sexta-feira, 10 de julho de 2009

Olinda: Moradores de Vila Tamandaré sofrem com sujeira, ratos, esgoto e buracos

A resistência e a superação que algumas pessoas impressiona quando precisam de ajuda e não podem contar com o poder público para melhorar as condições no lugar onde moram. É o que acontece na Vila Tamandaré, uma comunidade que existe há 30 anos perto da Avenida Presidente Kennedy, em Olinda, na Região Metropolitana do Recife.

Os moradores estão cansados de conviverem com o lixo, esgoto, lama e animais soltos pelas ruas. Isso sem falar nos buracos que deixam o bairro intransitável. O passeio do Vida Real é pelas ruas Celina de Lemos, Urbano de Souza Ferreira, José Alves de Araújo e Débora Régis Carvalho. No caminho, lama, esgoto, lixo e outra coisas.

“Há trinta e cinco anos que eu moro aqui e aqui é cheio de rato, nem ratos, gabirus, são enormes. Eu estou doente. Ontem mesmo entrou um na minha casa, quase eu morro de susto”, conta Alda Barbosa da Silva, que mora na comunidade.

Ratos dentro da casa, cavalos na calçada, carro na lama e moradores ilhados. “Para gente poder sair de casa, tem que levar com o sapato na mão e botar lá na avenida”, se queixa a dona de casa Sandra Santana.

Os moradores estão cercados pelo abandono. “A Escola Estevão Pinto está abandonada, invadida, e nenhuma providência foi tomada”, denuncia Elias Odilon dos Santos, que também mora em Vila Tamandaré.

A Escola Professor Estevão Pinto funcionava antes no local que hoje é moradia de 35 famílias sem-teto. Júlia não teve opção de escolher aonde ia morar. Ela nasceu há cinco dias e mora aqui neste barraco. “A gente não tem como sair daqui, o que eu ganho só dá para o comer da gente. É difícil”, conta a tia da menina, a dona de casa Cátia de Lima Alves Pereira.

A casa que Júlia mora fica ao lado de um paredão cheio de caramujos. O pátio da escola funciona como área de serviço e as salas do colégio são os apartamentos dos moradores. A dona de casa Alessandra Cabral ocupou o local onde antes funcionava a secretaria do colégio. “Moro com meus quatro filhos e meu marido aqui na escola”, diz. “Eu morava de aluguel, mas fiquei desempregada e vim para cá. Tem muito caracol, rato, morcego aqui dentro”.

A filha de Alessandra, Rafaela Roberta Cabral da Silva, escreveu o nome da família na sala da casa. “Tem Nega, tem Fernando, tem Loro”, lê a menina de dez anos. “Eu queria que esse pessoal que está aqui no quadro tivesse numa casa. Eu queria ter meu quarto, minha televisão, minha cama”.

A escola está suja, destruída, é moradia de bichos e de gente como a dona de casa Fabiana Maria de Freitas, que é a mãe solteira. “Tenho três filhos, vivo aqui com eles. Quando chove tem muita infiltração, muita água, ninguém dorme aqui no colégio. Na minha cama tem um plástico porque pinga demais”, diz. “Meu filho sofre de cansaço, ele tem pneumonia por causa do mal-cheiro”.

A outra filha também está doente. “Letícia está com febre, resfriada, por causa da chuva. É muito sofrimento para a gente, é muito sofrimento mesmo. Eu estava na rua com meus filhos aí tive que vir pra cá. Vai fazer quatro anos que eu estou aqui com meus três filhos debaixo d'água e de tudo que não presta”, lamenta.

RESPOSTA
A Prefeitura de Olinda não enviou ninguém para responder sobre as ações previstas Para Vila Tamandaré e enviou uma nota oficial. A Prefeitura informa que, devido ao período de chuvas, fica impossibilitada a realização do serviço de terraplanagem nas ruas da Vila Tamandaré, e que a Diretoria de Manutenção Urbana se compromete a trabalhar com a colocação de metralhas nas ruas, para diminuir os transtornos causados à população.

A prefeitura assegura também que a coleta de lixo residencial na área é feita diariamente no turno da noite e o lixo depositado pelos próprios moradores em lugares indevidos é recolhido três vezes por semana.

Em relação à Escola Estadual Estevão Pinto, a Companhia Estadual de Habitação de Obras (Cehab) informou que, na próxima semana, uma equipe técnica vai avaliar as condições do terreno da escola para a construção de uma unidade habitacional e a inclusão dessas famílias em programas habitacionais do Governo Estadual e Federal.

Já a Secretaria Estadual de Educação destaca que desde o ano passado, os alunos da Estevão Pinto foram transferidos para outro prédio comprado pelo Governo do Estado na Vila Tamandaré.


http://pe360graus.globo.com/noticias/cidades/saneamento/2009/07/09/BLG,1082,4,71,NOTICIAS,800-MORADORES-VILA-TAMANDARE-SOFREM-SUJEIRA-RATOS-ESGOTO-BURACOS.aspx

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