Quem passa diariamente por ali já deve ter visto, alguma vez, um cidadão magro, com uma bola de futebol nas mãos, seguido por uns vinte a trinta meninos vestidos de time de futebol, vindos de Santo Amaro. Ele é um morador do Bairro, pobre como aquelas crianças que treinam na sua escolinha e que desenvolve um trabalho que poderia ser apoiado até como uma ação do Pacto Pela Vida. Mas, ele faz tudo sozinho, tirando a criançada do meio da violência e das balas com chutes numa bola, sem o mínimo incentivo oficial.

Ah!... já ia me esquecendo. Que tal, a burguesia que vai ao Circo dar uma esticadinha até a Ponte Preta e ir dali, a pé, margeando o poluidíssimo Rio Beberibe, em direção à Ponte Anita, entre Peixinhos e Sítio Novo, e ver os verdadeiros malabaristas, que sobrevivem heroicamente em condições sub-humanas bem nas barbas dos diversos níveis governamentais?



Ruy Sarinho



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