Ricardo Galvão (*)
No dia 10/07/2009 (sexta-feira), a Rede Globo pôs no ar, uma reportagem/denúncia em que mostrava estudantes da UFRPE fumando maconha, em uma praça do campus da universidade. Numa linha de notícia-espetáculo (sensacionalista), que vai se tornando comum na imprensa mundial e na brasileira em particular – sobretudo na tv – a repórter da Globo montou a matéria para caracterizar com as imagens e falas captadas, uma atmosfera de crime e medo ali existentes, impunimentes. A sordidez da reportagem não deixa ver de imediato as suas reais intenções, mas fica claro que a repórter jogou sujo com a desinformação e o medo da sociedade utilizando-se da ainda forte e arrogante audiência da emissora. Recortar para publicar, frases do depoimento do reitor e imagens e falas de poucos alunos e funcionários , demonstrou, no mínimo, falta de compromisso ético-profissional com a imagem e integridade dos envolvidos, com a instituição UFRPE e, sobretudo, com a sociedade que supostamente simulava informar.
A história demonstra, que se quisermos encontrar saídas honestas para o que consideramos ser nossas mazelas sociais, temos que ser antes igualmente capazes de promover um corajoso, honesto e democrático debate para tanto.
As mesmas pesquisas científicas que demonstram o crescimento do consumo de drogas ilícitas (proibidas) junto com o aumento do tráfico e do crime organizado, também demonstram que os hoje usuários de maconha, crack, cocaína etc, começaram usando drogas lícitas (legais) como bebidas alcoólicas, cigarros, soníferos etc, que são mais responsáveis por mortes, danos físicos/mentais e despesas médico-hospitalares que as drogas proibidas.
Para sermos francos, quantos não são hoje os jornalistas agora moralistas, juízes da suprema corte, senadores, deputados e até presidentes da república do Brasil e do mundo que na juventude usaram maconha e outras substâncias, e muitos ainda são, no mínimo, usuários contumazes de bebidas alcoólicas? O que rola nas madrugadas festivas de boa parte desse pessoal ? Dificilmente será água mineral e oração.
Ilegal, criminoso, desonesto e anti-social é legalizar dinheiro dos tráficos (de armas, de droga, de gente etc.) como fazem os bancos. Ou como fazem a mídia e governos que sobrevivem do dinheiro sujo da indústria do cigarro, de bebidas alcoólicas, de remédios auto-medicados, de jogos de azar etc. Ou como fazem muitos juízes e parlamentares que são pagos para fazer ou defender a lei mais usam os seus mandatos para proteger ou se associar a toda sorte de criminosos, alguns até apresentados pela imprensa como prósperos empresários.
Diante do exposto, vai ficando claro porque a mesma repórter e emissora se desdobraram tanto para expor alguns alunos e funcionários da UFRPE como delinqüentes - ignorando as graves seqüelas decorrentes - fazem tanto esforço para ocultar verdadeiros crimes cometidos contra a sociedade, como o amento de energia elétrica recém-aprovado de forma suspeita pelo Supremo Tribunal de Justiça, ou o jogo sujo que está em curso nos bastidores do senado para privatizar a Petrobras, num momento em que o país descobre uma das maiores reservas petrolífera do mundo.
O pressuposto da democracia é o direito a informação e decisão. E não podemos deixar que este direito ainda tão caro para nós brasileiros, seja subtraído por uma classe dominante que por se achar dona dos maiores meios de comunicação – todos os canais de tv são concessões públicas - se veja no “direito” de mentir, difamar, disseminar pânico e preconceitos em nome da audiência, do lucro e de seus interesses ideológicos.
Como diz o proverbio, conheças a verdade e ela vos libertará: da manipulação, da difamação, da sub-cidadania etc.
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Ricardo Galvão é professor e morador de Olinda
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